A modelo e cantora Urias, que saiu de Uberlândia, em Minas Gerais, para brilhar nas passarelas e colocar sua voz – literalmente – para jogo, tem se destacado no Brasil por seu talento e representatividade na lutam pelo direito de igualdade e respeito das transexuais.
Mesmo enfrentando preconceitos desde os tempos de escola recebendo até o rótulo de ‘criança diferentona’, Urias encontrou na arte uma maneira de ser quem ela é, se empoderar, expressar e levantar sua bandeira. Prestes a realizar o sonho do lançamento do primeiro álbum, ela conta o que espera do Brasil: “Ainda estamos lutando pra ter direitos humanos básicos.” Confira o papo completo. (por Luzara Pinho)
Glamurama: Procura, através da sua música, combater a transfobia? Qual mensagem quer transmitir aos fãs ao escolher ou compor uma canção?
Urias: Levando em consideração que tudo que faço é feito e vivido da perspectiva de uma pessoa trans, sim. Através da minha música, falo de várias coisas que passo pelo no meu dia a dia e a transfobia é uma delas. Ainda estamos lutando pra ter direitos humanos básicos, acesso à educação, saúde, mercado de trabalho e como artista não é diferente.
Glamurama: Como você enxerga a representatividade trans no cenário musical?
Urias: Creio que precisamos pensar agora em um próximo passo, representatividade é importantíssimo, mas precisamos falar sobre proporcionalidade. Quantas pessoas trans você conhece? Com quantas convive? Quantas você tem no seu ciclo de amizade? Quantas você apresenta para sua família?
Glamurama: Sempre foi seu sonho ser artista? Tinha alguma outra coisa que queria fazer quando era mais jovem?
Urias: Sempre fui para o lado mais artístico, tentei carreira acadêmica porque era a única coisa que me foi dada como opção. Mas tem uma hora que você precisa botar para fora tudo isso que você sente, de uma maneira que só você sabe como… É aí que entra a arte.
Glamurama: Em que momento percebeu que era a hora de deixar sua cidade natal, Uberlândia? Como foi esse processo?
Urias: Eu estava gastando muita grana indo e voltando do circuito São Paulo e Rio de Janeiro a trabalho e também estava perdendo oportunidades por não estar presente ou mais próxima dessas cidades. Por isso saí de Uberlândia, para poder trabalhar com o que gosto. Amo muito minha cidade e se pudesse estaria lá, por isso foi estranho vir morar em São Paulo, principalmente por conta do clima, sou uma garota que gosta de sol e calor.
Glamurama: No mês da Visibilidade Trans, o que você gostaria de alertar?
Urias: Ele existe exatamente para dar visibilidade a nossos problemas e questões perante a sociedade. Queria que esses problemas fossem pelo menos escutados e considerados, estamos falando sério, falando não, gritando.
Glamurama: Quais são os seus próximos projetos profissionais? E o que espera para o futuro?
Urias: Se tudo der certo lanço meu primeiro álbum esse ano. Estou muito feliz com isso, um sonho se realizando. Muito difícil esperar algo do futuro por conta do ano que passamos, mas espero que todo mundo tenha acesso à vacina logo.
Glamurama: Você é amiga de Pabllo Vittar, que também é um nome poderoso no universo LGBTQ+. Como é essa relação? E como ela se transformou ao longo do tempo? o que aprenderam juntas?
Neste caso, Urias preferiu não responder: “Ela não se sentiu à vontade”, explicou a assessoria de imprensa da artista.
*Em tempo: Pabllo e Urias são amigas há quase 10 anos e se conheceram em Uberlândia por conta de amigos em comum. Urias, inclusive, foi assessora pessoal da drag queen e elas eram inseparáveis. Estranho, né?
- Neste artigo:
- Dia da Visibilidade Trans,
- Urias,