Por Thayana Nunes
No Dia Internacional da Mulher, Glamurama traz um bate-papo com Ana Cañas, cantora e compositora paulistana que, em apenas três álbuns lançados – “Amor e Caos”, “Hein?” e “Volta” – conseguiu tocar o coração de mulheres de Norte ao Sul do país. Com 33 anos, fã de Ella Fitzgerald e misteriosa como toda mulher deve ser, ela não esconde suas fragilidades, mas mostra também a fortaleza do sexo feminino.
Depois de trabalhar com Ney Matogrosso – na direção de seu mais recente trabalho e a quem ela deve seu momento mais maduro – Ana convidou duas mulheres para os próximos projetos. Dora Jobim, neta de Tom Jobim, irá dirigir a gravação de seu primeiro DVD em maio, enquanto Vera Egito, mulher de Heitor Dhalia, irá ajudá-la no videoclipe de “Urubu Rei”. Ana se apresenta nesta sexta-feira no Sesc Santo Amaro, em São Paulo.
– Qual é o mistério de Ana Cañas? “Tenho os mesmos de todas as mulheres. Uma escritora francesa, Camille Claudel, que era apaixonada por Auguste Rodin, e acabou indo para o manicômio e faleceu sem viver o amor com ele, dizia: “Tem sempre alguma coisa de ausente que persegue a mulher’”. Chico Buarque também diz que mulher tem algum mistério, uma interrogação.”
– O que te dá mais felicidade hoje? “Vida simples, gosto de caminhar pelo parque, ficar com meu marido, com meus dois gatos, que são como meus filhos por enquanto. Cuidar das minhas plantas e, claro, sempre ter tempo para criar minhas músicas.”
– Como se sente fazendo show no Dia Internacional da Mulher? “Bem contente, é uma ocasião especial cantar nesta data. Mas acho bem louca essa história de ter um dia da mulher. Acho importante, mas não sei se temos que escolher um dia do ano, não entendo a relevância. Será que não é algo superficial? Mas tem tudo a ver com o meu momento, estou passando por uma fase mais feminina e devo muito ao Ney Matogrosso. Ele tem um olhar muito aguçado para essa questão. Ele é um artista completo, entende a energia feminina e masculina.”
– E como foi trabalhar com o Ney na direção do seu último trabalho? “Fui perdendo a feminilidade durante uma fase dura da minha vida. E ele me ajudou a aflorar minha sensualidade também. Me ajudou com um lado mais bicho, instintivo, com o meu figurino… Termino o show com a música ‘Mulher, o suficiente’, de Alzira Espíndola. Foi o Ney quem sugeriu. Ele me ajudou a resgatar a mulher dentro de mim.”
– Você fala abertamente que se afundou no álcool. “Não é um assunto tabu. Vivi um episódio difícil na minha vida pessoal e foi o encontro com o Ney que me abriu para a vida de novo. Ele me disse que droga é uma coisa que tem que ser muito bem administrada. Quem nunca bebeu demais? E ouvir isso dele, de um ídolo, foi maravilhoso. E vivi uma adolescência tardia (Ana começou a beber com 27 anos).”
– Uma brincadeira de criança para Ana. “Gato mia. Vivi a sensualidade mas de uma forma muito pura, no escuro”
– Uma responsabilidade de mulher.“A dignidade, o respeito aos gêneros. As pessoas precisam ter o direito garantido à felicidade. A mulher tem que se colocar, ter voz ativa e consciente. E quero ter filhos, tenho instinto maternal. É uma alegria que pretendo me dar.”
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