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Mark Zuckerberg
Priscilla Chan e Mark Zuckerberg. Foto: Taylor Hill/Getty Images

Pauta do momento sobre vida digital, o Threads já chegou mostrando a que veio desde que foi lançado, na última quarta-feira (5), ao deixar bem claro que seu surgimento representa um “antes e depois” no segmento das redes sociais. Com mais de 100 milhões de usuários ativos e ainda contando novos conquistados em menos de uma semana de operação, o microblog da Meta (da qual Facebook, Instagram, WhatsApp e a fabricante de equipamentos de realidade virtual Oculus igualmente são subsidiárias) tem tudo para ultrapassar muito em breve seu concorrente direto nesse quesito: o Twitter, com seus cerca de 450 milhões de usuários mensais ativos, conforme os últimos dados oficiais que disponibilizou ao público no começo de março.

Certamente trata-se de um advento tecnológico que renderá muitas perdas e ganhos para os envolvidos – tanto instituições quanto indivíduos – nos mais variados aspectos e em todos os lugares imagináveis. Mas no caso desse último grupo mencionado, ninguém se deu tão bem até agora por conta do sucesso do Threads quanto seu idealizador Mark Zuckerberg, o CEO e controlador da Meta, que também tem entre seus acionistas o brasileiro Eduardo Saverin. E isso pode ser explicado em números.

Particularmente a partir do momento em que foi confirmada a intenção da gigante sediada em Menlo Park, na Califórnia, de ter sua própria versão do Twitter, cerca de um ano atrás, o mercado passou a dar-lhe atenção especial e voltou a considerá-la forte o suficiente para aquela outra “briga” ainda maior, com a chinesa ByteDance (dona do TikTok, a rede social mais frequentada por usuários na atualidade), além de “redescobrir” seu potencial no ainda inexplorado e altamente promissor campo da Inteligência Artificial (IA).

Tal mudança de humor, que estava mais negativo do que positivo em razão de uma série de erros estratégicos cometidos pela Meta em anos recentes, refletiu no valor da ação da empresa negociada na bolsa de valores eletrônica NASDAQ, dos Estados Unidos, nesse momento quase 300% mais alto do que aquele que tinha no começo de 2023, e 7% apenas de quarta passada pra cá. E no que diz respeito a Zuck em particular, tal impacto pode ser traduzido pelo salto que a fortuna dele teve no mesmo período: de US$ 64,4 bilhões (R$ 313 bilhões) para os atuais US$ 105 bilhões (R$ 510,3 bilhões), que consistem basicamente em sua fatia de 13% da Meta.

Novamente figurando entre as 10 pessoas mais ricas do mundo (na sétima posição), o centibilionário de 39 anos foi o que mais enriqueceu proporcionalmente dentre todos os outros integrantes do seleto clube nesse período de pouco mais de um semestre. E no Vale do Silício, a região californiana que é tida como a meca das empresas tech americanas, há quem acredite que Zuckeberg pode terminar o ano no primeiro lugar, que por enquanto pertence a Elon Musk, dono da fabricante de carros elétricos Tesla e do próprio Twitter. Tudo crédito do Threads e de seu efeito “divisor de águas” na história da internet.

Uma conta que tem sido feita por lá, aliás, tem como base o último valor de mercado do Twitter quando seus papeis eram negociados no mercado aberto, na casa dos US$ 44 bilhões (R$ 213,8 bilhões; Musk fechou seu capital quando o comprou, em outubro de 2022). Se o Threads superá-lo em número de usuários ativos antes do próximo 31 de dezembro, e usando a mesma supervalorização de quase 300% da ação da Meta para uma conta rápida, o “primo” do Instagram pode eventualmente ter uma “capitalização” estimada de mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,46 trilhão), que somada à de US$ 760,7 bilhões (R$ 3,7 trilhões) da holding na NASDAQ a tornaria uma das pouquíssimas companhias que valem US$ 1 trilhão (R$ 4,86 trilhões) ou mais listadas nos mercados de capitais globais.

Ainda falta, no entanto, mais transparência sobre os planos da Meta para tornar seu mais novo produto monetizável. Assim como aconteceu com o Twitter, é no mínimo plausível que o Threads em algum momento se torne um negócio parcialmente sustentado por anúncios publicitários, algo que pode espantar muitos usuários. E, considerando que em ambos os casos a matéria-prima somos nós e tudo aquilo obtido com nossos dados pessoais que possa ser convertido em big data, e então comercializado por essas plataformas com altas margens de lucro, também há pouca clareza sobre como isso será explorado pelo Threads, justamente algo que é um dos maiores calcanhares de Aquiles da Meta sobretudo depois do estouro do escândalo #FaceLeaks, em 2018. A única certeza, por enquanto, é a de que o futuro do Insta, Face, Twitter e afins está sendo traçado nesse momento, rumo a um desfecho que afetará qualquer pessoa que usa um smartphone para se comunicar e que, por hora, nem a IA pode prever qual será.

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