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Galpão que funcionou como oficina de criação da abertura da Olimpíada do Rio || Créditos: Beatriz Chicca/ Revista J.P

O escritório dos cenógrafos Felipe Tassara e Daniela Thomas tem clima sustentável e transformador, com verde de sobra, luz natural e oficina de marcenaria

Por Thayana Nunes para a Revista J.P fevereiro de 2017 |  Fotos Beatriz Chicca

Há seis anos, o arquiteto Felipe Tassara comprou uma caixa de falsa vinha no mercado de flores da Ceagesp para plantar no jardim do seu escritório. Como a distância entre os dois lugares é pequena, carregou tudo a pé (mesmo com o peso das mudas) e, durante todo esse tempo, acompanhou de perto o crescimento da planta, podando e regando diariamente. Hoje, um verde vivo toma conta e cobre por inteiro os muros do lugar.

Não tem maneira melhor de começar a contar a história desse espaço na Vila Leopoldina, em São Paulo, do que falar da relação de Tassara com seu jardim. Tudo porque é assim que ele e a mulher, Daniela Thomas, criam os projetos de cenografia e museografia mais importantes do Brasil. Até saírem do papel, são anos de planejamento e cuidado com os mínimos detalhes para no fim nos depararmos, por exemplo, com o Museu do Futebol, a exposição sobre Clarice Lispector no Museu da Língua Portuguesa ou os cenários das óperas mais concorridas do Theatro Municipal.

O escritório é, na verdade, um charmoso galpão com ares de depósito. Tassara e Daniela moram por perto, mas passam grande parte do dia ali ao lado da equipe, que pode aumentar quando um novo projeto começa. “Para a Olimpíada, isso aqui ficou lotado”, diz ele, apontando para duas grandes mesas no piso térreo. Foram nelas que, durante quatro anos, eles se debruçaram para criar a elogiada abertura dos Jogos Rio 2016.

No mesmo ambiente, objetos antigos que já fizeram parte da cenografia de uma peça de teatro ou de algum evento dividem espaço com móveis achados em caçambas, pedaços de madeira, placas e peças com valor afetivo – é o caso de um quadro do escritor Ziraldo, pai de Daniela. Tassara conta que guarda tudo porque tem um espírito meio colecionista. “Às vezes parece que estou acumulando lixo, mas na verdade são ideias. Olho para uma determinada coisa e acabo recuperando memórias. Tudo para mim vira um projeto”, diz ele, que também divide seu tempo na oficina de marcenaria criando protótipos e na reforma do que garimpa pela cidade. Todo esse clima sustentável está presente na luz e na ventilação naturais do espaço, com janelas por todos os lados e passagens estratégicas de ar, assim como no sistema de reaproveitamento de água da chuva. “Busco aproveitar os recursos da natureza ao máximo”, conta. A origem desse espírito ele explica com um costume dos japoneses: “Nos templos do Japão, quando cortam uma árvore, eles fazem todo um ritual de agradecimento por aquela planta que demorou 100 anos para crescer. Acho que de certa forma faço o mesmo”.

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