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O clima de Miami na década de 50 || Créditos: Getty Images
Uma Miami que você não conhecia... || Créditos: Getty ImagesUma Miami que você não conhecia... || Créditos: Getty Images
Uma Miami que você não conhecia… || Créditos: Getty ImagesUma Miami que você não conhecia… || Créditos: Getty Images

Controversa, Miami é uma das cidades mais faladas do mundo, mas além do paraíso das compras, tem qualidade de vida inigualável, alegria latina e clima excepcional. Ah, e um passado bem curioso.

Por Kiki Garavaglia para a revista J.P de maio

Em 1870, Henry e Charles Lum, pai e filho, saíram de Key West, na Flórida, velejando e rumaram para o norte até chegar a um banco de areia branca com magníficos manguezais. Acamparam no local e gostaram tanto do que viram que compraram a região por US$ 0,35 o acre (pouco mais que 4 mil o metro quadrado). Tempos depois, a ilha foi vendida para um casal amigo dos Lum, de New Jersey, que pagou US$ 0,75 por acre. Cerca de dez anos mais tarde, o casal, desencantado com o local, resolveu voltar ao estado de origem já atrás de novos compradores para a ilha.

Foi então que, em 1900, John Collins, também de New Jersey, foi até o sul “dar uma olhada” no local, para avaliar melhor a oferta, e se apaixonou pelo que viu. Comprou a ilha – já por US$ 1,25 o acre – e plantou abacateiros, mamoeiros, mangueiras e raízes de batatas com grande êxito. Com o sucesso das colheitas, previu atrair automóveis para o local e, assim, vender alguns acres de terra. Para isso, começou a construir uma ponte junto com o genro, Pancoast, de 5 mil quilômetros de extensão partindo do continente até o que era conhecido até então por Ocean Beach. Mas, no meio da construção, os sócios ficaram sem dinheiro e começaram a buscar novos sócios para a obra.

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A inauguração da Collins Bridge, em 1913 || Créditos: Getty Images

O interessado pelo negócio foi o industrial Carl G. Fisher, que emprestou US$ 50 mil à Companhia Collins para o término da ponte que, ao ser inaugurada, no fim de 1913, tornou-se nada menos que a maior ponte de madeira do mundo. Em troca, Collins e Pancoast deram a ele 222 acres da Ocean Beach.

Miami Beach começou a se expandir com a ajuda dos amigos milionários de Fisher até 1926, quando um terrível furacão destruiu parcialmente a cidade. Poucos anos depois veio então a crise de 1929, a pior da história dos Estados Unidos, para arrasar de vez tudo. O curioso é que em Miami Beach teve efeito contrário. O motivo? Nessa época, vários hotéis estavam sendo construídos, o que gerou muitos empregos e grande movimento. Deprimidas, as pessoas vinham de outros estados em busca de diversão, sol e calor na Ocean Drive e na Collins Avenue.

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Miami na década de 30

Em 1940, mais um milagre: mesmo com o início da Segunda Guerra Mundial, a cidade ainda prosperava. Dessa vez por conta da Aeronáutica americana que a transformou em sua base aérea de treinamento, com todo seu pessoal de apoio ocupando hotéis, restaurantes e bares – além das praias para prática de exercícios.

O clima de Miami na década de 50 || Créditos: Getty Images
O clima de Miami na década de 50 || Créditos: Getty Images

Os anos 1950 foram de total esplendor arquitetônico com a construção de hotéis, auditórios, lojas (burdines) e teatros. Todos prontos para a comemoração do quadragésimo aniversário de Miami. O estilo art déco, tão em voga no momento, a partir daí começou a ganhar ainda mais personalidade e até um nome próprio: MiMo, que significa Miami Modern, com mais linhas retas e menos curvas. À noite, os grandes hotéis proporcionavam magníficos shows com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Count Basie e sua orquestra, Elvis Presley. Até os Beatles adoravam se apresentar ali, porque também eram aficionados pelo lugar.

A cara de Miami nos anos 70: o seriado "Miami Vice" || Créditos: Reprodução
A cara de Miami nos anos 70: o seriado “Miami Vice” || Créditos: Reprodução

A década de 1970 foi vital para o sucesso atual do destino. Foi graças à fundação da Liga da Preservação do Design de Miami, empenhada na preservação dos prédios, como também na organização e cuidado da região, com o intuito de atrair os jovens a se mudarem para lá pela oferta de aluguéis baixos. A cidade então começou a absorver cada vez mais imigrantes do Caribe e da América do Sul. Eram artistas, fotógrafos, cineastas, todos atraídos pelo clima ameno e pelos baixos custos das locações. Vários filmes, shows, eventos foram realizados ali, especialmente nos anos 1980, como a série Miami Vice, sucesso por cinco anos na televisão americana e de vários países.

A mansão de Gianni Versace em Miami || Créditos: Divulgação
A mansão de Gianni Versace em Miami || Créditos: Divulgação

Já os anos 1990 foram pontificados como a meca da indústria da moda. Como quase todas as campanhas eram feitas em Miami, as agências e as próprias modelos passaram a se estabelecer ali para fazer as campanhas de publicidade, revistas etc. Nessa época, vários personagens se tornaram notórios e locais: Gianni Versace comprou uma mansão na praia e vivia lá encantado até o dia em que foi assassinado na porta de casa; Madonna fervia nas boates até altas madrugadas; Sylvester Stallone levou a mamma para morar com ele e a família; Mickey Rourke era visto descalço com pés imundos (sou testemunha ocular) nos bares da Española Way…

O Miami Design District || Créditos: Getty Images
O Miami Design District || Créditos: Getty Images

A década passada marcou um novo momento, com Miami Beach transformada em centro referência mundial em arte e cultura. É base do Miami City Ballet e da New World Symphony, por exemplo. Em dezembro, a já consagrada feira de arte contemporânea, Art Basel Miami, atrai pessoas do mundo todo com eventos 24h por dia. Tudo isso, além de excelentes museus, como o Bass Museum of Art, o Wolfsonian-FIU e o novo Pamm (Pérez Art Museum Miami), com arquitetura e urbanismo deslumbrantes. Sem falar do Miami Design District, um bairro só de galerias de arte e galpões com suas grandes coleções particulares.

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