O Carnaval 2017 de rua de São Paulo foi histórico: 450 blocos foram às ruas, ante 306 do ano anterior. Com o marco, a cidade superou, em número de blocos, cidades com grande tradição de Carnaval de rua, como Recife, Rio e Salvador. Com a explosão do formato, o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) anunciou na última semana que estuda concentrar todos os desfiles dos blocos de rua da cidade na Avenida 23 de Maio, em um circuito que começaria na região do Parque do Ibirapuera, na zona sul da cidade, e terminaria no Vale do Anhangabaú, no Centro.
A proposta divide opiniões entre os líderes dos principais blocos da cidade. Para Alexandre Youssef, diretor-executivo do Baixo Augusta e já se candidatou como deputado federal, o maior bloco de São Paulo, “a prefeitura tem todo o direito de criar novos circuitos para atrair mais blocos para a cidade, mas o Baixo Augusto não vai sair de seu trajeto que sai da Avenida Paulista, desce a Consolação e termina na Roosevelt”. E o argumento de Youssef é forte: “Eu entendo que valorizar as comunidades e as tradições é a melhor forma de garantir a liberdade do Carnaval pela qual a gente sempre lutou. E é por causa deste modelo de Carnaval que São Paulo se tornou o que tornou.”
Para Fernanda Suplicy, líder do bloco Gueri-Gueri, criado por seu pai Roberto Suplicy há mais de 30 anos, a ação pode ser positiva, mas… “Acho incrível a Prefeitura estar preocupada em melhorar o Carnaval de rua de São Paulo, antecipando o seu planejamento, mas gostaria muito de poder sentar com o Doria e sua equipe para trazer a nossa opinião e experiência. Afinal, o Gueri-Gueri tem 31 anos de história e tradição e não temos dúvidas que podemos contribuir.”
Andreia Pitél, sócia do bloco Me Fode que Eu Sou Produção, está fora do país mas adiantou ao Glamurama: “A princípio nada a ver sair da configuração de Carnaval de rua com a ocupação do espaço público. Não concordo, mas estou fora do país. Preciso saber mais”, disse.
Raphaela Barcalla, fundadora do bloco Tarado Ni Você, e Rodrigo Bento, do Pilantragi, preferiram não opinar antes do seminário marcado para esta quinta-feira organizado pela Prefeitura para discutir o caso. Por seu esboço inicial, pequenos blocos continuariam desfilando em seus roteiros originais nos bairros.
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