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Por Thayana Nunes

O jornal “The New York Times” o elegeu o “rei da rua Augusta”. Facundo Guerra, 39 anos, é sócio dos clubs Yatch, Lions e Cine Joia, e dos bares Volt e Z Carniceria. Mas, apesar disso, se diz um homem família. Sai apenas duas vezes por semana, adora ficar com a filha Pina (com a maquiadora Vanessa Rozan), de 9 meses, e prefere estar sozinho a circular em grandes turmas. Prestes a reabrir o bar Riviera, no centro de São Paulo, com o chef Alex Atala, o empresário fala com Glamurama.

– Saiu no “The New York Times” que você é o cara da noite em São Paulo… “Fiquei surpreso. Acontece muito de vir gringo para cá e eu funciono como um anfitrião, um guia. Esse repórter americano, que mora no Rio, foi no Z Carniceria e ficamos conversando por duas horas. Não imaginava que ia fazer uma matéria desse tamanho.”

– Deve ter dado um retorno importante para você. “Recebi umas 30, 40 mensagens de pessoas de fora, muita gente de Nova York falando que tinha lido a matéria e que agora quer vir a São Paulo. Acho que está entrando no imaginário dos gringos que diversão não é só o Rio de Janeiro. Que aqui é muito legal.”

– Quem teve a ideia de reabrir o Riviera, você ou Alex Atala? “Não o conhecia. Temos muitas coisas em comum, moto, faca, enfim, um universo parecido. A gente começou a se seguir no Instagram até que nos apresentaram. Ele me falou que queria abrir um negócio comigo e perguntou se eu tinha ideia de algum lugar. Três semanas depois voltei dizendo que havia encontrado o Riviera. Ele vai ficar responsável pela gastronomia e pelos drinks e eu pela programação musical e administração.”

– E por que o jazz? “Vi que estava faltando um bom lugar de jazz em SP. A noite daqui não falta nada. Têm muitos restaurantes, lugares de música eletrônica e rock, o oposto de cidades como NY, Paris, Los Angeles, Chicago. A ideia que eu tenho de jazz em SP são bares com os quarentões. Nosso lugar é para um público mais jovem, que não tem opção.”

– Achava que você era mais do rock… “Sempre gostei de jazz. Comecei a ouvir música muito tarde, tinha uns 22 anos. Acompanhava muito pouco, falo que não tive uma educação musical, não tinha o hábito. Tive uma infância um pouco dura. Tinha uma TV e um rádio na sala e todo mundo queria ver TV. Eram sete pessoas no mesmo apartamento. Não tive walkman. Meus primeiros CDs vinham em fascículos em jornais e eram de jazz e blues. Fui conhecer o rock e o eletrônico tarde. Mas para você ter uma noção conheci o David Bowie há pouco tempo.”

– O Riviera não vai seguir os altos preços dos restaurantes paulistanos? “Concordo que é um abuso em São Paulo. É difícil, a pressão econômica sempre vai existir, temos uma arquitetura legal, um cardápio legal, mas não vai ser caro. Não queremos trair a história do Riviera.”

– Falando em dinheiro, você não tem medo da especulação imobiliária na região da Augusta? “Acredito que a cidade é vida. A pressão econômica sempre vai existir. Enquanto o dinheiro for mais importante que a cultura isso vai acontecer. Mas se isso acontecer, a cultura vai ocupar outros espaços. Ainda tem o Bom Retiro, a Liberdade, tem muito espaço para crescer ainda. A Augusta é viva. Atendeu à elite, marginais. No final, ela vive o que tem que viver.”

– Você, afinal, é um cara da noite? “Trabalho muito durante o dia, por isso não saio sempre. Mas estou na noite duas vezes por semana. Se saísse diariamente, ficaria destruído. Tenho uma filha, não tenho babá. Troco fralda, dou banho, coloco para dormir. Todo o meu tempo livre deposito nela. Ela é minha grande motivadora. Sou muito família. Estou numa fase diferente. Não quero mais acumular lixo, tranqueiras, relógio velho, que eu gostava de colecionar. Acho que estou chegando aos 40, por isso.”

 

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