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Mano Brown, em foto divulgada no Facebook do grupo || Crédito: Klaus Mitteldorf

Glamurama deu de cara com Mano Brown no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na noite dessa sexta-feira. Ele estava sozinho, sentado na sala de embarque, esperando o voo que o levaria a Belo Horizonte, onde se apresenta neste sábado com seu novo disco, “Cores e Valores”. O líder do racionais MC’s não gosta de dar entrevistas. Recusou-se a ser fotografado quando dois garotos se aproximaram. Mas aceitou falar com Glamurama, e foi muito simpático: “Um parceiro me contou agora por telefone que ganhamos o melhor disco do ano [pela Rolling Stone Brasil]. Dá para o ego ficar um pouco inflado, né?”, brincou, após 12 anos sem um álbum inédito.

Por Denise Meira do Amaral

Glamurama – Por que o disco mereceu ser o melhor [nacional] do ano?

Mano Brown – Não sei se ele mereceu. Mas trabalhei muito nele. Gosto do lance dele ser curto e objetivo [são 15 trilhas em pouco mais de 30 minutos] e o lance dele retratar a época sem maquiagem. Porque você pode fazer disco totalmente fictício, mas o Racionais vai pelo caminho de tentar ser um documento de uma época, agradando ou não. Filosófico ou não. O importante é ser fiel, com todas as contradições. Se daqui a 100 anos quiserem saber como eram as periferias, o Racionais vai ser uma referência boa. Mas tem muita gente que preferia o Racionais de antigamente.

Glamurama – O que vocês mudaram de lá para cá?

Mano Brown – Tudo muda, mas as pessoas acham que o mundo tem que continuar como era antes. Se você pensar como há vinte anos, você vira um conservador. Aí mora o perigo. Aquela era outra época. Mas tem gente que fica apegado àquela lembrança. Eu era mais novo, inexperiente, era normal dar uma “moringada”. Mas fazia com o coração. As pessoas gostam dos sentimentos nus.

Glamurama – O que achou dos seus filhos atuando [Jorge e Domênica Dias estrelaram o filme de Fernando Andrade, “Na Quebrada”]? Eles querem seguir com a carreira?

Mano Brown – Eles têm talento. A menina está estudando teatro lá na nossa comunidade mesmo [Jardim São Luiz, zona sul de São Paulo], ela quer continuar. Ela e mais cinco amigas do teatro já fizeram até um monólogo. O menino está montando uma grife e ainda trabalha comigo. Ele não sabe ainda se quer ser ator. É difícil ser ator negro no Brasil. Ainda estamos na categoria temática.

Glamurama – Você é conhecido também por não dar muitas entrevistas. Por quê?

Mano Brown – Porque as pessoas precisam ter o que falar. Às vezes eu não tenho. Precisa saber também o momento de se esquivar. Não chega a ser uma estratégia, mas é uma técnica. É uma arte de sobrevivência.

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Capa do novo disco, “Cores e Valores

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