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RAIO X

No ano passado os preços dos livros no Brasil caíram, mas, por outro lado, a produção também caiu. Isto foi o que mostrou a pesquisa “Produção e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro 2008”, divulgada ontem (terça-feira, 11/8) pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O trabalho foi realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP).

* A pesquisa sobre os preços de livros, que levou em conta o período entre 2004 e 2008 e avaliou todos os gêneros, concluiu que o valor médio por unidade vendida variou de R$ 8,58, em 2004, para R$ 8,00, em 2008; uma variação muito pequena na verdade. Vale lembrar que esse resultado sai justamente pouco depois de o presidente Lula e o ministro da Cultura, Juca Ferreira, criticarem os preços altos dos livros durante o lançamento do vale-cultura no final de julho.

* Quanto à produção total, a pesquisa mostrou uma queda de 3,17% de 2007, que teve 351,4 milhões de exemplares produzidos, para 2008, com 340,2 milhões. Em faturamento, o maior crescimento ocorreu no subsegmento “Religiosos”, com incremento de 18,42% sobre 2007, chegando a R$ 323,4 milhões em 2008. Para saber mais dados da pesquisa acesse o site da CBL.

ÓPERA URBANA

Caetano Veloso já cantou a dura poesia concreta das esquinas de São Paulo, ou melhor, de Sampa. E todo mundo que já cruzou a Ipiranga e a avenida São João sabe que aí alguma coisa acontece no coração. Não à toa a Cosac Naify escolheu a capital paulista como tema dos primeiros quatro livros da coleção Ópera Urbana – elaborada para adolescentes que vivem nas grandes metrópoles e que tem como objetivo traçar um novo perfil dos espaços urbanos, com cor, ritmo e pulsação. Em cada livro, um símbolo da cidade passa de cenário a protagonista, mas com o detalhe de que se tratam de espaços universais, como o cemitério, o parque de diversões, a área verde e a avenida principal.

* No caso de São Paulo, foram escolhidos o cemitério da Consolação, o parque Ibirapuera, a avenida Paulista e uma espécie de viagem pela história dos parques, com fotos que mostram o aperfeiçoamento da montanha-russa e de outros brinquedos. Em “A Cidade dos Deitados”, Heloisa Pietro aposta que não é preciso ser gótico para se divertir com uma história do além. A trama começa quando, à meia-noite, de uma sexta-feira 13, uma garota foge de uma festa sem graça e o pneu de seu carro fura em frente ao cemitério. E, nas ilustrações, Elizabeth Tognato mostra referências do mundo gótico, punk e rock’n’roll. * O libreto ainda traz diversas informações sobre o tema: sugestões de filmes e bibliográficas, poemas, túmulos de famosos, entre outras. Já o “Surfando na Marquise” tem como protagonista o parque Ibirapuera, numa narração-descritiva de Paulo Boise, que se passa no dia 25 de janeiro, dia do aniversário de São Paulo. Um surfista prateado passeia pelas ondas da cidade, do centro até o parque, sendo que a história também é contada pelas placas e sinais gráficos que permeiam as páginas, o que resulta numa espécie de livro-imagem.

* Por meio das ilustrações de Daniel Kondo, os olhos do leitor se posicionam sobre os do narrador e o acompanham num passeio pelo verde do parque e pelas tribos que o frequentam: punks, skatistas, patinadores, ciclistas, bad boys. Um pai que passou a adolescência na década de 1970, durante a Ditadura Militar, e o filho que vive seus treze anos hoje, no século XXI, são os narradores de “Montanha-Russa”. Em meio a loopings e carrinhos bate-bate, Fernando Bonassi conduz o leitor por esse encontro de gerações, que é ilustrado por Jan Limpens, com inspiração na linguagem do videogame e do universo HQ.

* Para completar a série, Carla Caffé colocou a maior avenida de São Paulo na ponta do lápis, produzindo o “Av. Paulista”. A autora percorre esse símbolo paulistano do início ao fim retratando sua evolução ao longo de mais de cem anos, por meio da arquitetura dos prédios. Carla foi para as calçadas, o metrô e as galerias para desenhar o esqueleto da avenida com seus helipontos e edificações, como MASP, parque Trianon, SESC, Casa das Rosas e Conjunto Nacional, mostrando também sua dimensão cultural. A coleção Ópera Urbana é organizada por Augusto Massi, Heloisa Prieto e Daniel Kondo, e o lançamento acontecerá na próxima sexta-feira, 14, às 19h30, no SESC da avenida Paulista, com bate-papo com Soninha Francine, Didi Wagner, Carla Caffé e Valdenice Minatel. Os quatro livros foram feitos para adolescentes, mas posso garantir que também vão a agradar o público adulto.

Carla Caffé, Paulo Bloise, Heloisa Prieto, Fernando Bonassi: boas pedidas

Por Anna Lee

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