Quem acompanha futebol sabe: a MRV Engenharia é uma das principais patrocinadoras do esporte no país. A logomarca da construtora – a maior da América Latina – está nas camisas de Flamengo, São Paulo, Fortaleza e outros times de tradição. Nenhum deles, no entanto, tem conquistado tantos títulos recentemente como a empresa que os apoia. Nem mesmo o Atlético Mineiro, o maior de todos no coração apaixonado de Rubens Menin, fundador da MRV e responsável por colocar mais um troféu na atulhada sala de conquistas da construtora em Belo Horizonte.
No mês passado, em Mônaco, Menin foi nomeado o Empreendedor do Ano Global da EY durante o World Entrepreneur of the Year 2018. O brasileiro foi escolhido entre empreendedores de 46 países que foram ao principado para serem homenageados por suas trajetórias e o poder transformador de seus negócios. Foi a primeira vez que um executivo do Brasil levantou o troféu. Mais do que isso, foi o primeiro empreendedor da América do Sul a receber a honraria.
“Estou muito orgulhoso”, comemora Menin ao atender a reportagem de PODER no escritório do Banco Inter, outro de seus dourados negócios. “O prêmio é importante por dois motivos, primeiro pela representatividade, vindo de uma entidade como a EY e um júri altamente qualificado, e depois pelo momento em que aconteceu. Acredito que esteja na hora de divulgarmos notícias positivas do setor que, digamos, não é bem aceito por uma confusão da sociedade que mistura construção civil e construção pesada”, explica, em referência direta à Lava Jato, operação do Ministério Público Federal que enquadrou sete das dez maiores empreiteiras do país. A MRV passou incólume.
Por isso, ao ser anunciado o grande vencedor da premiação pelo CEO Global da EY, Mark Weinberger, Menin subiu ao palco carregando a bandeira verde e amarela. Na ocasião não tocou o Tema da Vitória, mas qualquer semelhança com uma cena clássica não foi mera coincidência. “Decidi copiar o Ayrton Senna. Ele venceu tantas vezes nas ruas de Mônaco”, brinca Menin. “Precisamos de mais patriotismo, unir o país. Foi um bom modo de comemorar.”
Rubens Menin deu início a sua história de conquistas no fim dos anos 1970, a partir de um pequeno terreno na rua dos Maçaricos, endereço da zona norte de Belo Horizonte. O local recebeu o primeiro dos 300 mil imóveis que a MRV Engenharia construiu ao longo de sua história. Em 1979, naquele lote, Menin, recém-formado e com 23 anos, realizou um sonho: com a ajuda dos pais e de dois primos fez uma casa popular. Em seguida, fundou a MRV. Hoje, um entre cada 200 brasileiros vive em um imóvel construído pela empresa e a meta para 2022 é chegara a um entre cada 100 cidadãos. Em algumas cidades, como Uberlândia e Ribeirão Preto, esse número já está em 20 habitantes.
Depois da construtora vieram outros empreendimentos. Primeiro o Banco Intermedium (atual Inter), no fim de 1994. Depois, veio a LOG Commercial Properties, empresa que constrói e aluga galpões comerciais. Em 2012, fundou a Urbamais, companhia voltada para grandes loteamentos para as classes B e C. No mesmo ano, ele fundou o AHS Development Group, nos Estados Unidos. É também investidor da rede de lojas ABC da Construção.
“Dizem que se você não errar em três negócios não acertará o quarto. Aconteceu com o Steve Jobs. Acho que, no meu caso, o que fez eles prosperarem foi a sinergia entre eles, desde o banco, que mexe com crédito imobiliário. Com isso diminuímos consideravelmente a nossa chance de errar”, explica Menin, que não se vê como Midas, mas aponta outra razão ainda mais importante para o sucesso. “As grandes empresas não têm casa, elas são do mundo. Os problemas não são domésticos, são mundiais. Vide a crise dos refugiados. Isso ficou claro em Mônaco. Todas as empresas que estavam lá querem mudar o mundo, é uma tendência geral e somos capazes de fazer isso. É nessa tecla que precisamos bater. E começar por ressaltar as coisa positivas pode ser um bom caminho.”
Sobre o WEOY
O Prêmio Empreendedor do Ano foi criado em 1986 pelo escritório da EY de Milwaukee, nos EUA. A ideia era motivar novos empresários que encaravam com criatividade as mudanças no ambiente empresarial nos anos 1980. Em razão da alta adesão ao prêmio americano, escritórios da EY no Reino Unido, Canadá e Austrália lançaram iniciativas semelhantes, e foram seguidos por outros. No Brasil, o Empreendedor do Ano é realizado desde 1998. Em 2001, com a expansão do evento, foi criado o World Entrepreneur of the Year, a etapa internacional, que reúne anualmente em Mônaco os vencedores de cada país e premia o empreendedor de maior destaque em escala global. Nas últimas edições os vencedores saíram do Canadá (Murad Al-Katib, AGT Foods), Austrália (Manny Stul, Moose Enterprise Holdings) e França (Mohed Altrad, Altrad). Hoje, o prêmio é realizado em mais de 60 países, atraindo cerca de 9 mil empresários.