O HOMEM QUE INVENTOU O NATAL
Teve uma época na vida de Charles Dickens (1812-1870), o mais popular dos romancistas ingleses da era vitoriana, em que ele estava afundado em dívidas e muito desanimado por conta disso. Então, pouco antes do Natal de 1843 – esse era um tempo em que as festas natalinas não tinham árvores decoradas, cartões ou presentes do Papai-Noel –, ele resolveu escrever um pequeno livro na esperança de ganhar algum dinheiro e acalmar seus credores. O livro foi oferecido a diversos editores, mas todos recusaram a publicação, e, como última cartada, Dickens usou o pouco dinheiro que tinha para lançar por conta própria “Um Conto de Natal”, sabendo que isso poderia representar o fim de sua carreira como romancista.
* Só que o que aconteceu foi justamente o contrário. O livro teve sucesso imediato e insuflou nova vida a uma data que caíra em desgraça, minado pelo persistente Puritanismo e pela fria modernidade da Revolução Industrial. Era uma época dura e lúgubre, em que havia uma necessidade desesperada de renovação espiritual.
* Explica-se: “Um Conto de Natal” é a história de Scrooge, um rabugento homem de negócios de Londres, sovina e solitário, que não demonstra um pingo de bons sentimentos e compaixão para com os outros. Ele não deixa que ninguém rompa sua carapaça e preocupa-se apenas com seus lucros. Numa véspera de Natal, Scrooge recebe a visita de seu ex-sócio, Jacob Marley, morto havia sete anos naquele mesmo dia. O homem diz que seu espírito não pode ter paz, já que não foi bom nem generoso em vida, mas que Scrooge tem uma chance, e por isso três espíritos o visitariam: O Espírito do natal Passado, O Espírito do Natal Presente e O Espírito do natal Futuro. Cada um destes espíritos faz uma revelação a ele e transformam sua vida.
* Bem, “O Homem que Inventou o Natal”, de Les Standiford, que está sendo lançando pela editora Nossa Cultura, agora, no Brasil, conta justamente esses bastidores da produção de “Um Conto de Natal” e como um escritor e seu livro renovaram a data festiva mais importante do mundo ocidental. Mas não só isso. Les Standiford toma o leitor pelas mãos e o conduz por um percurso pela vida de Dickens, contando em detalhes passagens da vida do escritor desde sua infância até a vida adulta. O livro também fala de seu auge como personalidade do mundo das artes e que ele, como escreveu Standiford, “era de longe o escritor que mais vendia livros no país, aclamado tanto por seus temas recorrentes – que retratavam apaixonadamente a miséria dos pobres e a presunção e arrogância dos ricos – quanto por seus poderes fascinantes como contador de histórias”.
OS MAIS VENDIDOS NA VILA 03 a 10/12
Ficção
1. “Pequena Abelha”, Chris Cleave (Intrínseca)
2. “Fora de Mim”, Martha Medeiros (Objetiva)
3. “Solar”, Ian McEwan (Cia. das Letras)
4. “A Cabana”, William P. Young (Sextante)
5. “Clarisse na Cabeça – Crônicas”, Clarisse Lispector / Teresa Montero (Rocco)
6. “O Tempo Entre Costuras”, Maria Duenas (Planeta do Brasil)
7. “Trem Noturno para Lisboa”, Pascal Mercier (Record)
8. “A Ilha Sob o Mar”, Isabel Allende (Bertrand Brasil)
9. “Luka e o Fogo da Vida”, Salman Rushdie / José Rubens Siqueira (Cia. das Letras)
10. “Queda de Gigantes”, Ken Follett (Sextante/GMT)
Não-ficção
1. “1822”, Laurentino Gomes (Nova Fronteira)
2. “Contra um Mundo Melhor – Ensaios do Afeto”, Luiz Felipe Ponde (Leya Brasil)
3. “Ligeiramente Fora de Foco”, José Rubens Siqueira / Robert Capa (Cosac & Naify)
4. “Vida – Autobiografia de Keith Richards”, Keith Richards (Globo)
5. “Vaudeville – Memórias”, Ricardo Amaral (Leya)
6. “Não há Silêncio que Não Termine – Meus Anos de Cativeiro na Selva Colombiana”, Ingrid Betancourt (Cia. das Letras)
7. “As Viagens mais Fantásticas do Mundo – 1.000 Alternativas de Lugares Surpreendentes e Poucos Explorados”, Dorling Kindersley (Publifolha)
8. “Comprometida”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)
9. “O Olhar da Mente”, Oliver Sacks (Cia. das Letras)
10. “1808”, Laurentino Gomes (Planeta)
por Anna Lee
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