Há uma semana, os fãs de Moraes Moreira levaram um susto. A produção do cantor baiano anunciou que ele não se apresentaria em dois shows e acabou até sendo substituído por Geraldo Azevedo em uma das apresentações. O motivo foi uma gastrite, que acabou levando o cantor ao hospital para uma série de exames no Rio. Passado o sufoco, Glamurama conversou com o cantor que, apesar da indisposição, continua a mil: junto com a turnê “Acabou Chorare”, que desde 2012 homenageia os 40 anos do CD homônimo dos Novos Baianos, Moraes está lançando seu terceiro livro, “O ABC de Jorge Amado”.
Escrito em linguagem de cordel e inspirado pela música “Feito Jorge Ser Amado”, composta em 2012 durante o centenário do escritor baiano, o livro é um delicioso passeio pela vida e obra de Amado por meio de ilustrações, música e poesia. À palavra, Moraes Moreira.
– Como Jorge Amado influenciou sua carreira? “Sou do interior da Bahia, mas quando cheguei em Salvador nos anos 1960, só se falava em Jorge Amado. Quem não tinha lido ‘Capitães da Areia’ estava por fora. Jorge é tipo uma entidade, um orixá baiano. Quis trazer de volta a lembrança desse grande escritor brasileiro e mostrar para as novas gerações que estão se esquecendo dele.”
– É um apaixonado por literatura de cordel? “Muito. Já estão me chamando de cordelista. Desde 2009, quando escrevi ‘A História dos Novos Baianos’, bateu muito forte isso em mim. Meus shows estão repletos de declamações de poemas. Meu caminho na música agora está ligado à literatura de cordel. As pessoas adoram. Estou passando de cantor para cantador. O cantor está mais ligado aos shows, o cantador está enraizado na cultura, presencia a história e sua diversidade. Para mim, a ‘nordestinidade’ é muito forte, o baião, o samba. É um liquidificador cultural.”
– Já pensou em voltar a morar na Bahia? “Moro no Rio há muito tempo. São Paulo, só bate e volta. Bahia é nossa terra mãe, onde nasceu o Brasil. Nós baianos somos muito bairristas, mas para trabalhar com música é melhor estar no Rio.”
– Há alguns anos você criticou o Carnaval e o governo baiano, dizendo que é festa elitizada. Está de volta desde 2010. A briga é coisa do passado? “Está tudo bem. Fiz as pazes com o Carnaval baiano. Agora saio todo ano com o meu trio elétrico, mas é um espaço para todo mundo, na pipoca mesmo, sem corda, sem abadá. O que tinha para falar eu falei, mas continua a mesma coisa, todos aqueles blocos e camarotes… Mas quero fazer minha parte. Minhas músicas ainda estão muito vivas no Carnaval. Estou cumprindo minha missão.”
– Depois do susto da última semana, está bem de saúde, Moraes? “Tive uma gastrite, uma coisinha de nada. Vou continuar com ‘Acabou Chorare’, trabalhando sempre.” (Por Thayana Nunes)
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