O último país a ser descoberto é hoje o número 1 em turismo sustentável, desenvolvimento humano e cidadania. Bem-vindo à Nova Zelândia
Por Danae Stephan* para a Revista J.P de agosto
Não se deixe enganar pelo tamanho: a Nova Zelândia concentra, em apenas 268 mil km de extensão, roteiros para muitas viagens. Vulcões, fiordes, cavernas e geleiras estão entre as atrações naturais mais procuradas. Wellington, no extremo sul da Ilha Norte, é considerada uma das capitais mais cool do mundo, com atividades culturais, cafés charmosos e moda descolada. Graças a um excelente terroir para o sauvignon blanc, o país entrou também no mapa dos amantes de vinho – depois do sauvignon, a Nova Zelândia se consolidou como um dos principais produtores de pinot noir, já sendo comparada a Borgonha, na França.
Mas seu principal atrativo não está nas paisagens idílicas ou nos vários programas culturais. São os kiwis – como se autointitulam os neozelandeses – e maoris que dão uma graça toda especial a qualquer destino no paisinho oceânico.
Simpáticos, prestativos e com uma profunda noção de cidadania, são um povo feliz e muito orgulhoso. Motivos não faltam, e eles adoram compartilhar: foi o primeiro país a garantir assistência médica, educação e previdência social a toda a população. Também foi o primeiro país a aprovar o voto feminino e a união homoafetiva. A primeira transexual do mundo a ocupar um cargo no Parlamento? Foi lá. Além disso, o respeito à cultura maori, seu povo original, que representa cerca de 10% da população de 4 milhões de habitantes, pode ser sentido já na chegada ao aeroporto: todas as placas são escritas em inglês e maori, e a comunicação visual remete aos desenhos das tribos.
O respeito pelo outro passa também por sua cadeia produtiva. Esqueça o “made in China”. Os produtos neozelandeses, de cosméticos a mel, são, quase sempre, “proudly produced in New Zealand”. O que torna tudo único e cheio de personalidade.
PARAÍSO HIPSTER
Mesmo nas cidades mais urbanas, como Wellington, no extremo sul da Ilha Norte, o clima de camaradagem impera. Por exemplo, quando a safra da feijoa, frutinha brasileira que os kiwis adoram e plantam em casa – mais conhecida aqui como goiaba-do-mato ou araçá – é muito grande, os moradores colocam o excedente nas calçadas, para que os passantes peguem à vontade, em troca de uma pequena contribuição – a critério do freguês.
No café Havana, famoso na região, os funcionários se esmeram em explicar o que é feito para garantir a qualidade e a sustentabilidade dos produtores de todos os cantos do planeta: preços mais altos do que o mercado e contratos anuais, em vez de pagamentos sazonais, estão entre as estratégias do negócio. “É uma forma de fidelizar os produtores, que são na maior parte pequenas famílias, e de garantir sua sobrevivência nas entressafras”, explica Joe Stoddart, torrador-chefe que nos recebeu para uma degustação de grãos do mundo todo – Papua-Nova Guiné, Java, Quênia… O café é um dos mais tradicionais da cidade e serve a bebida no estilo americano.
Nos mercados e feiras, muitos orgânicos e produtos locais, como o mel de manuka, arbusto endêmico, que tem propriedades curativas poderosas. Na moda, vale a mesma lógica: as grandes redes de fast-fashion são raras por lá, e se destacam os designers locais, como Karen Walker e Kate Sylvester. Na Global Culture, lojinha mais pop com vários endereços no país, muitas opções de camisetas, almofadas e canecas divertidas.
ARTE LIVRE
Na cidade, galerias de arte e museus têm entrada gratuita. O Te Papa Tongarewa é o principal deles, que tem entre suas exibições permanentes um vasto material maori e até uma casa de reuniões sagrada, ou Marae, onde se realizam de casamentos a funerais. Desde abril do ano passado, a exposição Gallipoli: The Scale of Our War tem quebrado recordes de visitação. Ela conta um pouco da batalha de Gallipoli, uma das mais sangrentas da história, mas de um jeito bem peculiar. Além dos materiais fotográficos e interações, seis personagens são representados em forma de bonecos gigantes, hiper-realistas, feitos pelo estúdio Weta Workshop, responsável pelos efeitos especiais da trilogia O Senhor dos Anéis.
Mas a arte local não se confina em espaços próprios: o Museum Art Hotel, em frente ao Te Papa, concentra a maior coleção de arte contemporânea neozelandesa em seus corredores e salões. Em 1993, o hotel precisou mudar de endereço, e foi inteiramente transportado. Não apenas as obras e mobiliário, mas o edifício inteiro!
O hotel abriga também um dos melhores restaurantes da cidade: o Hippopotamus, com uma cozinha fusion e molecular. Lá é servido chá da tarde à inglesa, em louças da marca Royal Albert, fornecedora da família real.
A PEQUENA NOTÁVEL
Do outro lado do estreito de Cook, que separa as ilhas Norte e Sul, a grande estrela é Queenstown, a meca dos esportes radicais. Pequenininha – cerca de 20 mil habitantes, dos quais, afirmam os registros, 3 mil brasileiros –, tem paisagens incríveis e atrações o ano todo. É lá que ficam os principais bungee jumps do país. No verão, o lago Wakatipu ferve com esportes aquáticos; no inverno, esqui e snowboard fazem a cabeça dos turistas.
Como se não bastasse, Queenstown também é ponto de partida para alguns dos roteiros mais charmosos da ilha. Central Otago, por exemplo, um dos principais terroir de pinot noir da região, fica logo ao lado. Entre as inúmeras vinícolas, destaque para a Amisfield, que produz um rosé dos deuses. Reserve o horário do almoço: o restaurante ao ar livre serve comida de primeira qualidade, acompanhada, é claro, dos vinhos da casa.
Na cidade, a pedida é o Rata, sociedade do chef estrelado Josh Emett com o masterchef Fleur Caulton. O menu celebra os ingredientes da produção local, com muitos frutos do mar, peixes e o tradicional cordeiro. De abril a agosto, serve as ostras bluff, consideradas as melhores do mundo. Fresquíssimas, vêm direto do porto de Bluff, no extremo sul da ilha.
Para se hospedar com a família e ter a melhor vista do lago Wakatipu, o ideal são as vilas que tomam toda a encosta e têm opções para todos os estilos. As Commonage Villas, por exemplo, oferecem todo o conforto de um hotel cinco-estrelas. Um concierge fica à disposição para atender os pedidos dos hóspedes, de transfer e babá a massagens no quarto.
Também é de lá que saem os passeios para Milford Sound, o fiorde mais conhecido da Nova Zelândia. Para chegar, há opções de ônibus, carros e, mais prático de todos, helicóptero. O roteiro perfeito inclui ida de carro – cerca de três horas –, passeio de barco pelo fiorde e volta de helicóptero, pousando nas encostas geladas das montanhas. A Over the Top faz o tour aéreo, com uma paradinha estratégica para um golfe nas montanhas – o esporte é outra mania nacional, com mais de 400 campos espalhados pelas duas ilhas.
Com tantas experiências mágicas, até o mais cético dos visitantes começa a acreditar em hobbits e elfos…
A CAMINHO!
A Air New Zealand tem três voos semanais, com escala em Buenos Aires, o que diminui a viagem para cerca de 15 horas. A classe executiva tem assentos de couro 100% reclináveis, e oferece vários mimos, como kit de amenidades da marca Antipodes Skincare, produzidos de forma sustentável e com ingredientes orgânicos certificados.
O cardápio, elaborado pelo chef Peter Gordon, tem itens locais em todas as etapas das refeições, incluindo queijos de pequenos produtores e carnes de caça como o tradicional cordeiro neozelandês. Além dos famosos vinhos, claro. Tim-tim!
* A jornalista viajou a convite do turismo da Nova Zelândia
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