Mesmo sendo o segundo menor país do mundo (atrás da cidade-estado do Vaticano, que fica na Itália mas tem suas próprias leis), Mônaco tem um plano ambicioso para aumentar sua área territorial capaz de fazer inveja em muitas superpotências. E isso se deve ao fato de que o domínio dos Grimaldi, apesar de pequeno, também é proporcionalmente uma das nações mais ricas do mundo, graças a uma população riquíssima formada em sua grande maioria por estrangeiros cheios da grana.
Atraídos por um sistema fiscal que consiste basicamente na isenção total de imposto de renda, que foi abolido por lá em 1869, esses milionários acabam transferindo parte de suas fortunas para o principado através da compra de imóveis, pelos quais pagam altas taxas públicas, e outros gastos. O resultado é um caixa nacional forte capaz de bancar obras faraônicas como uma que foi recentemente proposta.
O projeto consiste no aumento da costa de Mônaco, cuja área total é de pouco mais de 2 quilômetros quadrados, em mais de 60 mil metros quadrados. Já em curso, deverá ser completado em 2025 ao custo de € 2 bilhões (R$ 9 bilhões), pouco mais do que o patrimônio pessoal de sua moradora mais rica, a bilionária Tatiana Casiraghi. Nascida em Nova York, ela é filha da brasileira Vera Santo Domingo e do colombiano Julio Mario Santo Domingo Jr. (que morreu em 2009), e se tornou cidadã monegasca em 2013 quando casou com Andrea Casiraghi.
A maior parte do montante será bancada pela iniciativa privada, que só na construção de imóveis de alto padrão em Monte Carlo e arredores fatura mais de € 3,5 bilhões (R$ 15,7 bilhões) por ano – um apartamento de 17 metros quadrados na Cidade de Mônaco não sai por menos de € 1 milhão (R$ 4,5 milhões). Aumentos territoriais desse tipo são comuns no microestado há décadas, mas não na escala que se vê agora.
Um dos maiores desafios é dar um ar de naturalidade ao terreno artificial, em especial o chamado Portier Cove, que foi projetado para abrigar complexos residenciais de luxo com vista para o mar Mediterrâneo. Nesse caso, a área da borda está sendo importada da Sicília, na Itália. Manter em mente que Mônaco é um lugar histórico também é outra preocupação dos arquitetos e engenheiros envolvidos. Para eles, é um passo rumo ao futuro, mas com uma pegada de passado. (Por Anderson Antunes)
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