Quem só conhece Sergio Guizé das novelas se surpreende e muito quando encontra sua versão carne e osso. O ator é bastante introspectivo e, apesar de extremamente educado nas entrevistas, dá sempre a impressão de que por ele preferia ficar quieto no seu canto. É de poucas palavras, sabe? Gosta mesmo é de se expressar através do seu trabalho. Dito isso, como ele foi topar participar de um reality show? Sim, Guizé é um dos competidores do “PopStar” e vai soltar a voz em uma disputa com Eri Johnson, Fafy Siqueira, Samantha Schmutz… Fora a turma do temperamento extremo oposto, tem ainda Carol Trentini, Renata Capucci…
“Se eles ficam felizes, eu fico também”
Bom, por que dizer “sim”, Guizé? “É uma celebração de quase duas décadas da banda que eu tenho [a Tio Che]. Estou aqui por conta deles. Rolou esse convite, pra aceitar fazer tinha que ser com eles. Meus irmãos [como ele chama seus companheiros de banda] ficaram felizes. E se eles ficam felizes, eu fico também. Estou me preparando para aproveitar ao máximo e sair vivo. Estou me escondendo atrás da minha banda, mas estou aqui pra aprender. Se eu sair desse programa com a cara de pau do Eri, se eu tiver esse ganho na minha vida, já está maravilhoso. Adeus, timidez, adeus tudo”.
“Haters? Eu não manjo disso”
Não pergunte como o ator vai fazer para engajar seus seguidores nas redes sociais, para que votem por ele todo domingo – quando o programa vai ao ar. Isso é tipo falar grego com Guizé. “Sou zero digital. Engajar fan base? Acho que tem que ser de coração… Quem quiser, vote. Quem não quiser também… Meu Instagram é minha empresária que toma conta. Não tenho nem o aplicativo instalado. Nunca tive FaceBook. Acredito no olho no olho, no coração. Já tentei ter rede social, na verdade. É porque tem fã clube, e não sabia direito quem era… Uma galera com amor e energia boa, então queria ter essa habilidade… Há 4 anos tentei ter Instagram por isso, mas enlouqueci… Haters? Eu não manjo disso. Prefiro o pessoal do love que me liga e fala ‘mano, estava muito bom, parabéns pelo seu trabalho’. Encontro pessoas na rua que me dão um abraço… Acredito mais nisso. Eu definitivamente não tenho um personagem virtual”.
“É a opinião das pessoas, cada um tem a sua”
E mais: “Não me preocupo com os julgamentos. É a opinião das pessoas, cada um tem a sua. Não acredito nessa questão da arte ser julgada. Estou fazendo para divertir o público. Tanto que não escolhi músicas que gosto, e sim músicas que comunicam, que dizem muito para as pessoas, que estão em um inconsciente coletivo, e que são boas para um domingo à tarde. Só disse pra minha banda: me ajuda pra não fazer feio lá, são 30 milhões de pessoas! Então a gente tem ensaiado muito. É bom estar com eles. Sozinho acho que nem conseguiria”.
“Se você me pedir pra dançar, vou acabar dançando de um jeito que você vai rir…”
Ah, conseguiria, sim! “Sou um artista. Artista faz qualquer coisa, o que quiser. Fica lá estudando e faz. Se você me pedir pra dançar, vou acabar dançando de um jeito que você vai rir… O ‘PopStar’ não é autoral, então vamos tocar só música brasileira e fazer uma homenagem a grandes nomes que fazem parte da vida dos brasileiros e dialogam com o momento em que a gente esta vivendo agora, que marcaram gerações, que falaram de um jeito inteligente e elegante sobre as coisas ruins que aconteciam na época… Alguns foram exilados… Vamos trazer isso de volta porque é muito atual, mas não estou buscando esse tom político, é só pra gente lembrar do que está acontecendo. Vai ter muita Jovem Guarda, samba, forró, rock… Bem variado, mas sempre falando de amor e liberdade. Quero que o telespectador se divirta em casa, mas que pense um pouquinho também. A arte serve pra isso, pra transformar. A proposta é tocar as pessoas”.
“Sempre fui do underground”
Apesar de reservado, como ator Guizé é mainstream, horário nobre, novela das nove, galã da maior emissora do país. Como músico, o trabalho era mais contido, concentrado, restrito a um público menor, bem menor. Como é fazer ecoar esse outro talento aos quatro ventos agora? “A gente sempre tocou para plateias mais intimistas, geralmente no underground paulistano. E agora tem essa mistura de palco com televisão. Estou aprendendo com os que fazem muito bem isso, que arrasam. Sempre fui do underground e fazia teatro assim. E foi dessa forma que me viram e me chamaram para atuar na Globo, e da mesma forma chamaram eu e a minha banda underground para participar desse programa. Não me considero cantor, e sim artista”. (por Michelle Licory)
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