Anda difícil – muito difícil, por sinal – a vida de Isabel dos Santos, a polêmica angolana que é considerada a mulher mais rica de toda a África. Dona de um patrimônio pessoal estimado, por baixo, em US$ 1,5 bilhão (R$ 8,62 bilhões), e há tempos alvo constante de acusações de envolvimento em corrupção, a bilionária desde 2013 está com a maior parte de seus bens congelados por Portugal, onde ficam seus maiores investimentos, desde dezembro do ano passado, quando as autoridades de lá encontraram cerca de US$ 57 milhões (R$ 327,6 milhões) supostamente depositados ilegalmente por ela em um banco de Dubai.
Sem acesso ao dinheiro, Isabel, de 47 anos e casada com o colecionador de arte angolano Sindika Dokolo, afirmou recentemente à justiça de Angola que já está tendo dificuldades para bancar suas despesas básicas. Filha do ex-presidente do país, José Eduardo dos Santos, que renunciou em 2017, Isabel é uma das principais acionistas da petroleira estatal angolana Sonangol e também da Altice Portugal (ex-Portugal Telecom) por meio de uma fatia de quase 5% que mantém na Telefónica, controladora da gigante de comunicação lusitana.
O problema, afirmam seus acusadores, é que todos esses ativos foram adquiridos de maneira nem tão transparente assim, e com trocas de facilidades durante as quase quatro décadas em que o pai dela, de 77 anos, foi o líder de Angola. “Nossa cliente paga a maior parte de seus impostos na Europa, o que não é crime, mas também é a maior pagadora de impostos de Angola”, os advogados de Isabel argumentaram recentemente em uma ação arquivada em um tribunal angolano na qual pedem o descongelamento de sua fortuna. “Isso não passa de perseguição política, querem culpá-la pela quebra do país [Angola]”, completaram. (Por Anderson Antunes)
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