“O POEMINHA DA PEDRA”
“Houve o tempo em que um trabalho miúdo e constante de difamação do modernismo tomava como exemplo da pior literatura o poema ‘No Meio do Caminho’”, afirma o poeta Eucanaã Ferraz, sobre o texto de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicado pela primeira vez na “Revista de Antropofagia”, em 1928, e posteriormente incluído em seu livro de estreia, “Alguma Poesia” (1930).
Esta declaração de Eucanaã Ferraz está na apresentação da nova edição de “Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema”, que o Instituto Moreira Salles lança nesta quarta-feira, 24, no Rio, a partir das 19h30, com direito à leitura dos aforismos de Drummond que estão em “O Avesso das Coisas” (1987), pelos atores Paulo José e Maria Luisa Mendonça.
“Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema”, concebido pelo próprio Drummond e publicado originariamente em 1967, com uma ampla seleção com o que foi dito sobre “No Meio do Caminho”, foi uma espécie de resposta do poeta mineiro à dura crítica recebida pelo “poeminha da pedra”.
A nova edição traz todo o conteúdo de sua versão original: texto de apresentação de Arnaldo Saraiva e fortuna crítica do poema mais discutido do modernismo literário brasileiro, além de duas seções inéditas: “Ainda a Pedra”, que complementa a seleção feita por Drummond com textos, charges e ilustrações sobre o poema posteriores a 1967; e “Biografia da Biografia”, que reúne resenhas e comentários sobre o livro desde seu lançamento.
Para lembrar:
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Por Anna Lee
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