A temporada especial de ‘Sob Pressão’ chega à tela da Globo nesta terça-feira e vai homenagear os profissionais que estão na linha de frente de combate ao Coronavírus. Quem entra para o time em ‘Sob Pressão – Plantão Covid-19’ é o ator Ravel Andrade, que viverá o protagonista, Evandro, em flashbacks que vão mostrar o médico na juventude, quando descobriu sua vocação para a medicina. A curiosidade fica por conta da parceria entre os dois na vida real e na ficção: Ravel é o irmão caçula de Júlio Andrade, que interpreta Evandro na fase adulta.
Em papo com Glamurama, Ravel fala de Júlio como o incentivador da sua entrada no mundo artístico: “Ele me levava para o teatro, eu ficava na coxia, nos sets de filmagem…”, além de revelar o desafio de viver Evandro na história de tanto sucesso, a série futura sobre o sociológico Betinho em que vai contracenar pela primeira vez com o irmão, mas ainda sem data de estreia. O ator ainda conta sobre a imersão na música e o orgulho que sente da namorada, a atriz Valentina Herszage, que fez sucesso ao viver Hebe na juventude na série biográfica sobre a apresentadora: “Ela me ensina muito”. Confira a entrevista. (por Luzara Pinho)
Glamurama: Em ‘Sob Pressão’ você vive o Evandro mais novo, personagem interpretado pelo seu irmão, Júlio Andrade. Como foi a construção do papel?
Ravel: Fiquei muito feliz quando soube que ia fazer o papel do Evandro. A ideia do Andrucha (Waddington) – diretor da série – de me chamar foi justamente por sermos parecidos. O Júlio é minha referência desde pequeno, queria fazer o que ele fazia e essa semelhança veio naturalmente, com o meu amadurecimento. Quando a gente conversou como seria feito o Evandro, pensamos em colocar alguns trejeitos do personagem, mas concluímos que o melhor a fazer era simplesmente ser o Evandro que eu imaginava jovem, porque ninguém conhece ele. O meu primeiro dia de filmagem foi o último dele. Quando fiz a minha primeira cena, ele estava no set e foi uma benção, e o Andrucha deixou ele dirigir. Foi lindo! É um privilegio ter um irmão mestre.
E nós já dividimos o mesmo papel no filme “Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho”, em que ele fazia o Paulo mais velho e eu jovem, compartilhamos a vida o tempo todo. De alguma maneira fui ficando muito mais parecido com ele nos trejeitos, voz e ele parecido com o meu pai.
Glamurama: Qual o maior desafio desse projeto?
Ravel: Trabalhar com essas pessoas que admiro. Acompanho a série desde o início e vi a trajetória do meu irmão, a criação do personagem, os dramas. A gente sempre fica um pouco inseguro quando está com os mestres, mas fui acolhido de uma forma linda. Então vi que o desafio estava vencido.
Glamurama: A temporada aborda como os profissionais da saúde estão trabalhando no combate da Covid-19. Como analisa essa situação na vida real?
Ravel: Os médicos têm sido nossos heróis. É uma situação difícil, uma surpresa quando o vírus chegou, muitas pessoas morrendo. Precisamos abrir os olhos para a ciência e à medicina, confiar neles porque estão na linha de frente para salvar vidas, longe de seus familiares e doando a saúde e vida deles. Temos que homenagear, dar valor, bater palmas na janela. A série retrata isso muito bem, é verdadeira. Todas as temporadas e casos são reais. O Lucas Paraizo, que é roteirista, incorpora muito isso. O Márcio Maranhão (médico que escreveu o livro que inspirou o filme e a série), estava sempre no set. A série vai mostrar para as pessoas essa dificuldade de estar na linha de frente.
Glamurama: A cultura tem enfrentado dificuldade e a pandemia só piorou a situação. Qual a saída mais viável para mudar esse cenário?
Ravel: O artista sempre se adapta e não consegue ficar parado e está sempre inventando algo. Claro que dá para fazer coisas em casa, mas o artista precisa do dinheiro para sobreviver. A nossa vida é meio incerta, sempre tem a insegurança. Muita gente se viu sem esperança, sem saber o que fazer. Eu me mobilizei com alguns grupos e artistas do cinema e teatro para arrecadar dinheiro. No sentido da arte, a gente consegue se reinventar. O grande lance é se ajudar.
Glamurama: Quais trabalhos que mais te marcaram? Por quê?
Ravel: Eu fiz ‘Sessão de Terapia’ há uns seis anos e esse trabalho me mostrou o caminho da profissão porque exigiu muita dedicação. Além da intuição artística, tinha que ter o estudo para entender o texto – que era muito – e a história. O Selton (Mello), que também dirige a série, é outro mestre e o trabalho foi um divisor de águas. ‘Onde Nascem os Fortes’ também foi um grande aprendizado por trabalhar com o José Luiz Villamarin. No teatro fiz ‘Laio & Crísipo’ que foi incrível, minha escola e um dos trabalhos mais apaixonantes.
Glamurama: E os próximos projetos?
Ravel: Antes da pandemia estava rodando a segunda temporada de ‘Aruanas’ e assim que tudo voltar ao normal vamos retomar. Eu também vou voltar com a peça ‘Novos Baianos’ e vai rolar, ainda sem data, a série sobre o sociólogo Betinho, no Globoplay. Eu vou fazer o Chico Mário, irmão mais novo dele, e o Júlio será o Betinho. Dessa vez vamos contracenar.
Glamurama: Em que momento sentiu que essa era a carreira que queria seguir?
Ravel: Quando vi meu irmão fazendo teatro. Ele foi o grande cara da minha vida, me ascendeu para esse mundo da arte. Eu tinha três anos de idade quando o Julinho saiu de casa para fazer teatro. Somos em quatro irmãos, mas ele se identificava muito comigo, que era o caçula. Ele me levava para o teatro, eu ficava na coxia, nos sets de filmagem. Com seis anos me deu meu primeiro violão e com 15 anos decidi de fato estudar teatro. Morava em Portugal com meus pais e jogava bola lá. Liguei para o meu irmão, estava meio ‘deprê’ e falei que queria voltar para o Brasil. O Júlio me levou na Casa de Teatro de Porto Alegre e o diretor, Zé Adão Barbosa, me deu uma bolsa. Eu trabalhava no café à tarde e fazia aula de noite. Descobri que minha intuição estava certa e fui cada vez mais me aprofundando nessa profissão e nesse modo de vida.
Glamurama: Fala um sobre sobre o seu trabalho com a música. Está investindo nessa arte?
Ravel: Desde que ganhei o violão do Júlio toco intuitivamente. Com 19 anos comecei a compor música e tocava para a família e os amigos. Na novela ‘Rock Story’ conheci o Danilo Mesquita e fizemos uma dupla voz e violão, alguns sarais no Rio de Janeiro e decidimos montar a banda ‘Beraderos’. Lançamos uma música ano passado e vamos lançar mais uma em outubro nas plataformas digitais. O disco vem no início do ano só com música autoral. Estamos em pleno voo.
Glamurama: Sua namorada, Valentina Herszage, recentemente fez sucesso ao interpretar Hebe. Vocês fazem parte de uma nova geração de atores. Como é isso para você?
Rael: Desde a primeira vez que conversamos já sabia que ela era uma estrela. Ela fez o filme “Mate-me Por Favor’ que é uma obra-prima. Todo o trabalho que ela faz e eu faço, a gente se ajuda. Ficamos em casa pensando nas coisas, em como poderia ser, problematizando as histórias. É maravilhoso fazer parte dessa nova visão e geração que vêm surgindo e a admiro os amigos que estão nessa caminhada. É importante uma renovação assim, os atores mais velhos merecem uma importância porque são nossos mestres, mas é legal o olhar novo.
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