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INTELECTUAL DO ANO

A escritora Lygia Fagundes Telles, 86, recebeu o troféu Juca Pato de Intelectual do Ano de 2008, numa cerimônia na noite da segunda-feira, 30, na Faculdade de Direito da USP. O troféu foi entregue pelo crítico literário Antonio Candido, 91, que recebeu a distinção no ano passado. Ele disse considerar a obra da escritora como “moderna sem ser vanguardista”.

Lygia Fagundes Telles: intelectual do ano

OBRA

Entre os romances de Lygia Fagundes Telles está “As Meninas”, publicado em 1973 e com o qual ela arrebatou importantes prêmios como o Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras, o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e o de "Ficção" da Associação Paulista de Críticos de Arte.

“As Meninas” trata da trajetória de três jovens universitárias que, num pensionato de freiras paulistano, começam a vida adulta de maneiras distintas. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia, por fim, milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso.

A narrativa de Lygia em “As Meninas” transita entre a primeira pessoa e a terceira, assumindo ora o ponto de vista de uma ora de outra das protagonistas. E a obra foi considerada de grande coragem na época de seu lançamento, durante da Ditadura Militar, por descrever uma sessão de tortura. Ao longo dos tempos, o livro acabou por se tornar um dos mais aplaudidos pela crítica e também um dos mais populares entre os leitores da autora.

Sobre a obra, Otto Maria Carpeaux afirmou: “Lygia Fagundes Telles tem realmente algo da delicadeza atmosférica de uma Katherine Mansfield. A diferença é apenas a seguinte: ela também sabe escrever romance e ‘As Meninas’ é mesmo um romance de alta categoria”.

Leia um trecho do livro aqui.

Livro corajoso

E não se pode falar de Lygia Fagundes Telles sem citar o trecho do conto “Verde Lagarto Amarelo”, que está no livro “Antes do Baile Verde”, onde ela claramente fala do que se trata o ato de escrever:
(…) “Com a ponta da língua pude sentir a semente apontando sob a polpa. Varei-a. O sumo ácido inundou-me a boca. Cuspi a semente: assim  queria escrever, indo ao âmago do âmago até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto.”

O ato de escrever

Por Anna Lee

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