Vladimir Brichta esteve na 38ª Mostra Internacional de São Paulo, nessa quinta-feira, para a primeira sessão de “Muitos Homens Num Só”, filme de Mini Kerti, baseado no livro “Memórias de um Rato de Hotel”, de João do Rio. No longa de época, Brichta é um célebre ladrão de quartos de hotel, que se apaixona por uma dama da sociedade vivida por Alice Braga. É claro que Glamurama aproveitou para um bate-papo com o ator sobre cinema, comédia e televisão.
Glamurama: Como foi o convite para protagonizar “Muitos Homens Num Só”?
Vladimir Brichta: Quando Mini Kerti (diretora) me convidou é óbvio que fiquei muito feliz, era uma oportunidade de fazer um personagem que foge do que venho fazendo geralmente, o que grande o público acompanha, que é a comédia. Além disso, tive a oportunidade de trabalhar com a Alice Braga, que até então não era minha amiga, e também pude fazer um filme de época. Para o ator o desafio é contar a história de um indivíduo que tem outro código social, um linguajar diferente. A nossa referência do antigo é a da linguagem escrita e não falada. Eu pensava: ‘Será que eu quero agradar o historiador?’, minha irma é historiadora e eu brincava com isso, mas não queria agradar a minha irmã, queria agradar o público. Queria que tivesse comunicação com o público de hoje, o mesmo que vai ao cinema e hoje se comunica pela internet com uma velocidade brutal. Sou um ser do meu tempo, contando para alguém do mesmo tempo que eu uma aventura deliciosa, que alguém viveu em outra época.
Glamurama: Foi bom dar um tempo da comédia?
Vladimir Brichta: Sim, foi bom. Estive há dois anos aqui na mostra com “A Coleção Invisível”, último filme do Walmor Chagas, e também era um drama. Fiz recentemente um filme do Jorge Furtado, também um drama. Quer dizer, o cinema tem me dado a oportunidade de fugir do que venho fazendo com muita frequência, o teatro também. Até porque, como venho fazendo há muito tempo comédia na TV (a série “Tapas e Beijos”) e de muita qualidade, na minha opinião, eu achava que o cinema e o teatro teriam que ser um lugar para abrir um pouco este leque e voltar para coisas que já vivi, gêneros que me dão prazer e que já experimentei.
Glamurama: É divertido gravar “Tapas e Beijos”?
Vladimir Brichta: Bastante. É claro que é trabalho e tem horas que exigem atenção, empenho, mas é muito divertido. Um elenco não só muito talentoso, mas muito harmonioso também, a gente se gosta, se admira, acho que isso ajuda.
Glamurama: Você prefere fazer série ou novela?
Vladimir Brichta: Agora é difícil até comparar, fiz três séries, sendo que esta terceira ainda está no quarto ano, e fiz cinco novelas, mas não faço desde 2006, há oito anos. Então, não sei mais fazer novela (risos), mudou tanto…
Glamurama: Acha que já perdeu a mão?
Vladimir Brichta: Acho que conseguiria, mas hoje não dá. Está tão distante, é claro que se viesse uma história legal eu curtiria fazer, mas gosto das séries, acho bacana. Mas também penso que é bom renovar, a série de alguma forma repete um pouco as histórias, o padrão que o público adora.
Glamurama: E quais são seus planos futuros?
Vladimir Brichta: Quando terminar “Tapas e Beijos”, no meio de 2015, devo fazer outra série na Globo – do núcleo de Guel Arraes, sobre o surgimento da TV -, mas agora parece que estou de férias. Nos quatro anos de “Tapas”, nos últimos três anos fiquei no teatro com a peça “Arte”, que produzi, e fiz cinco filmes.
Glamurama: Você é baiano. Como vê a polarização entre nordeste e sudeste nestas eleições?
Vladimir Brichta: É chato falar de política, a gente tem que ter bastante pudor. Inclusive, é uma recomendação da própria emissora, a gente sabe o quanto a nossa opinião pode interferir e isso é bastante delicado em um país que ainda está tateando a democracia. De qualquer forma, tem um texto que li recentemente do Antonio Prata, na Folha de S.Paulo, que acho definitivo sobre isso. Eu indico para quem queira ler.
Por Verrô Campos