Se na Ucrânia os estragos causados pela guerra com a Rússia são visíveis em quase todas as esquinas, no país presidido por Vladimir Putin o clima é quase que orwelliano. A prova disso é um novo reality show que estreou recentemente em um canal de lá, e logo se tornou um dos programas mais assistidos e comentados pelos russos – apesar de ser homofóbico ao extremo, pra dizer o mínimo.
A atração em questão é a “I’m Not Gay” (“Eu Não Sou Gay”), apresentada pelo deputado russo Vitaly Milonov, que já foi chamado de “maior inimigo dos gays”. E funciona basicamente assim: oito homens são confinados em uma casa, sendo que apenas um deles é gay, algo que os outros sete não sabem, mas precisam adivinhar durante testes, como um desfile de sungas, nos quais são desafiados a “provarem” sua heterossexualidade.
No fim de cada episódio, aquele que foi mais percebido como homossexual pelos outros é eliminado, e na grande final do programa os participantes héteros restantes que descobrirem que é o único gay entre eles ganham um prêmio de dois milhões de rublos russos (aproximadamente R$ 150 mil) para dividirem entre si. Do contrário, se o “homo original” não for descoberto, a bolada fica com ele.
Milonov tem um longo histórico de atitudes anti-LGBTQIA+, já sugeriu a castração química de homossexuais e até seu isolamento social. Achou pouco? Pois o político também tentou proibir a exibição de “Game of Thrones” na televisão russa, sob o argumento de que “um em cada dez personagens da série é um pervertido sexual”, e ainda processou Lady Gaga, a quem acusou de fazer “apologia” à homossexualidade.
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