Não tivesse sido o acidente fatal na Curva Tamburello, a “reta torta” do autódromo Enzo e Dino Ferrari de Ímola, na Itália, que tirou a vida de Ayrton Senna naquele 1º de maio de 1994 ainda tão tristemente lembrado por milhões de brasileiros, o maior piloto de Fórmula 1 de todos os tempos estaria completando 58 primaveras nesta quarta-feira.
Ariano do primeiro dia do signo, Senna se tornou sinônimo de determinação e inspira até hoje outros astros das pistas. Lewis Hamilton é um deles: fã confesso do brasileiro, o britânico até ganhou um capacete verde e amarelo da família dele no ano passado quando conquistou sua 65ª pole position, o mesmo número atingido pelo ídolo na carreira.
Sorte a nossa que Senna era, acima de tudo, um “fazedor” de grandes momentos, daqueles que a gente pode parar de vez em quando pra lembrar e tentar matar um pouquinho da saudade que aperta. Glamurama relembra a seguir 5 desses momentos do atleta que transcendeu o esporte. Confira:
O batismo do rei
Que tal começar voltando 34 anos no tempo? Talvez o primeiro grande momento de Senna, aos menos no cenário internacional, tenha sido no Grande Prêmio de Mônaco de 1984, que ele disputou a bordo de um nada competitivo Toleman TG184. Mesmo apesar da precariedade do carro, “Beco” (um dos apelidos dele) partiu da 13ª posição e em pouco tempo chegou ao segundo lugar, atrás apenas de Alain Prost, e afirmou mais tarde que só não chegou ao pódio porque a corrida foi encerrada antes do previsto quando conquistou a vice-liderança. Culpa da chuva forte, que certamente caiu para batizá-lo como o “Rei de Mônaco”: de tanto que venceu lá nos anos seguintes, esse foi outro epíteto famoso pelo qual ele ficou conhecido.
Manus x Machina
Outra de Senna no quintal dos Grimaldi: na qualificação para o Grande Prêmio de Mônaco de 1988, ele viveu aquilo que descreveu mais tarde como “uma experiência em outra dimensão”. O negócio é que o piloto atingiu uma velocidade tão descomunal com o novíssimo MP4/4 que é como se ele tivesse se fundido com o modelo campeão da McLaren à la “Manus x Machina”. A harmonia entre o homem e a máquina gerou um dos resultados mais impressionantes da história dele na F1, e lhe rendeu a classificação com 1,427 segundos, uma eternidade em se tratando de corridas de carros. A propósito, o relato posterior de Senna se encaixa na descrição científica de “hipnose da estrada”, um estado em que o motorista meio que entra em transe sem necessariamente se desligar do volante.
Lição de humildade
Um dos maiores rivais de Senna no universo da F1 certamente foi o inglês Nigel Mansell, o que torna o próximo grande momento do brasileiro ainda mais simbólico. No Grande Prêmio da Grã-Bretanha realizado em 1991 em Silverstone, Senna vinha de um começo de temporada repleto de vitórias que foi fundamental para que garantisse o tricampeonato naquele ano. Mas na terra da rainha Elizabeth II, por algum motivo, ele teve o azar de ficar sem combustível em sua McLaren justo quando parecia levá-la para o pódio. E o que aconteceu a partir daí entrou para a história dos esportes: em sua volta de desaceleração, Mansell parou do lado do colega brasileiro, ainda todo desanimado com seu carro, e lhe ofereceu uma carona, que foi pronta e humildemente aceita.
Herói da pista
Senna, aliás, já salvou a vida de um rival de pistas – literalmente! – e isso quando os dois estavam no meio de uma corrida importantíssima. A cena aconteceu no Grande Prêmio da Bélgica de 1992, quando Érik Comas perdeu o controle de seu carro na curva Blachimont do autódromo de Spa-Francorchamps, nos arredores das cidades de Spa, Stavelot e Malmedy em Liège, e bateu com toda a força na mureta do local. O impacto foi tão grande que o piloto francês desmaiou na hora. Senna apareceu logo depois, encostou sua McLaren perto do Ligier de Comas e desligou o motor do automóvel, que ainda estava rodando, evitando assim um incêndio. O brasileiro ainda segurou a cabeça do colega de profissão até a chegada dos paramédicos.
Tan, tan, tan…
Quando era questionado sobre o melhor momento da carreira em seus últimos anos, Senna sempre tinha na ponta da língua sua vitória no Grande Prêmio do Brasil de 1991. Além de simbolizar anos e mais anos de lutas pessoais e profissionais, ele finalmente se sagrou campeão em casa. Apesar de todos os feitos que já tinha conquistado naquela altura, ainda faltava esse para a conta do então bicampeão mundial. E, como tudo que o envolvia, foi um momento repleto de dramas e problemas técnicos do começo ao fim, com o piloto levando o carro quase que no braço e sem a terceira, quarta e quinta marchas, e tendo um colapso muscular logo depois de receber a bandeirada final. Recuperado, Senna voltou triunfalmente para os boxes e vibrou, aos prantos, do jeito que mais gostava: com a torcida. (Por Anderson Antunes)