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Por Paulo Sampaio
Reunido na sala da Mesa Diretora da Câmara para deliberar sobre ressarcimentos de consultas médicas e interação com as Assembleias Legislativas dos estados, o grupo de parlamentares parece perfeitamente integrado com o ambiente. Em volta da mesa guarnecida de fórmica escura com cadeiras revestidas de curvim caramelo, a maior parte dos deputados veste ternos largos demais, usa penteados estilo “touca de meia” e sapatos de bico quadrado. A idade média estimada gira em torno dos 60. A única exceção é o segundo vice-presidente, deputado Fábio Faria (PSD-RN), 35 anos, impecável em um costume Dolce & Gabbana azul-marinho, gravata vinho Gucci e sapatos de bicos alongados Louis Vuitton. Com 90 quilos distribuídos em 1,90 metro de altura, cabelos lisos e compridos, ele mais parece um pajem envolvido com o trabalho assistencial da paróquia. Sua presença ali soa tão deslocada quanto seria a de Fernando Henrique Cardoso em um camarote da boate paulistana Disco. “Você vai colocar aí que eu sou um mauricinho, né?”, suspeita o deputado, quando reaparece, no turno da tarde, com outra sobreposição de grifes. Terno Ricardo Almeida, gravata Gucci (outra) e sapatos Salvatore Ferragamo.
Menino mimado
Como se vê, Fábio Faria tomou muito leite Ninho na infância. Nasceu rico, é bonito e foi bem encaminhado. Mas ele não gosta de assumir nenhum dos três privilégios. “Sou zero mimado.” Sua irmã mais nova, Janine, 27 anos, xodó do deputado, o desmente. “Meu irmão é lindo, brilhante, eu o adoro desde que eu estava no berço. (Demora três segundos para responder): Sim, ele é mimado, sim. Por todos nós.” Único filho homem do ex-deputado e atual vice-governador do estado Robinson Faria (que cumpriu seis mandatos e passou pelo PFL, PMDB, PMN e está no PSD), Faria foi criado pelos avós paternos. Seu avô era salineiro. O da parte da mãe, fazendeiro. Formado em administração de empresas pela Universidade Potiguar (UnP), ele conta que sempre foi “virador”. Lembra, em tom de bravata, que, aos 19 anos, vendeu seu Golf GTI para comprar a lanchonete da faculdade. “Quando terminava a aula, às dez e meia da noite, e a turma ia toda embora, eu começava a fechar o caixa”, conta.
Coluna social
Ao assumir a segunda-vice-presidência da Mesa Diretora, FF ganhou direito a carro maior, sala maior, staff maior (sem precisar abrir mão do gabinete 335, no anexo 4). Marise, a recepcionista, dá boas-vindas. A seu lado está Rosângela, a simpática secretária, que oferece sorridente chocolates Bis de morango, ou um pedaço de bolo de fubá, cappuccino. “Coca-Cola?”, pergunta Hebinete, o garçom. Hanna, a assessora de imprensa, ajuda nas apresentações. Ela trabalha com Emanuel. Abraão é o chefe de gabinete; e Guto, seu assessor. Valeska é da assessoria jurídica. Paulo Henrique, assessor de interação legislativa. Ezequiel acompanha projetos das comissões. Sandra é chefe da secretaria e Apetes Pacheco cuida do ressarcimento de despesas médicas. “Quem me conhece sabe que eu produzo, me articulo, participo ativamente das reuniões do partido. Todo ano trago mais de R$ 20 milhões para o meu estado. Construo creches, escolas, casas populares, hospitais, campos de futebol, destino verba para açudes e socorro o agricultor na seca. Mas isso não repercute tanto quanto uma notinha de três linhas em uma coluna social. As pessoas prestam muito mais atenção em coluna.”
As pessoas? Ex-namorado da apresentadora Sabrina Sato, Fábio Faria não gosta quando insinuam que ela o ajudou a compor a imagem de parlamentar-galã. Fica até ofendido se alguém dá a entender que, assim como o Dolce & Gabbana que ele está usando, Sabrina Sato funcionou como um acessório importante na construção de seu look. “Em três anos de namoro, não fomos a mais de quatro eventos juntos. Uma vez, quando eu estava em campanha no meu estado, ela subiu no palanque, contra a minha vontade, porque queria ver como era um comício lá de cima.” Ele argumenta que Sabrina não tem poder de conquistar votos para ele. “É como um pastor evangélico. No máximo, ele consegue uns fiéis.” Sabrina não é pastora, mas tem um número de fiéis bastante expressivo. Para dar um exemplo, recentemente ela postou no Instagram uma foto em que estava usando um modelo feito por Nathalia, a irmã estilista de Faria, e recebeu 16.430 curtidas. Durante a entrevista à PODER, o deputado desliga o telefone celular e comenta que era Romário. Diz que intercedeu para que o jogador desse uma entrevista para Sabrina. Naquele dia, ela estava em Brasília e pediu ajuda. “Ainda somos muito amigos.” Em janeiro, quando Sabrina viajou com a família para Orlando, Faria foi atrás para passar uns dias com eles. “Eu me dou muito bem com todos”, diz ele, que afirma estar sem namorada no momento. Nem mesmo pretendente.
Simplicidade
Fábio Faria passa o tempo todo tentando mostrar que é muito simples. E é mesmo. Não por causa das camisas Hering que ele diz usar no dia a dia, nem tampouco por fazer as refeições com os empregados na cozinha. A simplicidade de FF aparece quando afirma que presta ajuda desinteressada a prefeitos que não o apoiam, simplesmente porque quer fazer o bem à população carente. Ou quando ele sustenta que “atrapalha ser bonito”; que não namora celebridades, namora pessoas [“a Sabrina tem o público dela, não vai se meter em política”]. Quando explica que tem um Cherokee porque quem viaja muito para o interior do Rio Grande do Norte, como ele, para visitar municípios, precisa de um carro grande. Quando argumenta que morar em um apartamento na orla não é um luxo, já que “todo mundo em Natal mora de frente para o mar”. Entendeu?
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