Ela atua e escreve sobre o amor, sobre ser mulher e mãe. Ela faz humor, mas também sabe falar muito sério… Não existe uma só artista como Mônica Martelli
Por Thayana Nunes / Fotos: Fabio Bartelt (monster photo) / Edição de moda: Flavia Pommianosky e Davi Ramos / Beleza: Daniel Hernandez (m.lages)
Uma loucura os últimos três meses de Mônica Martelli. Ela não parou um só segundo: eram seis dias de gravações para a nova temporada da série Os Homens São de Marte e É Pra Lá Que Eu Vou, do GNT, e um dia de “meia folga”, quando podia aproveitar para ficar com a filha Julia, de 10 anos, e ainda gravar o Saia Justa. Sentada no camarim, para o nosso ensaio, com uma máscara facial no rosto, minutos antes de começar a produção das fotos, logo declara: “Se estou cansada? Estou cansada há dez anos, meu amor!”. Pronto, nessa hora a gente percebeu como seria o nosso encontro. Mônica é uma delícia de pessoa: divertida daquele mesmo jeito que a gente vê na televisão, no teatro, no cinema. Olha no olho quando conversa, tem um papo digno de seu lugar no Saia Justa – atração que divide o sofá já há seis anos – e em pouco tempo a gente se sente melhor amiga. Quer pedir conselho, dar um abraço e falar de tudo. E foi assim, quase como uma sessão de terapia – ela ama o divã, faz há 25 anos “sem previsão de alta” –, que conversamos sobre feminismo, amor, falta de tempo, casamento, filhos, racismo, trabalho… “A vida da mulher contemporânea é estafante. A gente tem liberdade de escolha, é maravilhosa e não queremos voltar atrás. Mas que é cansativa, é”, diz ela, que se descreve como uma “mulher de 50 anos com uma filha pequena que leva uma vida de mochileira”. É que Mônica se vira nos 30: carrega um nécessaire na bolsa, sai do estúdio, corre para colocar a Julia na cama e depois “corre para dormir com o namorado”.
Ah! Mônica está apaixonada. A gente até perde as contas de quantas vezes repete a palavra “paixão” na entrevista: ela está namorando desde o começo do ano com o empresário milionário Fernando Altério, dono da Time For Fun, produtora de eventos como Lollapalooza e Stock Car. Eles já se conheciam e Altério ficou atrás dela durante um tempo até que conseguiu conquistá-la. Rapidinho vem a pergunta: se casaria de novo? “A gente nunca diz não, né? Não sou radical, mas nesse momento que estou apaixonada quero viver a paixão. Estou apaixonada com 50 anos! Caraca, quero proteger isso”, afirma, e conta que tem mil histórias de homens que tinham medo dela de tanto que leva à risca a expressão “a arte imita a vida”.
Tudo o que Mônica faz, desde quando começou com a peça Os Homens São de Marte e É Pra Lá Que Eu Vou, em 2005, é inspirado nas suas vivências, angústias e questionamentos. E esse é seu segredo. Deu tão certo que, neste mês, o mesmo em que faz aniversário, volta aos palcos com a continuação das crises da personagem Fernanda com a nova peça Minha Vida em Marte, título que ganhou filme no fim de 2018 – uma das maiores bilheterias do cinema nacional nos últimos anos. E pensar que essa atriz, escritora, roteirista e comediante começou em 1995 no extinto programa Chico Total, da Globo, como uma mulher caricata: a gostosona. Tinha de levantar os peitos e ficava grudada numa pilastra dando um fora num cara que chegava. “Gente, eu pensava: ‘Não é possível que eu vim para esse mundo para fazer isso aqui!’”, gargalha. “Fiquei muito tempo perdida até inventar uma carreira para mim. A verdade é que a gente tem que desejar uma vida interessante. Aí sim, teremos grandes chances de ser felizes.”
- Neste artigo:
- maio 2019,
- Mônica Martelli,
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