Dono de um talento único para encantar qualquer um quando tinha a posse de uma bola de futebol, esporte do qual se tornou um dos maiores nomes em todos os tempos, Diego Maradona morreu pobre. Estimativas iniciais a respeito do patrimônio deixado pelo eterno ídolo argentino que se foi nessa quarta-feira, aos 60 anos e resultante de uma parada cardiorrespiratória causada pelo vício em álcool, variam entre US$ 100 mil (R$ 531 mil) e US$ 500 mil (R$ 2,65 milhões), cifras que contrastam e muito com aquelas atribuídas ao seu maior rival em campo, o brasileiro Pelé, cuja fortuna gira em torno de US$ 100 milhões (R$ 531 mil), e insuficiente para quitar seus débitos.
Ao contrário do atleta brasileiro aposentado, que passou a ganhar ainda mais dinheiro a partir de quando deixou de jogar, Maradona nunca foi tão bom de finanças quanto era nos gramados, e apesar de ter faturado centenas de milhões de dólares ao longo da carreira no esporte, sua falta de controle financeiro o levou à bancarrota várias vezes.
Somente em impostos atrasados na Itália, a dívida dele girava em torno de € 37 milhões (R$ 234,2 milhões), dos quais € 23 milhões (R$ 145,6 milhões) eram relativos a juros. Seus vários problemas com a justiça também lhe custaram outros milhões em indenizações, muitas acordadas fora dos tribunais, e altos salários pagos aos advogados que o defendiam. Tudo isso, claro, sem falar nos montantes torrados com drogas e mulheres. Em apenas uma ocasião, no começo dos anos 1990, ele teria gasto perto de US$ 1 milhão (R$ 5,31 milhões) para se encontrar com prostitutas em Napoli, no sul do país europeu, naquele que entrou para a história como um dos maiores escândalos de sua carreira.
Seu último trabalho foi como técnico do time argentino Club de Gimnasia y Esgrima La Plata, pelo qual recebia um salário mensal de US$ 20 mil (R$ 106,2 mil). Boa tarde disso era usada pelo craque para bancar seus custos de saúde, que não eram nada baixos. E o dono da “Mão de Deus” ainda propôs nos últimos meses que seus vencimentos fossem reduzidos, a fim de evitar demissões na equipe por causa da crise causada pelo novo coronavírus. Esses perrengues, for fim, se tornam pequenos demais diante da biografia deixada por Maradona, um caso raro de profissional cuja verdadeira riqueza está mais ligada ao talento do que ao saldo no banco. (Por Anderson Antunes)