FREUD REJEITA
Com certeza, Sigmund Freud (1856-1939) rejeitaria o livro “A Fuga de Freud”, do jornalista e cineasta britânico David Cohen, que a editora Record acaba de lançar. O pai da psicanálise era contra biografias e autobiografias.
* “Em 1925, Edward Bernays propôs ai tio, Sigmund Freud, que escrevesse uma autobiografia. Dizia ter recebido uma boa oferta de uma editora americana. ‘O que priva as autobiografias de valor é a teia de mentiras’, devolveu Freud. (…) Onze anos depois, o escritor socialista Arnold Zweig, amigo de Freud, pediu-lhe autorização para escrever sua biografia. Freud não se mostrou menos intransigente: ‘Todo aquele que escreve uma biografia está comprometido com mentiras, ocultações, hipocrisia, lisonja e até com encobrimento da própria falta de entendimento, pois a verdade biográfica não existe, e, se existisse, não poderíamos usá-la’.”
* É bem verdade que “Fuga de Freud” não chega a ser uma biografia, pelo menos não é denominada assim pelo autor, muito provavelmente por conhecer a opinião de Freud sobre o assunto, que ele cita antes do primeiro capítulo, em “Nota do autor”.
* O livro é anunciado como a história dos dois últimos anos de vida de Freud, a partir de 17 de março de 1938, quando houve a batida nazista em sua casa em Viena e todos os livros e documentos foram apreendidos e entregues ao “comissário” Anton Sauerwald, instruído a investigar e declarar o psicanalista de qualquer coisa. Mas David Cohen aborda também a infância de Freud, sexo, filhos, segredos de família e a vida cotidiana dos Freud, num arremedo de biografia que não se assume como tal.
* Por outro lado, sendo este o lado interessante do livro, o autor trata da detenção da filha de Freud, Anna, pela Gestapo; a saga por trás da assinatura do visto de saída de Freud e sua fuga para Londres (daí o título da obra), com passagem por Paris; e o episódio em que Sauerwald seria salvo dos processos contra os nazistas em 1947 por intervenção de Anna no último momento.
* Bem, Freud explicaria, fazendo referência ao seu querido Hamlet: “Não estava certo o príncipe ao perguntar quem haveria de escapar de uma sova se todos fossem tratados como merecem?”
OS MAIS VENDIDOS NA VILA 15 a 22/1
Ficção
1. “O Tempo Entre Costuras”, Maria Duenas (Planeta do Brasil)
2. “Solar”, Ian McEwan (Cia. das Letras)
3. “Fora de Mim”, Martha Medeiros (Objetiva)
4. “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, Edney Silvestre (Record)
5. “Queda de Gigantes”, Ken Follett (Sextante/GMT)
6. “Meio Intelectual, Meio de Esquerda”. Antonio Prata (Editora 34)
7. “A Resposta”, Kathryn Stockett (Bertrand Brasil)
8. “A Menina que Brincava com Fogo”, Stieg Larsson (Cia. das Letras)
9. “Querido John”, Nicholas Sparks (Novo Conceito)
10. “Caminhos da Lei”, John Grisham (Rocco)
Não-ficção
1. “Só Garotos”, Patti Smith (Cia das Letras)
2. “1808”, Laurentino Gomes (Planeta)
3. “1822”, Laurentino Gomes (Nova Fronteira)
4. “50 Anos a Mil”, Lobão e Claudio Tognolli (Nova Fronteira)
5. “Panelinha – Receitas que Funcionam”, Rita Lobo (Senac /São Paulo)
6. “Comprometida – Uma história de Amor”, Elizabeth Gilbert (Objetiva)
7. “Fé em Deus e Pé na Tábua”, Roberto Damatta (Rocco)
8. “Máfia – Padrinhos, Pizzarias e Falsos Padres”, Petra Reski (Tinta Negra)
9. “Mil Dias na Toscana”, Marlena de Blasi (Sextante)
10. “Vaudeville – Memórias”, Ricardo Amaral (Leya)
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