Por Denise Meira do Amaral
Aos 51 anos, Zeca Camargo já pode se considerar um homem vivido. Com passagens pela “Folha de S. Paulo”, Gazeta, MTV , TV Cultura e revista “Capricho”, até finalmente se fixar na Globo, o mineiro, nascido em Uberaba, já entrevistou grandes momes como Paul McCartney, Mick Jagger, Madonna e Lady Gaga, e é considerado um dos jornalistas de maior renome e carisma da TV nacional. Em conversa com Glamurama, Zeca contou como foi deixar o “Fantástico”, após 18 anos, e comandar o novo “Vídeo Show” no lugar de André Marques. Zeca revelou ainda que “sente falta dos amigos do ex-programa e de ter uma ocupação aos domingos”. Sobre as mudanças constantes da atracão vespertina do canal, ele é otimista: “Gostamos dessa dinâmica de metamorfose ambulante”. Confira a entrevista!
Após 18 anos, o que levou do “Fantástico” para a vida?
A seriedade com que todos os profissionais dali encaram cada informação que vai ao ar. Um programa com uma pauta tão variada como o “Fantástico” nos ensina que, não importa seu assunto – pode ser uma reportagem de denúncia ou uma simples enquete de comportamento -, tudo deve ser elaborado e pensado em função do respeito que se tem com o telespectador. Essa foi a grande lição, que levo hoje com prazer para um programa de variedades.
Do que você mais sente falta do “Fantástico”?
Dos amigos. Depois de 18 anos, os laços são fortes, mas a frequência de nossos encontros inevitavelmente diminui. Até por uma questão geográfica: hoje trabalho no Projac e o “Fantástico” é gravado no Jardim Botânico. Ainda, por incrível que pareça, sinto um pouco de falta de ter uma ocupação no domingo – mas não deixa ninguém do “Vídeo Show” descobrir isso…
Como avalia a nova fase do programa?
Como um programa que sempre experimentou, e fez disso não só o seu DNA como uma marca que o público reconhece. Só posso aplaudir a iniciativa de, mais uma vez, o “Fantástico” trazer novidades para as noites de domingo. Hoje tenho o privilégio de poder ser espectador do programa, assistindo do conforto da minha casa, me informando e me preparando para a semana que chega. Mudou o ponto de vista, da frente das câmeras para a frente da telinha, mas não a importância que o programa tem para mim como cidadão.
E qual foi o maior desafio ao ser escolhido para apresentar o “Vídeo Show”?
Descobrir uma nova postura como apresentador. O equilíbrio entre a credibilidade herdada do jornalismo e a espontaneidade que um programa de variedades pede foi conquistado aos poucos, e já com o programa no ar – o que é natural para um programa diário. Seis meses depois, acredito que já estamos mais perto desse ideal de apresentação.
Como avalia as recentes mudanças do programa?
Estamos, na verdade, cumprindo a promessa feita desde o lançamento dessa nova fase do “Vídeo Show”. Quando demos as primeiras entrevistas sobre o projeto, o próprio diretor de núcleo, Ricardo Waddington, reforçou a ideia de que estaríamos sempre propondo novos quadros, formatos, maneiras de apresentar. Logo nas primeiras chamadas que gravei, já anunciávamos: “Você gosta de surpresas, então vai adorar o ‘Vídeo Show'”. Gostamos dessa dinâmica de “metamorfose ambulante” e queremos mais.
Acredita que o vespertino tem vida longa na Globo?
O “Vídeo Show” é basicamente um programa sobre bastidores das produções da Globo e sobre a memória afetiva que o grande público tem desse material. Enquanto houver talento para criar atrações e programas fascinantes – e, pelo visto, esse potencial é inesgotável na TV -, sempre existirá a curiosidade de ver o que está por trás desse universo mágico.
Qual foi a entrevista mais marcante de sua carreira?
Sem dúvida, a com Paul McCartney, no final de outubro de 2010. O fato de eu ter tido a chance de ficar frente a frente com um Beatle – e esse Beatle ser o Paul McCartney – já deixaria qualquer um nervoso. Mas como alguém que sempre gostou de música pop, também me sentia confortável para conversar com ele. O que me deixou nervoso mesmo foi a expectativa dos fãs com relação à entrevista. Eu estaria ali, representando milhões de fãs brasileiros que gostariam de viver essa experiência. Não poderia “falhar”. Felizmente, pela elegância e profissionalismo de Sir Paul, tudo transcorreu sem problemas – e a matéria, exibida no “Fantástico”, foi muito bem recebida.
Você assiste TV? O que gosta de ver?
Assisto literalmente de tudo – e me divirto com tudo. Especialmente hoje em dia, em que a gente não precisa mais ficar tão dependente dos horários de exibição para acompanhar tudo que se tem vontade. Por exemplo, “Tá no ar” – que é um dos meus programas favoritos atualmente – eu só assisti na TV mesmo na estreia e mais uma vez. Todas as outras edições – e eu não perdi nenhuma! -, acompanhei pelo gshow.com. Como boa parte do Brasil, fiquei “hipnotizado” pela microssérie “Amores roubados”, mas, por uma questão de trabalho, perdi três episódios intermediários, que depois consegui ver pela TV a cabo. E mesmo as novelas, que são o “coração” do “Vídeo Show”, eu acabo assistindo “de uma só vez” os capítulos que gravei durante a semana. Não muito diferente, aliás, de como eu assisto a séries americanas – especialmente “Mad Men” e “House of Cards”, minhas manias recentes.
Se você pudesse escolher ser alguém por um dia, quem seria?
Essa é uma fantasia que está constantemente sendo revista, mas no momento gostaria de ser Jimmy Fallon – atual apresentador do “Tonight Show”, da TV americana NBC. Queria entender de onde ele tira sua energia criativa.
Como é a sua rotina? O que gosta de fazer no dia a dia?
Nada me dá mais prazer do que ter ideias. E a melhor maneira de trabalhar isso é observar tudo a minha volta. Devoro tudo que é cultura pop – a começar pela TV, mas também livros, revistas, sites, música, cinema, shows. E disso faço minha matéria-prima. Agora, se você vai me perguntar como eu acho tempo para isso, aí realmente eu não saberia te responder.
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