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VIAGENS
Não é preciso ter pretexto para falar do escritor francês Jules Verne (1828-1905) ou indicar seus livros. Tenho boas lembranças das viagens que fiz com ele, na infância e na adolêscencia, pelas páginas de “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “Viagem ao Centro da Terra” e “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”. Ele foi um dos autores que primeiro me ensinou que a literatura pode nos transportar para lugares incríveis. Confesso mesmo que ainda hoje, vez ou outra, fujo para o universo de Jules Verne.
* Agora, se há um bom pretexto para falar de seus livros, melhor ainda. E o pretexto, o bom pretexto que arranjei foi o espetáculo “Les Naufragés du Fol Espoir”, do Théâtre du Soleil, que assisti na sua última sessão deste semestre, no dia 26 de junho, na Cartoucherie, antiga fábrica de munição do exército francês, no Bosque de Vincennes, nos arredores de Paris. A peça, com quatro horas de duração, mais de trinta atores e dirigida pela genial Ariane Mnouchkine, é inspirada no romance póstumo “Les Naufragés du Jonathan” (“Os Náufragos de Jonathan”), de Verne. A história se passa em 1914 e trata das filmagens de um filme mudo – por um cineasta de esquerda – que tem como tema o naufrágio de um navio a caminho do novo Eldorado na Austrália, na costa da Ilha Hoste, entre a Patagônia e a Terra do Fogo. O sonho dos náufragos é construir no deserto gelado da região uma nova sociedade mais justa.
* Ariane aposta num teatro artesanal e de grupo, no qual não há atores principais e todos fazem tudo: desde a iluminação até a mudança de cenários diante do público, quebrando a ilusão teatral que separa plateia e elenco. O importante ali é a montagem, é expor o processo de construção da peça, que é coletiva. E o espetáculo do Théâtre du Soleil começa bem antes das cortinas do palco subirem. São os atores, inclusive a própria Ariane, que recebem e atendem o público durante o almoço ou jantar, dependendo do horário, que é servido antes da encenação.

Ariane Mnouchkine faz teatro artesanal inspirado em Jules Verne
EM OS NÁUFRAGOS DE JONATHAN…
… editado em 1909, quatro anos após a morte de Jules Verne, Kaw Djer, um proscrito, vive na ilha do Estreito de Magalhães, a ilha Hoste. Anarquista, ele abandonara o mundo civilizado, por não conseguir conceber outro principio social que não fosse o que levasse em conta a liberdade de cada indivíduo, preferindo a vida primitiva dos habitantes desse lugar. Porém, um navio americano, o Jonathan, naufraga nessas longínquas terras; seus passageiros são emigrantes que uma companhia colonial recrutou na Califórnia para viver na África. Eles desembarcam na ilha fazendo uma grande confusão e desordem, e Kaw Djer se vê obrigado, a contragosto, a dirigir e organizar a vida social dos recém-chegados.
* Daí surge uma cidade e a experiência de uma nova sociedade, mas o empreendimento não tem sucesso. Políticos socialistas e comunistas se mostram incapazes de se organizarem em coletividade.
* A fome aparece no inverno e a população se divide em dois grupos, que entram em guerra entre si. Pela segunda vez, Kaw Djer aceita a função de dirigente, restabelece a ordem, reorganiza a agricultura e o comércio e derrota uma invasão dos patagônicos, mas assiste impotente à chegada de aventureiros atraídos à ilha pelo ouro, quando são descobertas algumas pepitas.
* A desordem reinstala-se e Kaw Djer vê-se obrigado a disparar contra os mineiros em revolta, resultando na morte de mais de mil pessoas. Finalmente, Djer abdica, refugiando-se na ilha de Hornos para se entregar a uma vida solitária.

Em “Os Náufragos de Jonathan”, Jules Verne fala de uma nova sociedade

AGENDA DA VILA –  05 a 11/7
LV FRADIQUE
7/7 – Quarta –
Curso: Repensando Carreiras Através de Histórias de Vida, com Elaine Schevz. Até a 26/7, seis encontros, segundas e quartas, das 19h às 21h30. Valor: R$ 380, com vale-livro de R$35.
LV LORENA
7/7 – Quarta –
Lançamento do livro: “Manual de Sobrevivência para Suicidas”, de Nick Farewell. Das 19h às 22h. Piso térreo.
* Lançamento do livro: “Coligações Partidárias na Nova Democracia Brasileira – Perfis e Tendências”, org. Silvana Krause, Humberto Dantas, Luis Felipe Miguel. Das 19h às 22h. Piso superior.
MOEMA
08/7 – Quinta –
Lançamento do livro: “Administração Gerencial – Uma Revolução na Área Pública”, org. Ulisses Sales. Das 18h30 às 21h30. Piso Térreo

Por Anna Lee

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