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Dexter, o pavão celebridade e outros pets exóticos || Créditos: Reprodução
Dexter, o pavão celebridade, o guaxinim de Steven Tyler e outros pets exóticos || Créditos: Reprodução

Vão-se os casacos de pele e os carrões: o novo símbolo de status em Nova York é ter um cachorro de 100 uilos ou um animal exótico como lhama, porco ou pavão

Dexter era mais um nova-iorquino como milhões de outros: pavoneava quase que diariamente no Instagram, onde publicava fotos de si mesmo em todas as situações. Dexter no metrô. Dexter na Broadway. Dexter no rooftop de um hotel, em meio a uma festa descolada. Mas, diferentemente de milhões de nova-iorquinos, Dexter pavoneava de verdade nas redes sociais. O dono do perfil de Instagram, seguido por Rihanna e mais dezenas de milhares de pessoas, era um pavão de estimação, que saiu na coluna social do jornal The New York Times, na Vanity Fair e na Vogue americana, antes de ser convidado a fazer propaganda de uma rede de mercados e uma grife.

Dexter não está sozinho na cidade mais rica do mundo: uma onda de pets selvagens assola Nova York. Quem faz compras nas butiques de rua do Soho, por exemplo, está sujeito a cruzar com um porco selvagem de 80 quilos saindo da Chanel local. Caso o turista trombe com o bicho, não precisa correr. É só chamar por seu nome, Ryan Gosling, que ele vem correndo, garante seu dono, o agente literário Bill Friedrich. Antes de Ryan, que ronca enquanto arrasta o corpo malhado em preto e branco, Friedrich tivera três cachorros pug.

“Ele é um animal lindo. Chama a atenção e também é bem afetuoso”, diz o homem, que usa óculos vermelhos e lenços de marcas como Hermès e Etro nos passeios pelo bairro com o bicho, que comprou pela internet. Steven Tyler, o vocalista do Aerosmith, fica em um hotel perto do Soho quando vai à cidade, e pede que a suíte seja adaptada para receber bem seu guaxinim de estimação. Esse mamífero carnívoro é o terror de quem mora em Nova York: há avisos em praças e parques de que os racoons, como são chamados em inglês, podem atacar e transmitir raiva. Mas Tyler não parece ter tido desavenças com o seu, que encontrou filhote nas ruas da cidade.

Isso sem contar os tantos outros que passam batidos de queixas. A ilustradora gráfica e diretora de arte Susybee tem um galo no seu apartamento térreo de três quartos no Upper West Side, a dois quarteirões do Central Park. “Fomos visitar uma amiga que mora numa chácara a uma hora de Nova York e ela nos deu um pintinho de presente, como brincadeira. A gente tinha bebido um pouco no almoço.” A artista acabou pegando apego. “Ele é amoroso. Sei que não parece, mas é como um gato: independente e ao mesmo tempo carinhoso.” O bicudo quase nunca canta, diz sua dona. Mas, pelo sim, pelo não, ela mandou instalar isolamento acústico em todas as paredes do apartamento. “Eu entenderia se um vizinho reclamasse.”


MACACO NO EAST SIDE
Uma busca no site de venda de bicho de estimação Hoobly dá uma noção desse mercado. Há dez iguanas, uma arara, um coiote e quase uma centena de furões à venda na cidade. Um chimpanzé está anunciado por US$ 20 mil (coisa de R$ 80 mil), em uma propaganda sem fotos.

Já o fotógrafo peruano Matias Wieland Oliveira está transformando a população selvagem da cidade em um projeto artístico. Ele criou um perfil no aplicativo de paquera Tinder avisando que estava atrás de animais de estimação selvagens e recebeu centenas de mensagens. Aos poucos, ele visita as casas das criaturas. Até agora, já se deparou com uma coleção com centenas de cobras e um gato selvagem que sofre de diabetes.

Só em 2017, o telefone do órgão equivalente ao Ibama no Brasil recebeu 369 denúncias de animais silvestres em Nova York. O código de saúde da cidade proíbe explicitamente alguns pets, como morcegos, ursos, elefantes e zebras. Furões ainda são tecnicamente proibidos por lei, mas já se multiplicaram e são dezenas de milhares. Mas o campeão de chamadas é um bicho mais prosaico: o galo. Foram 190 queixas por telefone de galináceos cantando só na ilha de Manhattan.

Caso alguém se queixasse do cocorocó, ela primeiro receberia uma advertência por escrito.Se a queixa voltasse a se repetir, teria de pagar uma multa de US$ 2 mil (algo perto de R$ 8 mil). A artista jura de pé junto que um amigo no Upper East Side tem um chimpanzé que anda solto pela sala, e mostra na tela do seu celular imagem em que está sentada em uma poltrona de plástico transparente ao lado do prima¬ta, em um chão de madeira. “Esse meu amigo, dono dele, paga as multas com gosto, toda vez que é denunciado. Ele ama o bicho, e que outro gasto desse valor traria tanta alegria?”

CÃO DE TRÍPLEX
Não é preciso ter um bicho silvestre para ter status. Às vezes, basta eles serem gigantescos. Todo domingo, às sete da manhã, um grupo de dogues alemães se reúne para brincar no grande gramado do Central Park. Na manhã de outono em que a J.P foi até o encontrinho, havia 13 cães, de oito donos diferentes. Um deles era Joseph Muoio II, herdeiro de uma empresa de logística. “É um cachorro que exige tempo”, ele admite. E tempo significa dinheiro na cidade em que a jornada de trabalho média, segundo a controladoria nova-iorquina, é de quase dez horas diárias. “Ele também precisa de bastante espaço para brincar em casa, né? Porque olha o tamanho desse garoto”, diz Muoio II, apontando para o cachorro. Dane ocupa com o dono um apartamento tríplex em Tribeca, um dos bairros mais caros da ilha, onde também mora Taylor Swift. É provável que o imóvel tenha elevadores particulares para cada apartamento, como apontou a publicação New York Magazine em uma matéria que defendia que o dogue alemão era o equivalente a ter 100 roupas da Gucci, compradas direto da passarela.

A moda de ter um pedaço da natureza selvagem no quintal já aportou em terras brasileiras. A lhama Amora é atração das festas que Dinho Diniz promove na sua casa no Jardim América. Durante os bailes de gala da AmfAR, uma fila de curiosos faz selfies com o camelídeo, que inundam as redes sociais. O empresário, da família fundadora do Grupo Pão de Açúcar, não comenta seu pet.

O conto de fadas do pavão celebridade Dexter não teve um final muito feliz. Em agosto, o pavão infartou (houve quem especulasse que a culpada foi a dieta de iogurte grego com blueberry). Sua dona, Ventiko, uma fotógrafa que se veste só com roupas de brechó, está de luto desde então. Mal sai do seu apartamento em Bushwick, no Brooklyn, e diz para amigos que nunca mais quer ter um bicho. Por mais selvagem e exótico que ele seja, dizem os amigos, o amor que ela sentia pelo pavão era tão grande quanto o amor por um cachorro fiel.

Uma busca no site de venda de bicho de estimação Hoobly dá uma noção desse mercado. Há dez iguanas, uma arara, um coiote e quase uma centena de furões.

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