Expert em escândalos simplesmente por já ter protagonizado vários e atualmente em uma fase deboísta, Mel Gibson vê com bons olhos o fato de que casos de assédio e abuso sexual que há anos eram escondidos embaixo do tapete em Hollywood finalmente estão vindo à tona. Foi o que ele disse em entrevista para o “The Guardian”, do Reino Unido, onde esteve recentemente para participar do lançamento em solo britânico da primeira comédia que estrela em mais de uma década, “Pai em Dose Dupla 2”, que rolou em um cinema de Londres na quinta-feira.
Gibson, que já foi acusado, entre outra coisas, de misoginia e antissemitismo, acredita que essas revelações podem trazer uma dor momentânea, mas no fim todos sairão ganhando com a experiência. “As coisas [em Hollywood] foram abaladas um pouco e há muita luz sendo jogada em lugares onde antes havia sombra, e isso é um pouco saudável. É um precursor de mudanças”, o ator disse no bate-papo que o jornal publicou nesta terça-feira.
Pra quem não lembra, o astro de filmes como “Eternamente Jovem” e “Coração Valente” deu o que falar em 2010 depois do vazamento de gravações nas quais aparece ameaçando sua então namorada, Oksana Grigorieva, de agressão física e até de morte. Anos antes, em 2006, ele foi detido por dirigir embriagado na Califórnia e durante uma discussão com um policial acusou os judeus de serem responsáveis “por todas as guerras no mundo”.
Depois de um período na geladeira por causa desses e outros episódios, Gibson voltou a brilhar no ano passado com o filme “Até o Último Homem”, que dirigiu. A produção faturou mais de US$ 175 milhões (R$ 569,8 milhões) nas bilheterias internacionais e recebeu seis indicações ao Oscar, inclusive Melhor Diretor, e acabou levando as estatuetas de Melhor Edição de Som e Melhor Edição. A boa recepção ao longa tem sido interpretada desde então como uma espécie de perdão dos pares dele no cinema, e também de seus fãs. (Por Anderson Antunes)