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A moda africana é única e o mundo tem descoberto a sua beleza e seus significados a cada dia que passa. Os estilistas do continente – destaque para as designers Adama Ndiaye, do Senegal, e Busayo Olupona, da Nigéria –  já são queridinhos de celebridades como Beyoncé e Madonna, por exemplo. Com criações originais, repletas de cores, estampas e modelagens volumosas, o mundo tem se rendido à beleza das produções africanas. Quando esse DNA chega ao Brasil, onde 54% da população é composta por pessoas negras, toda essa ancestralidade se transforma na moda afro-brasileira, enriquecendo nossa cultura e oferecendo códigos de autoafirmação.

Cada vez mais presente na cena fashion nacional, ela tem se tornado motivo de orgulho e símbolo de resistência contra o racismo e a discriminação. Afinal, moda também é sobre identidade e política. A seguir, confira três marcas de moda afro-brasileira para manter no radar.

Isaac Silva Brand

Um dos estilistas mais hypados do momento, o baiano Isaac Silva é formado em Design e Gestão de Moda e tecnólogo em produção de vestuário. Antes de lançar sua própria label de moda afro-indígena brasileira em abril de 2015, trabalhou em marcas e fashion weeks como sempre sonhou. “Nunca quis ter a minha própria marca, ser empresário, mas o mercado não me absorveu”, revelou em entrevista exclusiva ao Glamurama. “Quando decidi abrir a Isaac Silva, precisei traçar um plano de negócios e foi aí que percebi como o universo fashion pode ser um lugar preconceituoso e hostil. Mas a moda em si é perfeita e não pode levar essa culpa. O problema está nas pessoas erradas que estão à frente das marcas, e do mercado como um todo”.

Dono de peças superautorais, que chamam atenção pela ousadia, mistura de estampas e modelagens nada óbvias, Isaac conta que todas as referências tão fortes em sua marca, sempre estiveram presentes dentro dele. “Como uma pessoa negra, queer e do Nordeste, já trago em mim todas essas questões. Não tinha como ter uma marca com o meu nome e não tratar disso. Percebia que faltava representatividade da cultura afro e indígena na moda produzida aqui e decidi seguir este caminho. Afinal, sobre cultura branca a gente já sabe demais. África é muito Brasil, principalmente Bahia, Salvador. Nosso país tem cor, é alegre! Eu trago isso para a estamparia da marca junto com referências à cultura afro e indígena. Quando isso acontece, todo mundo só tem a ganhar!”, afirmou Isaac. Viva!

Baobá-Brasil

Lançada em dezembro de 2006, a Baobá-Brasil é uma marca afro-brasileira, autoral e cosmopolita que fala da África a partir da perspectiva brasileira e das vivências de Tenka Dara, diretora criativa da label. As peças cheias de identidade são inspiradas na diversidade cultural africana, não só no continente, mas também na população que se espalhou pelo mundo, a diáspora africana. “Através das nossas roupas, falamos da África viva, dessa cultura que é dinâmica, com muitos encontros e transformações”, explica Tenka ao relembrar seu primeiro contato com a capulana, tecido típico africano, em 2005, lá em Moçambique: “Eles têm uma vibração de cores que a gente não costuma ver aqui no Brasil, são tons contrastantes que se encontram em estampas muito diversas. Me apaixonei por eles e decidi que queria fazer alguma coisa com isso. Hoje, os tecidos que utilizamos na Baobá são 100% algodão e importados”.

Para Tenka, a marca é como um veículo de comunicação de valores culturais africanos e ancestrais: “Eu acredito na moda como instrumento de empoderamento pessoal e coletivo. Quando a gente se afirma no mundo com a nossa identidade e cultura, contagiamos outras pessoas.” Como uma marca com bandeiras muito bem estabelecidas, como o antirracismo, o feminismo, o respeito às diferenças e a inclusão, as roupas da Baobá-Brasil são para todos que acreditam na pluralidade, na diversidade e que defendem os direitos das minorias. “Todo mundo que se identifica com essas lutas e trabalha de diferentes formas para a construção de uma sociedade mais justa é bem-vindo!”, finaliza a diretora criativa.

Zkaya

A Zkaya nasceu em julho de 2016 depois de um incômodo muito profundo e um processo pessoal de identificação como mulher negra da Laís, que acabou ficando mais conhecida como Laís Zkaya. Formada em Design de Moda e com curso técnico em Design, a mente criativa por trás da label já atuava no mercado fashion antes de se jogar no empreendedorismo, mas nunca se sentiu pertencente a este universo. “A moda é muito excludente, né? Só falamos de uma moda eurocentrada e não pensamos em povo, brasilidade ou identidade. Em 2016, decidi criar alguma coisa que fosse minha, algo com o que eu me reconhecesse, e comecei a produzir estampas inspiradas nos tecidos africanos, mas com a minha personalidade. Até hoje, são elas, as estampas, que definem a Zkaya como marca”, explicou Laís ao Glamurama.

“Eu vejo a moda afro-brasileira como uma reafirmação da identidade que ajudou a construir essa nação. Ela vem principalmente de pessoas que não se enxergavam na moda oferecida pelo mercado e queriam algo que trouxesse identidade para elas. São pessoas que se sentem incomodadas, querem ser vistas e representadas. Ela vem desse lugar de ausência e de não pertencimento”, reflete a diretora criativa ao ser questionada sobre o que define a Zkaya como uma marca de moda afro-brasileira, mas alerta: “Isso não é um conceito fechado, preciso pesquisar muito ainda”.

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