Levamos para o Teatro Viradalata, em São Paulo, uma turma que nasceu para o palco. Eles brilham sempre: seja na maneira de se vestir, de encarar a rotina ou, simplesmente, de fazer carão. Aqui, o close é sempre certo… e tem drama de sobra, tá?
Por Thayana Nunes para a Revista J.P de Junho || Fotos André Giorgi
LIA PARIS
Moda, música, circo e poesia compõem o universo de Lia Paris, cantora paulista que vem se destacando no cenário pop brasileiro. E motivos não faltam para isso acontecer: primeiro porque ela não passa despercebida. Seus looks são sempre superpensados e às vezes tão excêntricos e dramáticos que ela mais parece a Lady Gaga. Segundo, porque ali tem personalidade de sobra. “Misturo tudo isso com a música, que é minha plataforma principal. A performance no palco é reflexo de tudo o que vivi e da vontade de explorar cada vez mais esses caminhos fluidos da expressão artística.” Enquanto se divide entre apresentações no Brasil e fora dele com o projeto multimídia Lva Vermelha, ela busca o equilíbrio. “As emoções são o fio condutor da nossa existência.”
RENATO LARINI
Quem esbarra com Renato Larini e seu bigode à lá Salvador Dalí sente algo meio surreal no ar. No entanto, ele se sente “um transeunte quase que invisível na Pauliceia, um homem comum”. O dono do Espaço Zebra, um mix de galeria de arte e bar em São Paulo, conta que leva a vida influenciado pela psicodelia e o punk que conheceu ainda nos anos 1970 e que isso não é nada consciente: ele só não gosta daquela estética arrumadinha. “Odeio cópias, réplicas e subprodutos – prefiro o original. Meu jeito de vestir, meu bigode e meu cabelo são um prolongamento do modo como escolhi viver”, diz ele, que está voltando a ensaiar com a Problematique Orchestra, sua banda performática que mescla música com a narração de textos literários.
NEZA CESAR
Tudo o que Neza Cesar faz tem tanta emoção que seria impossível não pensar na decoradora para este ensaio. É só conhecer seus projetos supercoloridos ou bater um papo com ela para ficar envolvido pela sua energia e suas histórias cheias de vida. Ela sempre foi assim: pisciana e com um que para o drama. “Sou muito emocional!”, clama ela, ao se enrolar em boás para as fotos. Mas os tempos têm sido mais calmos para Neza, que sempre gostou de levar uma vida agitada e cercada de gente. Agora ela se divide entre sua casa em São Paulo e o sítio de São Francisco Xavier, onde mantém um ateliê de criação de móveis, o Studio Green Lab, e recebe poucos clientes. Por ali, quem aplaude essa energia toda é o marido, Sergio De Divitiis, e o fofo boxer Gompo.
ANA CAÑAS
Apesar da voz calma e olhar sereno, suas apresentações são quase viscerais. Ana Cañas é puro poder quando está no palco e até sua cabeleira entra em cena como parte do show. Para quem não sabe, a cantora é formada em Artes Cênicas, ama discutir sobre Freud, participar de saraus na casa dos amigos até altas horas e tem um jeito todo teatral de se vestir. Coisa de artista. “Na minha intimidade, sou tranquila, contemplativa, observadora. Muito diferente do palco, que é para mim um portal, algo onírico e misterioso, arrebatador. Se eu levasse a intensidade do palco para o cotidiano, creio que enlouqueceria – no bom sentido – , e a todos que me cercam”, afirma. E enquanto vive nessa dualidade, continua compondo e cantando, “feliz e grata” – ela lança no segundo semestre seu próximo disco.
DUDU BERTHOLINI
Diretor artístico de festival de música, ator, figurinista de programa de TV, apresentador “caça-talentos” do universo fashion… Desde que abriu o leque de trabalho e deixou o comando da Neon, marca que agora só trabalha com licenciamentos, Dudu Bertholini faz sucesso em tudo que participa e está sempre cheio de novidades. No alto de seu 1,92 metro, parece um verdadeiro monumento, exuberante, cheio de personalidade e único. Não existe ninguém igual a ele no Brasil. Mas, apesar de viver para um palco, o estilista também precisa de uma temporada longe do agito. Para isso, escolhe sempre as cachoeiras e o silêncio da Chapada dos Veadeiros, em Goiás – local para onde foge quando tem um tempinho.
DUANI
Duani não é muito de participar de ensaios de revista, mas ficou curioso com o convite da J.P. “Queria saber o que o universo e a Joyce estavam trazendo para mim”, brinca ele, enquanto segura uma corrente de escorpião, daquelas bem grossas e comuns entre a turma do hip-hop. O cantor, multi-instrumentalista e produtor musical está por trás de quase todo os shows mais bacanas – mesmo! – do Brasil. Seja de black music, R&B, pop, samba, funk… Ele também adora um palco, nasceu para isso. Aos 14 anos, já fazia parte da trupe de Alcione e, hoje, ao lado da mulher, Mariana Aydar, vive de música. E, mesmo dizendo ser mais discreto, Duani descobriu as redes sociais: no seu Instagram (@duaniduani), ele adora mostrar a cara e os bastidores do seu dia a dia.
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