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No topo do ranking das plataformas musicais, o cantor sertanejo Wesley Safadão mobilizou o público com suas lives solidárias, aguarda o retorno aos palcos e… está no ENSAIO da Revista PODER

por Denise Meira do Amaral fotos Pedro Dimitrow styling Cuca Ellias

Cearense nascido em Fortaleza e criado na fazenda da família, em Aracoiaba, Wesley Safadão passava as férias de infância correndo atrás de galinha, tomando banho de rio e brincando de ‘bila’, a versão regional de bolinha de gude. “O único perigo na época era de arrancar o dedo na pista chutando o chão”, brinca o cantor de 32 anos antes do início da sessão de fotos, seu terceiro compromisso de uma quarta-feira de fevereiro. Ele conta que começou a trabalhar ainda menino na sucata de lixo reciclável de sua mãe, e tinha a tarefa de molhar pilhas de papelão com uma mangueira. Quando não estava c0m ela, ajudava na arrumação da casa onde morava com os pais e os três irmãos.

Foi aos 12 anos que começou a cantar, ao lado dos irmãos e de primos, na banda de forró Garota Safada, criada por sua mãe, Maria Valmira Silva, a dona Bill, que chegou a ser vice-prefeita de Aracoiaba. Na época, a família não tinha nem carro. “Precisava pedir pros tios levarem a gente, metade em um carro e metade no outro”, lembra rindo, e se dando conta, hoje, da trajetória que construiu desde que estourou em 2015 com o hit “Camarote”.

Pai de três filhos, Yhudy, 10 anos, Ysis, 6, e Dom, 2, o mais velho fruto do casamento com a influenciadora Mileide Mihaile, e os mais novos da atual mulher, Thyane Dantas, também influencer –, Wesley procura oferecer formação igual a que recebeu. “Mesmo tendo condições melhores, me policio porque não quero que eles achem que a vida é fácil. O mais velho já acorda e arruma a cama”, conta.

Após as duas semanas iniciais da quarentena, no ano passado, o músico partiu para um período na fazenda da família, onde as crianças aprenderam a tirar leite de vaca e conviveram com porcos e cavalos. “Foi o maior ganho que tive. Estou com saudades dos palcos, mas fico triste em ter de ficar longe deles”, entrega.

Percebendo que a pandemia duraria mais do que o previsto, após dois meses na fazenda, Wesley retomou o trabalho e começou a fazer lives – uma delas foi histórica e teve duração de dez horas, chegando a 1,8 milhão de visualizações simultâneas e arrecadando mais de 350 toneladas de alimentos. Em janeiro passado, em campanha capitaneada pelo comediante Whindersson Nunes, Wesley doou 20 cilindros de oxigênio para Manaus no segundo pico da crise de Covid-19. Depois de presenciar o terror ao assistir o vídeo de um amigo em um hospital da cidade, ele arrecadou mais de 1.300 cilindros em uma live solidária. “Na última ação que fizemos, entrei na casa de uma senhora que não tinha nem cama. E eu às vezes reclamo que não durmo bem se não tenho quatro travesseiros. Rapaz, é muita besteira da gente, uma vaidade besta. Isso me tocou muito”, conta.

Wesley, que já teve Covid e ficou assintomático, não vê a hora de receber a vacina. “Já tomei tanta coisa ruim, não vou tomar vacina? Eu tomo é logo nos dois braços”, conta erguendo os ombros. “Não vou tomar só para me proteger, mas para cuidar do próximo.” Evangélico, ele diz orar para que a pandemia acabe logo, com o mínimo de perdas possíveis. “Já sofremos muito com isso”, diz.

Questionado sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro, ele desconversa. “Rapaz, entendo pouco de política. Tem hora que eu acho bacana, mas tem hora que não. Tem muita coisa errada. Se você me perguntar: ‘Você votaria nele?’. Respondo: ‘Depende de quem vier com ele [adversário]’. Às vezes, a gente fala: ‘Ah, acho aquele cara legal’, mas no outro dia ele faz merda. O sistema é corrupto. Por isso é delicado falar.”

Com mais de 32 milhões de seguidores no Instagram e no topo do ranking das músicas mais tocadas em janeiro deste ano pelo Spotify com “Ele É Ele, Eu Sou Eu”, Wesley sonha agora em consolidar sua carreira como empreendedor. O cantor é dono de marcas de festas consagradas com ingressos que vendem como água, a exemplo da WS On Board, que acontece dentro de um cruzeiro, da Garota White, com todo mundo de branco, e da Garota Vip, que segue até depois do sol nascer, com forró, sertanejo e axé. Só a edição de 2019 desta última, no Rio de Janeiro, contou com mais de 80 mil pagantes. “Somos o maior festival no Brasil depois do Rock in Rio e do Lollapalooza”, diz Wesley, espalhando música nordestina mundo afora. Vai, Sadafão.

 

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