Após uma semana de estreia, Vanessa Giácomo já comemora sua volta às novelas como Stela em ‘O Sétimo Guardião’. Na nova trama das 9 da Globo, ela é casada com o médico José Aranha (Paulo Rocha) e mora na mesma casa que a sogra Mirtes (Elizabeth Savalla), que faz de tudo para atormentar sua vida. No passado, Stella sofreu um aborto e não conseguiu mais engravidar. Apesar de contar com o apoio do marido, se sente insegura e tem que ser forte para não sucumbir a um vício antigo: a bebida. O papel com forte cunho social marca um novo momento da carreira da atriz, mais madura e movida a desafios. “Não vejo apenas a primeira camada do personagem, vejo o que está por trás dele. Essa humanidade me instiga e é o que mais gosto nos papéis”, diz ela em conversa com o Glamurama. (por Paula Barros)
Glamurama – Fale um pouco de sua personagem, Stela, em ‘O Sétimo Guardião’.
Vanessa Giácomo – “É uma personagem que tem um trauma, sempre quis ter um filho e não consegue. Ao mesmo tempo, tem uma sogra muito religiosa e que cobra dela esse neto. Stela carrega essa culpa e por causa disso mergulha no álcool. A novela começa com ela tratando essa doença. Stela é uma mulher que apesar de ser reclusa, tem uma alma libertária e não faz julgamento das pessoas. Pode conversar com uma prostituta ao mesmo tempo que conversa com a rainha e vai tratar igual. É o oposto da sogra. O fato das duas habitarem o mesmo teto gera conflito o tempo inteiro.”
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Glamurama – Como pretende tratar um assunto tão delicado como o alcoolismo?
Vanessa – “Quero tratar com o maior respeito e seriedade pois é uma doença. Mas tirando isso, a situação das duas pode ter um humor. Acho muito interessante esses dois momentos e apesar de ter gravado poucas cenas estou encantada. A novela marca a volta de Aguinaldo Silva ao gênero realismo fantástico e é uma coisa que nunca fiz. Estou com uma expectativa muito boa.”
Glamurama – Stela é alcoólatra, existe o conflito da gravidez, de morar na mesma casa e viver brigando com a sogra. Uma situação “comum” no dia a dia de algumas mulheres que irão te assistir à novela. Você pretende empoderá-las de certa forma?
Vanessa – “Nunca vivi este tipo de situação, mas acima de tudo acho que temos que lidar com as diferenças. Apesar de ter esse arco dramático, vai mostrar que as mulheres devem impor suas vontades no casamento, na casa onde vivem, mas é um momento da família e temos que pensar nisso. Quero passar uma mensagem de como estabelecer boas relações, ter a família por perto e ao mesmo tempo se empoderar como mulher.”
Glamurama – Como você fez sua pesquisa?
Vanessa – “Como nunca vivi uma dependência química de perto li e pesquisei muito. Fui em um centro de reabilitação e conversei com algumas pessoas que passaram por isso. Falei principalmente com a família porque é diferente o que a pessoa acha que ela faz e o que ela realmente causa a quem convive com ela. Estou enxergando na visão dos dois lados.”
Glamurama – Essa pesquisa te afetou?
Vanessa – “Me afetou, sim. Nunca bebi de tomar porre. Não gosto de nada que me deixe fora de mim. Mas é engraçado pensar nisso pois hoje em dia, tomar uma taça de vinho durante um jantar com amigos tem me feito refletir.”
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Glamurama – Você engravidou nas duas novelas que fez com Aguinaldo. Ainda deseja mais um filho?
Vanessa – “Pois é. Aconteceu. Primeiro em ‘Duas Caras’ (2008), já estava grávida do meu primeiro filho e combinamos que eu faria apenas a primeira etapa da novela. Depois em ‘Império’ (2014), em que iria fazer apenas uma participação e acabei descobrindo durante as gravações que estava grávida da minha caçula. Foi uma coincidência. Neste momento não está nos meus planos ter outro filho, estou muito feliz com os três pequenos (Raul, 10, e Moisés, 8, filhos de seu casamento com Daniel Oliveira, e Maria, fruto de seu atual relacionamento com o empresário Giuseppe Dioguardi). Não gosto de dizer algo que está tão no futuro porque nunca sabemos o que vai acontecer, mas não está nos meus planos.”
Glamurama – Sua estreia foi em ‘Cabocla’ com 21 anos. São 14 anos de profissão. Como você avalia sua carreira?
Vanessa – “Cada personagem que faço é uma responsabilidade maior. Com o passar do tempo você se cobra mais e mais para não repetir o que já foi feito. Sempre estudei muito. Cada trabalho que faço é uma pesquisa profunda ao lado de um coaching e de pessoas que trabalham há anos comigo. A Stela tem um cunho social e estou muito feliz com esta etapa.”
Glamurama – Qual papel você ainda sonha em fazer?
Vanessa – “Sonhos sempre temos. Mas pra mim o mais instigante é encarnar um novo ser humano. Trabalhar essa diversidade humana brasileira me instiga muito. Quero fazer pessoas, mulheres do sul, do norte, nordeste… Quando pego um personagem não vejo só a primeira camada, quero entender qual a mensagem dele como ser humano, o que está por trás, mesmo se for um vilão. São milhões de possibilidades e isso é instigante. As pessoas não são a mesma coisa o tempo inteiro. Eu acordo totalmente diferente dependendo o dia e não tem a ver com valores. As pessoas vão se transformando e levo isso para o personagem. Faço um arco de transformação como será a minha proposta pra ele, desde início até o último capítulo. Estou presente nas minhas cenas do começo ao fim. Não desisto de cena nenhuma. Entro e saio do papel com a mesma gana.”
Glamurama – Nesse universo de fama e celebridade, você considera importante manter amizades sinceras. Como você faz isso?
Vanessa – “Não dá para prever quem vai ser meu amigo, isso simplesmente acontece. Tem que ser natural, uma empatia. Tenho muito respeito pelos profissionais que trabalham na minha área. Se estou no camarim, da camareira, passando pelo maquiador, até o diretor, gosto de rir e chorar com eles. É uma vida durante a novela e acabamos criando amizades. Vaidade tem em todo lugar, mas tento levar numa boa.”
Glamurama – Com tanto conhecimento pessoal, você faz terapia?
Vanessa – “Nunca fiz terapia na minha vida. Tenho até vontade, mas nunca fiz. Acho que é um sentimento que vem de família. Minha mãe fazia amizade muito fácil, queria saber das pessoas. Sempre via ela olhando para o outro e acho importante. Gosto de bater papo, de saber das pessoas, quero saber porque estão tristes… Me faz bem. E do mesmo jeito quero que sejam assim comigo.” (por Paula Barros)
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