Zé de Abreu: mediunidade, dormir de conchinha, rixa com Sheherazade, amizade com Lula: “Às vezes ele liga”

José de Abreu || Créditos: Divulgação

José de Abreu anda apaixonado pelo bairro Santo Antônio, em Salvador, que serve de cenário para “Segundo Sol”. “Lá os bares todos têm uma sacadinha no fundo com vista para o mar, tem muita pousada e uns casarões que foram transformados em pequenos apartamentos com aluguel barato, que recebem muita gente que se separou, tem uma galera liberal, nego fumando maconha na rua… É um bairro ‘up to date’. E Salvador é petista… Tanto que [na opinião do ator] o governador deles está eleito já, o tampinha do ACM Neto afinou, desistiu. Muita gente, durante as gravações, vem conversar sobre política comigo”.

De Lula a Sheherazade

E você adora, né, Zé? “Faço politica desde 18 anos, não me incomoda… O Paulo Betti, o Wilker, Fagundes, Marieta… Todos os artistas eram de esquerda, teatro era uma coisa de esquerda. Nunca tive uma posição muito partidária. Nunca fui ‘petiiiiiista’. O Paulo foi. Sou um esquerdista mais aberto, nunca fui comunista, e sim socialista cristão. E nunca tinha sido atacado na rua. Na minha vida inteira foi só aquele cara do restaurante em São Paulo [episódio envolveu até cuspes], uma senhora na praia aqui no Rio – brinquei com o cachorrinho dela e ela disse que eu não podia porque eu sou um FDP – e um cara que passou de Audi e berrou: “ô, comunista que mora em Paris!”

E a amizade com o Lula? “Não tenho tanta intimidade com ele, às vezes ele liga pra conversar. Quando teve um jantar pra ele na casa do Fabio Assunção, fui… Tinha mais intimidade com o Zé Dirceu porque a gente foi colega de classe…”

Sobre Rachel Sheherazade, do SBT, não ter “tirado o chapéu” pra ele em um programa de TV… “Mas é um prazer não ter o chapéu tirado por uma mulher daquela. O passado dela… E ainda erra no português…”

“Fiquei um ano desenvolvendo mediunidade”

Zé se considera um cara de muita sorte. “É sorte, proteção divina… Sempre fui meio místico… Por isso quando essa galera me chama de comunista, ateu… Fui seminarista, tocador de sino de igreja. Até hoje respondo a missa em latim. Me lembro! Mas aí me afastei um pouco da religião católica, mergulhei de cabeça nas orientais, no budismo, hinduísmo… Estudei pra caramba, quando morei em Londres. E lá tinha macrobiótica, yoga, meditação… O George Harrison tinha trazido o Ravi Shankar pra lá… Foi uma revolução voltada para o espírito. Depois, quando voltei para Pelotas, fui para um centro espírita e fiquei um ano desenvolvendo mediunidade, estudando kardecismo. Sempre fiz mapa astral… Hoje pego um pouquinho de cada religião”.

Sem “pressão pra ser superavô”, dormindo “de conchinha”

E no papel de avô: Zé é exemplar? “Hum, ninguém me pediu autorização pra ser avô… A Nara, minha ex-mulher, depois que a gente se separou, casou com um cara com quem está até hoje. Estão juntos há mais tempo do que nós ficamos e ele nunca teve filho, então é o avô substituto perfeito. É um avôzaço. Aí não me sinto pressionado pra ser um superavô. Mas eu vou em aniversários e, de vez em quando, em apresentação de dança. Meus netos têm 9, 10, 11 e 12 anos… Ninguém vê TV. Não gostam, não têm interesse e as mães não deixam ver novela… Meu filho mais novo tem 18 anos e morava comigo. Acabou de ir para os Estados Unidos fazer faculdade de game e animação, na Califórnia. Estimulei desde o começo, mas estou apavorado. Por causa da novela, não pude ir com ele, instala-lo. Aluguei um quarto pra ele no Airbnb na casa de um casal…”

O ator não vai ficar sozinho. Está no seu oitavo casamento, agora – há poucos meses – com uma baiana que conheceu em Portugal. “Quando acabei ‘O Rebu’, fiquei um ano e pouco em Paris sem namorada pra ver que posso sobreviver sozinho, mas prefiro dormir de conchinha”. (por Michelle Licory)

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