Quem poderia imaginar que em um mundo globalizado, as pessoas iriam sofrer de um mal chamado a Síndrome da Cabana? Apesar do termo parecer novo, ele surgiu em 1900, quando os trabalhadores norte-americanos se refugiavam em suas cabanas durante o inverno e ficavam com medo de voltar ao convívio social quando a temporada de frio acabava. E é justamente isso que tem acontecido com algumas pessoas com a flexibilização da quarentena ao redor do mundo. Depois de semanas sem botar o nariz fora de casa por causa da pandemia do coronavírus, algumas pessoas estão sentindo dificuldade de encarar a vida do lado de fora.
A psicóloga, neuropsicóloga e escritora, Lucia Moyses, é quem explica essa situação: “Suponhamos que a quarentena terminou e que já exista uma vacina para o Covid-19. Não há mais motivos para temer as ruas. No entanto, só de pensar em sair de casa você já começa a ficar apavorado, confuso, tenso, angustiado e pode chegar até a sentir seu coração disparar. Mesmo sem ameaças imediatas, você não se sente mais seguro fora do seu lar. Sua casa é o único lugar que lhe proporciona segurança e proteção. Esse medo, após longos períodos de isolamento, é justamente o que define a Síndrome da Cabana”.
Para entender do que se trata e outras questões relacionadas à Síndrome da Cabana, confira as dicas da psicóloga e procure um profissional se sentir que precisa de ajuda.
É uma doença?
A Síndrome da Cabana não é uma doença, é um fenômeno natural diante de determinadas circunstâncias. Apesar do nome, não é um transtorno mental, embora possa precisar dos cuidados de um profissional. Quem sofre desse fenômeno pode sentir angústia, ansiedade, perder a concentração e a memória, passar a comer e dormir muito, e até ter alguns sintomas físicos, como taquicardia, sudorese, tonturas. Mas fique alerta e não confunda com Síndrome do Pânico. A diferença é que esta leva o indivíduo ao isolamento, enquanto na Síndrome da Cabana é o isolamento que leva o indivíduo ao medo de sair.
Como retomar a vida normal?
– Respeite seu tempo. Não se obrigue, não se cobre, não se culpe. O importante é não desistir.
– Estabeleça uma rotina para se sentir no controle de seus pensamentos e do medo.
– Comece aos poucos, devagar e comemore cada progresso.
– Lembre-se das coisas boas que fazia fora de casa: encontrar familiares, churrasco na casa dos amigos, cinema, restaurantes, parques, sol, viagens… Comece a condicionar seu cérebro para que ele diminua progressivamente a resposta do medo.
– Nada disso está adiantando? Então talvez seja a hora de procurar a ajuda de um profissional. Você não precisa sofrer sozinho nem mais do que o necessário.
Mas tudo isso quando a quarentena acabar, ok?
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