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Camila Yunes Guarita || Créditos: Glamurama

A novidade que está na ponta da língua das rodas de arte é o Kura, escritório de consultoria de arte em que o principal objetivo é ajudar a formar novos colecionadores. No comando do projeto, Camila Yunes Guarita, neta de Ivani e Jorge Yunes, que estão entre os maiores colecionadores do país.

Apostando na arte como edução, Camila busca clientes que nunca imaginaram que se tornariam colecionadores de arte, apresentando a eles esse fechado e mítico mercado. Por isso criou o curso Colecionismo, em que leva seus clientes para conhecerem coleções particulares, galerias e ateliês. “Entendi que não adianta mais passar as informações por meio de uma tela de computador. É necessário ir além, para que as pessoas entendam os bastidores do mercado e como ele realmente funciona.”

Para quem deseja dar início a uma coleção, ela dá a dica: “Compre o que mexe com você, arte é isso, deve nos transformar de alguma forma. E estude e leia muito. Sou contra a comprar o que ‘o amigo tem’, acho que a arte tem que falar sobre o que você é.” E o cuidado de Camila para que a curadoria não tenha a cara dela implica em uma espécie de mapa artístico. A consulta começa com um questionário, em que pergunta desde informações banais a outras mais focadas no mercado, tudo para descobrir a essência do cliente. “A partir desse formulário a gente desenha uma linha de coleção que tenha a ver com aquela pessoa. Não quero que entrem nas casas dos colecionadores e falem: ‘nossa, isso tem a cara da Camila.’ Quero que tenha a cara do novo colecionador e por meio da arte podemos mostrar nossa personalidade, quem nós somos.”

Curiosamente, seu perfil de clientes é bem variado. “Atendo interessados de 18 a 70 anos. E o curioso é que a quantidade de clientes mais jovens que me procuram tem crescido muito. As pessoas querem aprender, sair do mesmo.” E isso tudo é um reflexo dos tempos, que ela explica: “Arte é algo que pode te propor uma transformação. Ninguém mais tem tempo hoje em dia, então não adianta nada ir a um lugar que não vai te acrescentar, que você não vai sair transformado.” Ultimamente, o Kura também tem sido procurada por quem desejam se desfazer de coleções modernistas para investir em arte contemporânea.

Além do advisor, outro braço da Kura é o desenvolvimento de carreira de novos artistas. “Ajudamos em todos os processos, desde precificação até posicionar seus trabalhos em galerias, apresentando-os para curadores. Ajudamos artistas a serem introduzidos em instituições e galerias, lugares que são difíceis de entrar”. Entre os nomes que tem trabalhado, Camila destaca Rizza, quem acompanha há seis meses. “Ela faz fotografias de performances e produz tudo, não tem manipulação de imagem.”

https://www.instagram.com/p/BjxPWBBjn6f/?hl=pt-br&taken-by=rizza.art

Na semana passada Camila lançou a segunda edição do projeto Caixa de Pandora, que implica em instalações temporárias de arte contemporânea no château de sua família, no Jardim Europa, onde fica o vasto acervo de seus avós. “É um diálogo que faço de artigos contemporâneos com a coleção dos meus avós. Forma de trazer o contemporâneo para essa coleção que já existe.” Desta vez, a curadoria é de Ana Dias Batista e estão dispostas na residência as instalações: “Agrimensor” marcação topográfica do terreno da casa em formato quadriculado, “Trompe-L’oeil” próteses médicas dos olhos da matriarca d. Ivani Yunes confeccionadas sob medida e pintadas à mão por uma ocularista (foto abaixo), e “Pilhagem” (foto abaixo) deslocamento de todos os tapetes das áreas sociais da casa que estão empilhados na sala Old Masters.  (Por Julia Moura)

Instalações de arte da segunda edição do projeto Caixa de Pandora: “Pilhagem”, à esquerda, e “Trompe-L’oeil”, à direita || Créditos: Glamurama

 

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