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UMA VIDA
O artista Dash Snow faleceu na semana passada, de overdose, aos 27 anos. Era carismático, tinha enorme talento e conquistava a todos que o conheceram. O mundo não tinha limites para Dash, o iconoclasta, que trabalhava com aquilo que tinha à mão, desde tubos de pintura até o próprio sêmen e vômito. Foi um dos artistas participantes da última Bienal do Whitney e sua obra figura em diversas coleções públicas. Fez parte do grupo Irak Crew e, sob o pseudônimo Sacer, deixou marcas em toda a cidade com grafitis assinados com as iniciais R.I.P. Há poucos dias, um mural colorido, enorme, surgiu na esquina da Houston com a Bowery, no mesmo local em que Keith Haring havia executado o painel dele, em 1982. O mural é dedicado a Dash Snow/Sacer/R.I.P., uma linda e comovente homenagem assinada pelos brasileiros Gustavo e Otavio Pandolfo, da dupla osGêmeos, que representam, no seu vocabulário característico, cenas do dia a dia misturadas com fantasias e momentos mágicos “de um mundo que vive dentro de nós, um sonho real”, segundo os artistas. Muito apropriado.
Mural criado pela dupla osGêmeos em homenagem ao artista Dash Snow

REVOLUÇÃO
Entre 1967 e 1980, o ativista negro Emory Douglas fez parte do grupo político Black Panther como ministro cultural e artista revolucionário. Com cinco mil membros, o partido visava efetuar transformações sociais através do engajamento político na comunidade afro-americana. Douglas desenhou os pôsteres e as publicações do Black Panther, sendo que o jornal do grupo atingiu uma circulação de 400 mil: o design vivo, incendiário, representava mulheres e homens de cabeça erguida, em atitudes de desafio aos abusos do poder e ao racismo predominante. A arte de Douglas, esteticamente poderosa e facilmente identificável, é sinônimo mesmo da Guerra dos Direitos Civis na América. Faz parte da história e está no New Museum para ser compreendida.

Trabalho de Emory Douglas: protesto

HISTÓRIA
David Goldblatt é um dos maiores fotógrafos da nossa época. Um nome desconhecido do grande público e muitas vezes de seus colegas de profissão. Atuando com uma testemunha da história, desde os anos 1960, Goldblatt – o observador – metódica e criticamente, registrou em imagem após imagem os efeitos do apartheid na África do Sul, país com cultura e paisagem atormentada pelo racismo. São fotografias que não dizem muito, mas dizem tudo: não é o “momento decisivo” que atrai o olhar, mas a rotina e os momentos particulares. Goldblatt é seduzido seja pela composição e formalidade estética (as linhas de uma ponte), seja pelo emocional (simples retratos), ou racional (um lavatório da comunidade negra). Aqui não há nada de espectacular, mas tudo conta. A obra, que cobre os 50 anos de carreira do fotógrafo, é uma revelação.

The Photography of David Goldblatt
New Museum

Fotos de David Goldblatt durante o apartheid na África do Sul: luta por direitos iguais

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