Única mulher a emplacar uma indicação na categoria de Melhor Álbum do Ano no Grammy deste domingo, Lorde marcou presença no evento em clima de protesto. Mas nada a ver com o polêmico show que ela faria em Tel Aviv em junho e que cancelou no fim do ano passado, por causa de reclamações de seus fãs. É que a cantora neozelandesa não gostou nadinha de ter uma performance solo que planejava fazer na maior premiação da música negada por seus organizadores, que ofereceram a ela apenas a chance de se apresentar junto com outros artistas durante uma homenagem para Tom Petty, que morreu em outubro.
Sendo assim, a intérprete de “Green Light” achou por bem dar as caras no tapete vermelho com um poema da artista neo-conceptual americana Jenny Holzer, membro da geração de feministas que começou a se destacar a partir de meados dos anos 1980 usando e abusando das palavras e objetos visuais, estrategicamente
costurado no vestido Valentino vermelho que usou. Traduzido, o textão intitulado simplesmente “Inflammatory Essay” (“Ensaio Inflamatório”) diz o seguinte:
“Alegrem-se! Nossos tempos estão intoleráveis. Criem coragem, pois o pior é um presságio do melhor. Apenas uma circunstância terrível pode precipitar a queda dos opressores. O antigo e o corrupto devem ser destruídos antes que o justo possa triunfar. A contradição será aumentada. O julgamento será acelerado pela semeação das sementes de distúrbios. O apocalipse florescerá”.
Pra completar o pacote empoderador, a mãe da cantora, Sonja Yelich, ainda postou no Twitter a foto de um artigo recente publicado pelo “The New York Times” com o seguinte circulado em caneta azul: “Das 899 pessoas indicadas nos últimos seis Grammys, [um relatório indicou que] apenas 9% eram mulheres. Neste ano ano, Lorde é a única mulher indicada para o Álbum do Ano; ela não vai se apresentar. Isso diz tudo”, Sonja escreveu na legenda da imagem. Recado mais do que dado! (Por Anderson Antunes)