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A jornalista Leda Nagle, 67 anos, e a psicóloga Kika Sato, 65, têm duas coisas em comum: viraram youtubers recentemente e esperam a chegada da neta, filha de Sabrina Sato e Duda Nagle. Será que vai ter duelo de avós?

Por Chico Felitti para a Revista J.P de setembro / Fotos: André Giorgi

LEDA NAGLE

Leda Nagle está prestes a embarcar em duas viagens. A primeira começa horas depois da entrevista: vai explorar o Líbano com um grupo de amigos por duas semanas. A segunda está marcada para o fim do ano, e deve durar uma vida: Leda será avó pela primeira vez quando Sabrina Sato e Duda (seu filho) Nagle forem pais.

Uma das jornalistas mais famosas do Rio, Leda encontra J.P em seu apartamento repleto de plantas em São Conrado, bairro rico que faz divisa com a Rocinha – as janelas de ambos os lados da casa dão para a favela. A conversa é o primeiro compromisso de uma quinta-feira ao meio-dia (“O que você chama de manhã?”, ela pergunta quando o repórter propõe um encontro nas primeiras horas do dia), mas ela já está desperta, falante e fumante.

“Quero criar uma expectativa que seja compatível. Por enquanto, estou pisando em ovos com a emoção.” Avó de primeira viagem, Leda tenta manter a compostura. “Acho que vai ser um sentimento maravilhoso. Todas as amigas que são avós gostam muito”, diz. “Mas tem umas que são malucas. Piram demais.” Nessas, ela não presta atenção. Prefere dedicar seu tempo a avós como Regina Duarte, que publica no seu Instagram vídeos cozinhando com os netos.

A notícia foi recebida com alegria, mas não era exatamente uma novidade. “Eu sabia que a Sabrina tinha tirado o DIU e sabia que ia acontecer, mas não queria ficar pentelhando.” Ela diz que convém à sogra manter uma “distância técnica”. Até porque o relacionamento com a nora é dos melhores. “Nunca uma namorada do Duda foi tão próxima da família, e eu quero essa relação preservada”, diz ela, que promete estar por perto quando a neta nascer: atualmente, passa mais tempo em um apartamento nos Jardins, em São Paulo, do que no Rio. “Mas preciso voltar pelo menos uma vez por mês.”

Leda pega o celular e mostra uma ultrassonografia em 3D da criança. “A Sabrina mandou com uma foto do Duda criança, porque os dois se parecem demais.” A avó já conhece a cara da neta, mas se aflige um pouco por não ter um nome. “Estou louca pra saber o nome, mas não rola o raio do nome. Os nomes que a Sabrina sugeriu, eu quase desmaiei. Mas graças a Deus a família dela e o Duda também quase desmaiaram.”

“ACHEI QUE NÃO IA DAR EM NADA”

Nem parece que até o ano passado as duas não se conheciam. Em uma visita a São Paulo, Duda levou Leda a um restaurante muito bom, e disse que era sugestão de uma amiga.  Ela não se atinou. No dia seguinte, enquanto ela tomava sol, o filho deu outra dica: “Mãe, a amiga que eu ando vendo é a Sabrina”. “Eu achei que não ia dar em nada”, revela, com sua indefectível voz chapiscada pelo cigarro – ela comprou um cigarro eletrônico, que os jovens chamam de “vape”, mas não vai colocar na mala do Líbano porque não se acostumou.

A fama, ela achava, ia dificultar uma vida normal para Duda e a companheira. O filho ligava por Skype para ela toda noite, e Sabrina dava um alô. A apresentação formal foi meses depois do começo do namoro, num restaurante tailandês no Leblon. “O Duda teve o tato de convidar outros amigos, pra não ser aquela coisa frontal.” No dia seguinte, a nora e a sogra já tomaram café da manhã juntas. Conforme foi conhecendo Sabrina melhor, viu que podia, sim, dar certo. “Ela tem um lado glamouroso de estrela de televisão, um secretário, um stylist, um monte de gente em torno dela? Tem. Mas ela come pra caramba. Consegue manter o humano, a cidadã.” Para Leda, acostumada a estar rodeada de pessoas conhecidas, a fama de Sabrina ainda foi capaz de impressionar. “É preciso gostar da fama. Não pode ter dia de mau humor, é impossível dar dois passos sem alguém pedir selfie.”

Prova viva de que sogra não precisa ser inimiga da mulher do filho, Leda vai esmiuçar o clichê em um livro. “Vou escrever sobre sogras. Quero saber das sogras do casal gay, do casal hétero, sogra da chave de cadeia. Por que tem uma imagem tão ruim? É muito bobo isso.” O projeto vem em uma nova fase da vida profissional da jornalista, que trabalhou na Globo nas décadas de 1970 e 1980 e ancorou o Jornal Hoje. Em dezembro de 2016, Leda entrava no 21º ano do seu talk-show Sem Censura, na TV Brasil, quando recebeu um contrato com duração de dois meses, em vez de um ano, como era de praxe. “Eu falei: ‘Vocês estão me demitindo, é só admitir’. Eles disseram que talvez renovassem.”

“Fiquei muito triste, muito brava.” Mas saiu da reunião e, meia hora depois, apresentou um programa ao vivo sabendo que seria um dos seus últimos, sem deixar transparecer. E 20 dias depois estava fora da TV, pela primeira vez em 30 anos. A demissão causou um tsunami de opinião pública. De Fernanda Montenegro a Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, celebridades se manifestaram contra o desligamento de Leda. Ela já reagiu de uma maneira própria. “Fui pra casa de um amigo rico e tomei todas. Todas. Vinho tinto do bom.”

Menos de um mês depois, estreava um canal de YouTube no qual entrevista de Zeca Pagodinho a Valesca Popozuda, ali mesmo na sala em que recebe a gente. “Mais pessoas me assistem no YouTube do que no Sem Censura. E pra mim é uma delícia. É a liberdade. Você sabe que a entrevista muda? O entrevistado fica mais à vontade”, diz ela, completamente à vontade na sala do seu apartamento.

KIKA SATO

“Oi, gente!”, diz a voz de mulher com um sotaque de interior, atrás do maquiador que termina de aprontá-la para as fotos, em um apartamento dúplex em Perdizes. Por um segundo, o ouvido acha que se trata de Sabrina Sato. Mas é Kika Sato, a mãe da apresentadora, que usa esse bordão antes da filha o transformar em marca registrada.

Dona Kika acaba de voltar de viagem. Estava com Sabrina na Flórida, comprando o enxoval. Voltou e ficou com uma infecção no olho, mas ainda assim recebeu a J.P e deu seu riso, solto como a filha, 12 vezes durante uma hora de conversa.

A leveza de Kika não transparece o quanto foi difícil o começo da gravidez de Sabrina, que acompanhou de perto. Em uma viagem com a família, a filha caiu e bateu o cóccix. Foi para o hospital e, sentada em uma cadeira de rodas, disse para o médico que estava menstruada ininterruptamente desde o Carnaval. Descobriu que era uma gravidez, mas o médico receitou que ela não compartilhasse a notícia. O risco era grande. “Era, assim, 70% de chance de ela perder nesse comecinho”, conta Kika.

“Eu fiquei muito preocupada, pensava muito nisso. Passa um monte de coisa na cabeça: e se o bebê tiver uma má-formação?”, diz, com a voz ainda mais baixa do que o de costume. Foi quando Sabrina ficou um mês internada, para ajudar a placenta a colar no seu útero. A mãe se mudou do interior para a capital, para estar ao lado da cria. “Ficava de dia e o Duda ficava à noite, a gente revezava”, conta ela, que mesmo no hospital conseguia fazer humor para levantar o clima. “Durante o tratamento, Sabrina tomou muito hormônio, então ela comia pra caramba”, ri Kika. As enfermeiras do hospital já estavam avisadas: a proteína dela deveria vir em dobro, assim como as da mãe.

PRONTA PARA O CARNAVAL

Passado o período da aflição, Kika agora pode dedicar sua preocupação a questões mais triviais. Como o nome do bebê. “Ela só quer escolher o nome quando vir a cara da criança.” No dia anterior, a futura mãe tinha perguntado: “Será que o bebê vai ser um pouco japonês?”. Ao que Kika respondeu: “Eu acho que não, foi perdendo, foi perdendo e… perdeu”, e cai na gargalhada. O pai de Sabrina, que prefere ficar longe dos holofotes, é de ascendência árabe, como Duda.

Até Sabrina já está mais leve, conta Kika. “Ela me pergunta: ‘Mãe, será que eu vou conseguir me recuperar para o Carnaval?’”, diz a futura avó, gargalhando. A depender da genética da família, os três meses entre a previsão de nascimento e o Carnaval é tempo mais do que suficiente. “Atendi um paciente quando ainda deveria estar de repouso, uma semana depois de ter filho”, conta a futura avó de mais um neto – esse será o terceiro. Kika, aliás, já é escolada no papel de mãe ao quadrado. “Virar avó é muito bom. Você não tem aquela responsabilidade de mãe, mas fica ali torcendo e curtindo igual.”

Até porque tempo livre não era um recurso abundante na vida de Kika quando ela criava os três filhos. Era a única psicóloga infantil de Penápolis, cidade de 58 mil habitantes no interior de São Paulo. Além dos pacientes do consultório, ainda deu expediente na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e fazia exame psicotécnico para carteira de motorista. Quando sua mãe morreu, em 1988, ainda herdou e tocou por anos uma butique multimarcas. “A gente trabalhava muito.”

Deixou de clinicar em 2017 e hoje tem um canal no YouTube para chamar de seu. A empreitada nasceu quando Karina, irmã mais velha de Sabrina e empresária de uma dúzia de artistas, foi dar uma palestra em uma multinacional. Convidou a mãe para falar sobre como educar um filho. “Fui com a cara e a coragem.” A plateia gostou tanto que aconselhou que ela criasse um blog.

No começo, a página versava sobre psicologia infantil. Mas, pouco a pouco, dona Kika começou a fazer vídeos em vez de textos e a abordar temas mais leves. Hoje, faz receitas e entrevistas cheias de risadas. “Gosto mais, é mais fácil ser leve, né?”, ela pergunta sabendo a resposta. E solta uma gargalhada.

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