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Por Julia Furrer  para Revista Joyce Pascowitch de setembro

Apesar de (ainda) não serem reconhecidos nas ruas, esses três atores trilham carreira de sucesso no cinema e no teatro, passando longe do rótulo de celebridade. Revista J.P apresenta Gustavo Machado, Julio Andrade e Rafael Primot. Olhe de novo, você já viu esses moços por aí…

GUSTAVO MACHADO

Ele já tinha feito várias peças no Rio quando decidiu se mudar para São Paulo. “Vim de louco, queria viver a cidade”, conta Gustavo Machado, 40 anos. Ao chegar, arrumou emprego de garçom em um bar e largou o ofício de ator. A pausa não durou muito, já que um dos clientes do local, o preparador de elenco Sergio Penna, o trouxe de volta. Gustavo começou a frequentar o grupo de teatro de Penna e se envolveu de vez com a arte. Entrou na Escola de Arte Dramática da USP, na mesma turma de Gero Camilo, Paula Cohen e Marcello Airoldi – seus amigos até hoje – e emendou uma peça na outra. Entre seus vários trabalhos no teatro, destacam-se o infantil A Ver Estrelas, de João Falcão, A Cabra ou Quem É Sylvia?, peça dirigida por Jô Soares em que contracenou com José Wilker, Essa Nossa Juventude, sob direção de Laís Bodanzky, que lhe rendeu uma indicação ao prêmio Shell, e O Avarento, em que contracenou ao lado de Paulo Autran. “Com ele aprendi a escutar. No meio de uma temporada enorme e apesar dos tantos anos de carreira, quando não estava em cena, Paulo ficava escutando da coxia. Foi uma das pessoas mais generosas que conheci”, lembra. Já sua trajetória no cinema começou com Bicho de Sete Cabeças, também de Laís Bodanzky, e seguiu por mais de 15 longas, em uma carreira premiada e com trabalhos como Eu Receberia As Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, de Beto Brant. Mas, e a televisão, Gustavo? “Tinha preconceito, queria viver nesse circuito alternativo. Mas mudei. Se o personagem e a equipe forem bacanas, topo sem pensar duas vezes.” Tanto é que ele está no elenco de A Teia, na Globo, e já participou de Alice, da HBO. Gustavo, que não é reconhecido nas ruas – “às vezes alguém lembra, mas é muito raro” –, escreve e dirige além de atuar. Nos próximos meses, além de estrear na série global, continua em cartaz com Razões para Ser Bonita, de João Fonseca, e se prepara para dirigir, ao lado de Gero Camilo, a peça Lá Fora Vai Estar Chovendo Sempre, que trará Camila Pitanga aos palcos.

JULIO ANDRADE

Depois de viver de teatro e cinema em Porto Alegre, Julio Andrade decidiu arriscar: vendeu o carro e se mudou para São Paulo, sonhando com uma boa chance. “A cidade me engoliu. Fiquei solitário, gastei todo dinheiro e nada rolou”, lembra. Ironicamente, precisou voltar para sua cidade natal para viver seu primeiro protagonista, o melancólico Ciro, do filme Cão Sem Dono, de Beto Brant. De lá pra cá não parou mais. Seu papel de maior destaque, o músico Gonzaguinha, em Gonzaga – De Pai para Filho, lançado em 2012, foi uma conquista pessoal. Fã do cantor, fez tudo que estava ao seu alcance para ter essa oportunidade. Arrumou uma peruca, cortou os cílios e foi fazer o teste já vestido como o ídolo, com uma semelhança que emocionou o diretor Breno Silveira. A experiência no longa serviu para projetar e consagrar o nome do ator. “Julinho não faz os personagens, ele os incorpora. Tem uma entrega tão grande ao papel que se transforma completamente, o que é muito bom para um diretor. Você não tem mais a fazer a não ser segui-lo”, diz Silveira. Os projetos não param: entre este ano e o próximo, estão previstos os lançamentos dos filmes Serra Pelada, de Heitor Dhalia, A Montanha, de Vicente Ferraz, A Pele do Cordeiro, de Paulo Morelli, e, finalmente, O Peregrino, longa de Daniel Augusto em que o ator interpreta o escritor Paulo Coelho. Tem ainda a nova série policial da Globo, A Teia, de Carolina Kotscho e Bráulio Mantovani, em que atua ao lado de nomes como João Miguel e Andréia Horta. Ele veio pra ficar.

RAFAEL PRIMOT

“Ser ator tem de ser uma questão de sobrevivência, não uma opção.” O conselho dado pelo diretor teatral Antunes Filho fez todo sentido para o ator Rafael Primot, 31 anos. Determinado, aprendeu cedo a batalhar por boas oportunidades. Para conseguir contracenar com Bibi Ferreira, por exemplo, implorou para que uma produtora o deixasse fazer o teste – “tinha acabado de operar uma hérnia, ainda estava com os pontos e precisei levar uma amiga enfermeira comigo”, lembra. O esforço deu certo. Ele ganhou o papel e por dois anos dividiu o palco com a atriz na peça Às Favas com os Escrúpulos, direção de Jô Soares. Para ampliar suas possibilidades, também passou a escrever e produzir seus próprios trabalhos. Foi assim com a peça O Livro dos Monstros Guardados, dirigida por Zé Henrique de Paula, pela qual levou o prêmio Shell de melhor autor. Com poucas passagens pela televisão, Rafael jura que não tem o preconceito comum à turma do teatro: “Não acho que TV é uma arte menor, tem muita gente que admiro fazendo coisas ótimas e com muita dignidade, mas é mais difícil ter a chance de fazer bons papéis, e é esse o meu critério de escolha”, explica. Talvez por isso, e por admitir ser viciado na adrenalina dos palcos, tenha focado sua trajetória no teatro. Ficou em cartaz com peças bem-sucedidas como O Inverno da Luz Vermelha e O Desaparecimento do Elefante – ambas dirigidas por Monique Gardenberg, que é só elogios ao ator. “O Rafael é um gênio. É impressionante a sinceridade com que diz um texto”, diz ela. “É comovente. Por um instante, não sabemos se está conversando conosco ou atuando”, completa. Agora, o ator se prepara para alçar voo no cinema. Dirigiu Regina Duarte e Bárbara Paz no drama Gata Velha Ainda Mia, que deve estrear ainda este ano e entra em cartaz no final do mês com 33 Dedos Bem Aquecidos – texto próprio. E você aí, sem conhecer o seu nome, hein?

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