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ANTROPOFAGIA

A organização da 9ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre os dias 6 e 10 de julho, anunciou nesta terça-feira, 11, que homenageará o escritor, poeta e ensaísta Oswald de Andrade (1890-1954). Apesar de não haver nenhuma efeméride neste ano ligada ao tema (a mais próxima será em fevereiro de 2012, quando se comemorará os 90 anos Semana de Arte Moderna de 1922), a escolha foi justificada por ainda haver “muito a explorar sobre este pensador de uma miscigenação sem nostalgia da identidade (bem à frente, portanto, do atual discurso multicultural), o crítico da civilização técnica e, sobretudo, o criador de uma poética que restaura o arcaico para se libertar do passado”, afirma, no site da Flip, Manuel da Costa Pinto, curador do evento.

* O Modernismo brasileiro e a figura de Oswald de Andrade estão tão atrelados que não é possível falar de um sem falar de outro. Afinal, foi este autor que escreveu os dois mais importantes manifestos modernistas, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924) e o Manifesto Antropófago (1928), e ainda o primeiro livro de poemas deste movimento no Brasil, afastado de toda a eloquência romântica, “Pau Brasil” (1925), além de ter introduzido a prosa experimental no país, com “Memórias Sentimentais de João Miramar” (1924).

* Oswald de Andrade defendia a construção da identidade nacional e a renovação das letras e das artes brasileiras baseadas na multiplicidade cultural do país, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra. No Manifesto Antropófago, por exemplo, ele afirma:

* “(…) Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

* Queremos a Revolução Caraíba . Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

* A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

* Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaigne. O homem natural. Rosseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos.

* Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará (…).”

Oswald de Andrade, homenageado do 9ª Flip, e sua obras “Pau Brasil” e “Memórias Sentimentais de João Miramar”

ESTRANGEIROS

A organização da Flip também anunciou dois convidados internacionais do evento: o argentino Andrés Neuman, que lança neste ano seu primeiro romance no Brasil, “O Viajante do Século”, pela Alfaguara, e jornalista o norte-americano David Remnick, autor da biografia “A Ponte Vida e Ascensão de Barack Obama” (Companhia das Letras).

Por Anna Lee

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