Publicidade

MINISTÓRIAS E MAL TRAÇADAS LINHAS

O escritor curitibano Dalton Trevisan (1925-) é conhecido e reconhecido por seus contos, curtos e secos, irônicos e com humor mordaz. E é exatamente isso que ele faz na primeira parte do livro “Desgracida”, lançado recentemente pela editora Record.

“Ministórias”, título desta primeira parte, apesar de trazer textos inéditos, é uma espécie de mais do mesmo, e isso não é ruim. Às vezes, mais do mesmo é bom, e este é o caso aqui.

Já na segunda parte do livro, “Mal Traçadas Linhas”, aparecem cartas antigas que Trevisan enviou a amigos como Pedro Nava, Rubem Braga e Otto Lara Rezende, e, neste caso, apesar da novidade e curiosidade, algumas delas não precisariam ter sido publicadas.

Um exemplo é a carta que ele escreveu para Otto Lara Rezende em fevereiro de 1968 sobre “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa: “Falemos mal do Grande Sertão. Rompe você ou começo eu?”. E continua: “Um cronista genial, a mão leve de beija-flor, mas — ai de mim — romancista menor”. Mais: “A história menos plausível na literatura de travesti”, afirma ele para se referir à “inverossimilhança absoluta de Diadorim fêmea, uma dália sensitiva de fantasia”. Diadorim é a protagonista feminina de “Grande Sertão” que encobre sua real identidade, encarnando o papel do jagunço Reinaldo, e que desperta em Riobaldo (protagonista masculino) um amor incompreensível e perturbador.

A pergunta que fica: por que, a esta altura, Trevisan resolve publicar uma carta na qual se refere dessa maneira a um dos mais importantes livros da literatura brasileira e da literatura lusófona? Hoje, ele não precisa disso para se divulgar. E se é uma opinião da juventude que deixasse a tarefa para um biógrafo. Pelo menos ele reconhece que se trata de “mal traçadas linhas”.

Trevisan: contos e mal traçadas linhas

OS MAIS VENDIDOS NA VILA  06 a 13/8

Ficção

1. “A Ilha Sob o Mar”, Isabel Allende (Bertrand Brasil)

2. “Kafka de Crumb”, Robert Crumb (Desiderata)

3. “Nunca Fui Primeira Dama”, Wendy Guerra (Saraiva)

4. “O Homens que Não Amavam as Mulheres”, Stieg Larsson (Cia. das Letras)

5. “Surdo Mundo”, David Lodge (L&PM)

6. “Meus Problemas com as Mulheres”, Robert Crumb (Conrad)

7. “Genesis”, Robert Crumb (Conrad)

8. “O Aleph”, Paulo Coelho (Sextante)

9. “A Ilusão da Alma – Biografia de uma Idéia Fixa”, Eduardo Giannetti (Cia. das Letras)

10. “A Duração do Dia”, Adélia Prado (Record)

Não-ficção

1. “Comprometida”, Elisabeth Gilbert (Objetiva) “Efeito Sombra”, Vários (Lua de Papel)

2. “Ayrton Senna – Uma Lenda a Toda Velocidade: Uma Jornada Interativa”, Christopher Hilton (Global) 

3. “Fordlandia – Ascensão e Queda da Cidade Esquecida”, Greg Grandin (Rocco)

4. “Efeito Sombra”, Vários (Lua de Papel)

5. “1001 Maravilhas Naturais para Ver Antes de Morrer”, Vários (Sextante)

6. “Comer, Rezar, Amar”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)

7. “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel (Penguin & Cia das Letras)

8. “Clarice, – Uma Biografia”, Benjamin Moser (Cosac Naify)

9. “1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer”, Neil Beckett (Sextante)

10. “Taschen’s Paris”, Angelika Taschen (Taschen)

por Anna Lee

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Instagram

Twitter