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Guilherme Boulos é pré-candidato.  ||  Créditos: Reprodução/Instagram
Guilherme Boulos é pré-candidato.  ||  Créditos: Reprodução/Instagram

Buscando o diálogo com as classes média e alta e os setores mais conservadores de São Paulo, Guilherme Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, quer mostrar que a desigualdade social presente na cidade é prejudicial para todos os que moram nela, não só os mais pobres. Em entrevista à Poder, ele diz que a pandemia do novo coronavírus escancarou a disparidade social e mostrou a necessidade da implementação de uma renda básica para os moradores do município. “É possível fazer e será uma forma de combater a miséria e o desemprego diante da crise econômica sem precedentes que se avizinha no pós-pandemia”, propõe.

Nascido em uma família de classe média, Boulos é filho de médicos e estudou em boas escolas. Mesmo com todos os seus privilégios, decidiu entrar para a militância quando jovem e foi morar em Campo Limpo, na periferia da cidade, por opção. Por isso, diz que consegue ser a ligação entre o que a elite quer e o que a população mais pobre precisa. “Conheço São Paulo, tanto da ponte para lá, como para cá. Tenho certeza que nem toda a classe média é reacionária. É claro que existe um setor higienista, racista, atrasado. Mas a maioria sabe que a desigualdade social é o grande problema da nossa cidade”, diz.

Conservadoraboa parte da capital também é bastante religiosa. Boulos afirma, no entanto, que isso não o preocupa, visto que vai buscar dialogar com os setores mais moderados das religiões. “Nem todo evangélico tem a cabeça do Silas Malafaia. Temos um bom diálogo com as diferentes denominações religiosas da cidade, como pastores da comunidade cristã da Zona Leste, da Igreja Batista e da Igreja Católica e figuras como os padres Julio Lancellotti e Paulo Bezerra, o pastor Levi Araujo, frei Betto e frei Leonardo Boff estão apoiando nossa pré-candidatura”, afirma.

“Também temos um histórico de relações excelentes com os evangélicos dentro do próprio Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), onde eles são parcela significativa do movimento. Essa conversa se estenderá e será aprofundada em sintonia com princípios que são comuns a todos nós, como a igualdade social e a geração de oportunidades para todos”, explica o pré-candidato que divide a chapa com a ex-prefeita Luiza Erundina. Em relação a companheira de partido, aliás, Boulos é só elogios. “Erundina foi a melhor prefeita que São Paulo já teve, e a presença dela na chapa é uma honra para mim. Ela tem uma força importante, sobretudo na periferia, que lembra com muito carinho e respeito de diversas ações da sua gestão”, diz relembrando de mutirões de moradia, construção de hospitais e a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital entre 1989 e 1992.

O pré-candidato também conta que, com a ajuda da vice, pretende colocar em prática um projeto para zerar a fila da creche em São Paulo. “É absurdo que uma mulher não possa trabalhar porque não tem com quem deixar seus filhos. Só este mês estive com moradores e lideranças comunitárias no Grajaú, Jardim São Luiz, Capão Redondo, Itaim Paulista, Itaquera, Pirituba e Brasilândia. É escutando o povo nas regiões mais esquecidas da cidade que vamos construir um novo projeto”, afirma.

Clima eleitoral 

Pandemia, uma “ressaca” em relação às eleições presidenciais de 2018 e uma antecipação imensa para o pleito de 2022. É em meio a esse ambiente eleitoral que Boulos quer chamar a atenção para suas propostas. De acordo com ele, o Brasil de hoje não é o mesmo que elegeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) há dois anos. “As pessoas estão cansadas desse clima de caos que se instalou com a chegada de Bolsonaro ao poder. Se desiludiram com o discurso de uma novidade que nasceu velha. A história da própria Erundina, que se elegeu prefeita contra todas as expectativas e com o preconceito das elites, é um exemplo de que podemos ganhar”, afirma.

Sobre o coronavírus, o pré-candidato diz que a pandemia é uma tragédia para todos os brasileiros, mas diz que muitos foram vitimizados pela “desumanidade e omissão” do governo Bolsonaro. “Já são mais de 113 mil mortes, é como a queda de mil aviões lotados”, diz. Mesmo fazendo duras críticas ao presidente, Boulos afirma ter convicção de que sua chapa poderá vencer as eleições. Sobre ambições para 2022? Ele diz que pretende “estar junto com Erundina e o povo governando a maior cidade do Brasil” quando o país estiver votando para presidente. (Giorgia Cavicchioli)

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