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Por Roberta Sendacz

A morte da atriz holandesa Sylvia Kristel pontua a relação entre amor e sexo e (não) sentimento e sexo, no cinema. Atriz insubstituível da série de filmes “Emmanuelle”, Sylvia desponta nos anos 70, como quem está preparada para a vida- aventureira. Como uma personagem do lendário romance “Histoire d´O”, vive sem medo da vida e de seus perigos. Como é desprendida. Passa do marido para o amante, do amante para a filha da vizinha e, parece, finalmente, se apaixonar por uma fotógrafa, com a maior facilidade. Mas os romances não param por aí. A história do primeiro filme marca uma série de relacionamentos instáveis e sensuais, mas desconstruídos do ponto de vista emocional. Não tem relação que não passe apenas de um exercício para o baixo ventre, a região do sexo.

É um pouco diferente do sexo nos filmes do diretor espanhol, Bigas Luna, em que algum sentimento move a ação de uma personagem em direção à outra. Ou é interesse por dinheiro, ou amor, enfim, há um direcionamento do sentimento diluído no sexo. O sexo aparece misturado com outra coisa que não só o prazer pelo prazer. “Huevos de Oro” (1993) nos mostra bem essa contaminação de um no outro. E, nas condições normais, ela parece ser mais próxima da vida natural que romper com um dos lados (o amor e o sexo) radicalmente.

Com toda essa tendência para escorregadas, inclusive incentivada pelo marido, a personagem Emmanuelle está longe de se avizinhar da prostituta. Mesmo das de luxo de hoje: ela tem cara saudável, é magrinha, cabelo dos anos 1970, jeito de menina, bem vestida, menina de família. Está para nascer outra fogo de palha igual a essa.

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