Por Eloá Orazem para a Revista Poder de Novembro
O monge Haemin Sunim fala uma língua universal: suas mensagens, independentemente do idioma, são facilmente compreendidas por leitores e fãs do mundo todo. Aos 43 anos, o religioso sul-coreano ganhou projeção internacional por compartilhar pílulas de sabedorias em suas redes sociais, que são acompanhadas e consumidas por milhões de pessoas – só no Twitter o monge conta mais de 1,2 milhão de seguidores.
Em 2012, Sunim lançou em seu país de origem o livro “As Coisas que Você Só Vê Quando Desacelera”, que rapidamente conquistou o topo da lista dos mais vendidos e ali assentou acampamento por quase um ano, vendendo aproximadamente 3 milhões de cópias.
A obra, que fala de mindfulness, paixão e da importância de levar uma vida mais sossegada, chegou às livrarias brasileiras pelas mãos da Sextante, que aposta no sucesso do título, a julgar pelas próprias palavras do autor, que concedeu entrevista a PODER. “Acho que as pessoas estão desejando profundamente a paz interior e a simplicidade, sobretudo nestes tempos complexos e agitados. Às vezes basta que mudemos a perspectiva em relação ao mundo. À medida que afrouxamos nossas resistências internas, redescobrimos a alegria e a harmonia”, diz Sunim. O diagnóstico do monge para o século 21 é simples, mas contundente: “Com a ampliação do capitalismo, as pessoas se tornaram mais ocupadas, solitárias e estressadas”, completa.
Modelos econômicos à parte, as variáveis dos relacionamentos não são perecíveis e, de acordo com o monge, é por isso que pessoas ainda leem os clássicos, como Shakespeare. O religioso acredita que há muitas razões que nos fazem sofrer em um relacionamento ruim, mas duas das mais importantes são o fato de a gente “querer experimentar a felicidade ao controlar o comportamento de outra pessoa” e a de “nos recusarmos a enxergar uma determinada situação sob a perspectiva do outro”.
Essa temática facilmente aplicada em qualquer sociedade e em qualquer momento faz com que Haemin Sunim receba convites para palestras e entrevistas em diferentes partes do mundo, sempre com muito interesse do público.
O contato direto com os leitores dá ao sul-coreano a matéria orgânica de que carece para escrever novos livros, já que histórias reais são declaradamente sua maior fonte de inspiração. “Acho importante que guias espirituais estejam em contato com problemas da vida real, em vez de exclusivamente buscar diálogos com o divino.”
Essa troca e interação “de carne e osso”, aliás, é possivelmente o melhor antídoto contra a depressão, ainda de acordo com Sunim. “Com o advento do smartphone, estamos constantemente conectados pelas mídias sociais, mas desconectados como seres humanos. Essas relações on-line são superficiais, unilaterais e insatisfatórias. Paralelo a isso, o maior número de informação que recebemos graças à internet nos deixa ansiosos e preocupados”, pontua.
Embora suas reflexões não sejam nenhuma novidade para a maioria de seus leitores, o sucesso de seus compartilhamentos tem a ver com a verdade que ressoa na alma de cada um – e estamos carentes de experiências profundas e significativas.
Com respeito e humildade, além de belos exemplos, o texto fácil do monge não tem outra pretensão senão essa, de nos convidar a viver o agora. E, de preferência, sem muita pressa.
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