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Susana com Klebber Toledo em “Amigas de Sorte” || Créditos: Divulgação

O fato de já ser consagrada como atriz não afasta Susana Vieira de novos desafios. Aos 75 anos, ela volta ser protagonista no cinema depois de 43 anos – a outra vez foi em 1974 com o longa ‘O Forte’. Desta vez, ela rouba a cena ao lado de Arlete Salles e Rosi Campos no filme “Amigas de Sorte”, dirigido por Homero Olivetto.

As filmagens da comédia começaram no início de outubro, com locação nas cidades de São Paulo, Montevideo e Punta Del Este e conta a história de três amigas inseparáveis: Nelita, Diva e Rita, interpretadas respectivamente por Suzana, Arlete e Rosi. Elas cresceram com o sonho de continuar amigas, se dar bem na vida e ficar ricas.

O papel de Susana muito tem a ver com o espírito livre que a atriz leva na vida real e Glamurama conversou com a atriz. No bate-papo, Susana fala sobre seu sonho em ser bailarina do Teatro Municipal, sua intensa dedicação à profissão em detrimento da família ao longo de 50 anos, sua estreia no cinema como protagonista, relacionamentos com homens mais novos e sonhos a ser realizados – como voar de asa delta e terminar sua biografia. Ao papo!

Glamurama: O filme conta a história de três amigas inseparáveis que cresceram com o sonho de continuar amigas, se dar bem na vida e ficar ricas. Quais sonhos você tinha quando era mais jovem?
Susana Vieira: “Meu sonho era ser a primeira bailarina do Teatro Municipal. Não imaginava ficar rica porque tinha uma vida muito boa. Estava satisfeita com a vida que eu tinha de classe média alta. Não precisava sonhar com riqueza. Me dar ‘bem na vida’, não. Sonhava em ter bastante força para conseguir ser a primeira bailarina do Teatro Municipal.”

Glamurama: Como foi ganhar este papel de protagonista no cinema?
Susana Vieira: “Foi com imensa alegria que recebi esse convite. A história é divertida, positiva e mostra que independente da idade, o importante é ir atrás de sua felicidade e seus desejos. E pude colocar na Nelita, minha personagem, parte da minha alegria de viver e aproveitar cada minuto da vida. E rir tanto na tela quanto fora dela. As personagens colocam em prática todo tipo de ‘loucura’ que lhe vem à cabeça. Ser protagonista pela primeira vez no cinema é a cereja do bolo da minha carreira. Foi intenso filmar em São Paulo e no Uruguai, mas foi maravilhoso ver como tudo é feito com amor e dedicação e a cumplicidade que se cria entre as pessoas. Foi muito bom estar ao lado da minha grande amiga da vida Arlete Salles e também contracenar com a querida Rosi Campos, Otavio Augusto, Luana Piovani, Klebber Toledo, Julio Rocha… Enfim, toda a equipe! Não vejo a hora de ver o filme nas telas do cinema. Eu fiz pouco cinema na minha carreira. Em 1974, fiz o filme ‘O Forte’, em preto e branco, dirigido por Olney São Paulo. Se passava na Bahia e eu era protagonista. Depois fiz participação especial em vários outros filmes, como ‘O Casal’, em 1975, com direção de Daniel Filho, onde eu fazia uma das amigas da Sonia Braga, ‘Nunca fomos tão felizes’, de Murilo salles, onde eu fazia a namorada do protagonista Cláudio Mazzo, ‘Sorria você está sendo filmado’ e ‘Os Penetras’”.

Glamurama: No longa, elas ganham na loteria. O que você acha de jogos de azar?
Susana Vieira: “Não acredito que o jogo traga dinheiro. Eu acredito que o dinheiro só vem através do trabalho. Não acredito em jogos de azar. Não acredito que jogo te traga dinheiro, mas que seja um prazer, um gosto. Eu não jogo em nada. Ficaria triste em perder dinheiro que ganhei com o suor do meu trabalho, perder bestamente em jogo de azar.”

Glamurama: Você se identifica com a sua personagem no filme em algum ponto? Qual?
Susana Vieira: “Sim, a personagem tem a minha alegria, descontração, positividade, o motivar as amigas que se sentem acomodadas. O usufruir da vida seja em que fase da vida que se esteja. O tempo para ela não passou. Ela continua viva, ativa, feliz, namorando, beijando na boca, aproveitando a vida ao máximo. Me identifico com ela em todos esses sentidos.”

Glamurama: Ao longo de sua vida, sente que se dedicou demais a maridos e à família?
Susana Vieira: “Me dediquei pouco. Me dediquei muito mais ao meu trabalho, ao meu ofício do que a eles, durante mais de 50 anos. Já passei muitos finais de semana viajando a trabalho, no teatro… Em detrimento dos meus amores, das viagens que eu poderia ter feito em família, os fins de semana que poderia estar viajando, eu estava trabalhando no teatro, na TV, por isso atualmente eu prezo demais meus finais de semana e os momentos com a minha família, e em casa. Eu dei 50 anos de minha vida para a minha profissão. Não me arrependo, mas ainda há tempo de retomar minha vida familiar, doméstica e sentimental.”

Glamurama: O filme brinca com o fato dos homens não prestarem a atenção no que as mulheres dizem. Isso acontece com você? Como as mulheres podem reverter isso?
Susana Vieira: “O filme fala mais do que isso. Ele retrata tipos diferentes de casamento. Não acho que os homens não prestam atenção. Eles são mais objetivos, tem o assunto mais conciso, eles falam exatamente o que querem falar, enquanto a gente fala por horas e horas para discutir a relação. Os homens falam tudo em 1 minuto. Mas isso é da vida: assim é o homem e assim é a mulher.”

Glamurama: Você foi uma das primeiras famosas do Brasil a assumir relacionamentos com homens mais novos. Pra você, quais as vantagens de namorar homens mais jovens?
Susana Vieira: “Há muitos anos Edith Piaf, Elba Ramalho e Elza Soares já tinham feito isso. Fui feliz com quem tive que ser e meus relacionamentos duraram o tempo que tiveram que durar. Vivi a vida que eu quis e fui feliz com quem eu quis.”

Glamurama: A juventude contagia?
Susana Vieira: “A juventude não tem prazo. Você é ou não é jovial. Existem senhoras de 90 anos jovialíssimas, alegres, simpáticas, que curtem a vida. E eu também conheço jovens tristíssimos e abalados existencialmente. A juventude independe do tempo. Eu conheço muito jovem velho. Mas é muito melhor se relacionar com gente alegre, que ri, que esteja aberta para o mundo, e que não tenha preconceitos.”

Glamurama: Qual papel foi mais marcante em sua carreira?
Susana Vieira: “Tenho uma carreira muito feliz e tive uma gama de personagens muito variada: ‘Anjo Mau’, ‘A Escalada’, ‘A Sucessora’. E dentro desse quadro, ‘Senhora do Destino’ foi a cereja do bolo porque fiz uma mulher forte, com sotaque nordestino. Foi uma novela que durou um ano e pegou todo mundo de rojão. Todo mundo ficou encantado com a história. Ultimamente, no teatro, fiz Shirley Valentine que é uma delícia de personagem, uma história que foi adaptada pelo Miguel Falabella para mim, e que posso fazer em qualquer lugar. Há papéis marcantes para o público e para o ator. Para o público, em primeiro lugar foi a Branca Letícia de Barros Mota de ‘Por Amor’. A Branca era uma mulher arrogante, antipática e que falava coisas que ninguém falava. Ela era uma espécie de porta-voz do autor para as críticas à sociedade, aos comportamentos falsos. Isso cativou o público.”

Glamurama: 2017 foi um ano bom pra você? Por quê?
Susana Vieira: “Foi ótimo porque não tive nenhuma perda de pessoas amadas e da minha família. Tive saúde, trabalho. Foi tudo maravilhoso.”

Glamurama: O que ainda falta realizar na vida?
Susana Vieira: “A vida é para ser vivida até o último momento. Espero que a minha vida continue como está, que eu continue com essa alegria de viver, com essa curiosidade, com realizações profissionais, que minha vida afetiva tenha boas surpresas que serão muito bem recebidas, que minha família continue trabalhando, meus netos cresçam com educação, caráter, noção de civilidade e respeito ao próximo. Quero continuar na TV Globo fazendo novela. Amo fazer novela! Tenho que terminar minha autobiografia. Este é um grande projeto. É muito interessante porque conta minha trajetória e o que eu vi da vida. Também quero fazer viagens diferentes e ainda falta pular de asa delta. Estou estudando essa possibilidade. Fica um sonho que a gente tem de voar, de ver o mundo, de se sentir livre. A gente vê como é pequeno na terra.” (Por Julia Moura)

Susana Vieira para a Revista J.P de julho de 2013 || Créditos: André Schiliró

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