Lembra da confusão envolvendo a Dolce & Gabbana e a China que rolou no fim do ano passado por causa de uma campanha considerada racista que a maison italiana lançou na época? Pra quem está por fora do bafão, basta dizer que o pessoal responsável pelo marketing da marca homônima criada por Domenico Dolce e Stefano Gabbana achou que seria uma ótima ideia gravar um comercial mostrando uma modelo chinesa comendo cannolis, aquela sobremesa típica da Itália, com hashis, os famosos talheres de madeira tão usados em países orientais, dando a impressão de que os chineses são um povo sem cultura e sem refinamento para comer comidas estrangeiras.
Estereótipos à parte, a top que aparece no filminho, a chinesa Zuo Ye, deu uma entrevista nessa semana para a rede americana de televisão “CNN” na qual finalmente falou sobre a controvérsia que afirmou ter arruinado sua carreira. E ela culpou os dois bambambãs da moda italiana por isso. “Fui alvo de ataques virtuais e recebi até ameaças de morte por causa de tudo isso”, reclamou a bela, que desde então não recebeu mais ofertas de emprego. “Nunca foi minha intenção desrespeitar meu país, tenho muito orgulho de ser uma representante chinesa nas passarelas internacionais. Eles [Domenico e Stefano] causaram isso”, completou.
Ye, que é formada em agricultura familiar pela South China Agricultural University, contou ainda que de fato se sentiu um pouco desconfortável durante a gravação do trabalho, feita em Milão meses antes do lançamento. “O diretor pediu várias vezes pra eu dar aqueles sorrisos de orelha a orelha e ao mesmo tempo colocar a mão sobre a boca”, relembrou. “Até a comida que davam pra gente nos sets de filmagens era estranha, e sempre vinha acompanhada de palitos enormes que eu nem conseguia usar direito”. E olha que Ye não está sozinha nessa bad, uma vez que a D&G sofreu e continua sofrendo muito em razão do episódio.
Como Glamurama contou quando tudo aconteceu, a gigante do comércio online YOOX NET-A-PORTER decidiu tirar os produtos assinados por Domenico e Stefano de todos os sites que mantém, inclusive o Net-a-porter.com, o Mr. Porter e o Yoox.com. E isso sem falar que muitas lojas físicas deles em território chinês se tornaram alvos de produtos que muitas vezes nem as polícias locais dão conta de controlar. O tiro no pé foi tão grande que eles precisaram contratar uma empresa responsável pelo gerenciamento de crises, a fim de fazer as pazes os clientes chineses, que estão justamente entre os maiores fãs das criações da dupla. (Por Anderson Antunes)