Por Michelle Licory
Em uma performance irretocável, Wagner Moura é Donato, um salva-vidas nordestino que larga tudo para viver um romance com outro homem na Alemanha em “Praia do Futuro”, filme de Karim Aïnouz com estreia prevista para o próximo dia 15. Sem dramas: tudo é retratado como parte do cotidiano, simplesmente a relação vai fluindo, inclusive as cenas de sexo. Sim, tem nu frontal, glamurette… Momentos antes da première do longa, nessa segunda-feira no Cinema Leblon, no Rio, Glamurama conversou com o ator.
Donato X Capitão Nascimento
“Não sei se ele [Donato] é tão diferente assim do Capitão Nascimento [de ‘Tropa de Elite’]. Gay não pode ser viril? Tenho dificuldade em aceitar isso. Meu personagem é um salva-vidas fodão, salva gente! Também não sei se é o mais difícil da minha carreira. Acho que não tem isso porque tudo é difícil. É um filme muito complexo, bonito e silencioso. Os personagens se expressam mais por ações”.
Além do arco-íris
“Não tem isso de filme gay. Pra mim, é uma história sobre abandono e identidade. O relacionamento dos dois não é uma questão no longa. Um se apaixona pelo outro e pronto. Se fosse com uma mulher, ninguém ia falar: ‘esse é um filme hétero’. Mas acho importante que os gays se sintam representados. Falar de relações homossexuais com naturalidade é bom. Claro que ainda existe preconceito. Mas essa não é a tônica do longa. Eu, com meus filhos, explico com naturalidade: ‘esse aí é o namorado do tio’ e pronto”.
Na pele
“Se eu já sofri preconceito? Talvez…. Por ser nordestino, que antes só fazia papel de pobre retirante, ou o tipo engraçado, como em ‘O Auto da Compadecida'”.
Preparação e laboratório
“Gosto de fazer minhas cenas que precisariam de dublê. Sabe aquela coisa? Você não pode dar um cavalo de pau na vida real. Na ficção, pode. É a hora pra realizar esse tipo de coisa. Eu não sabia nadar tão bem… Passei muito tempo com os guarda-vidas da praia do Futuro. Foi um treinamento duro. Fiquei bom de salvamento. É uma praia perigosa, com muitos bancos de areia e buracos entre eles. A pessoa se afoga mesmo. E também fiz aula de natação aqui no Rio”.
Futuro depois da praia
“Novidades? Vou gravar a série sobre o Pablo Escobar com o José Padilha na Colômbia. Estou aprendendo espanhol para o personagem. Por ser parecido com o português, fica mais difícil pra mim… E estreia este ano o ‘Trash’, que fiz com o diretor Stephen Daldry . Meu filme, sobre o Marighella, eu vou rodar em 2016″.
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