Em um momento tão difícil como o que estamos vivendo, em meio à pandemia do coronavírus, que só no Brasil vitimou quase 68 mil pessoas, se torna ainda mais difícil lidar com a morte. Mas aí existem profissionais especializados em tornar esse processo menos traumático. É o caso da Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, médica geriatra, especialista em cuidados paliativos e suporte ao luto, convidada de Joyce Pascowitch em live muito esclarecedora.
Lidando diariamente com pacientes em fase terminal de alguma doença, Ana Claudia explica que esse processo vai muito além de uma habilidade técnica:”Muita gente pensa que você vai escolher se comportar de uma forma humana ou técnica. Você pode unir os dois, sempre reconhecendo que a família tem um processo de sofrimento”.
Ainda sobre o luto, Ana explica: “Muita gente precisa de um prazo para estabelecer a normalidade. O processo de luto começa no dia que você perde a pessoa, e esse processo é pra sempre. A fase mais dolorosa, mais desafiadora, acontece no primeiro ano, quando você vai passar pela primeira vez por datas importantes sem a presença física de quem se foi. A pessoa vai transformar o vínculo concreto em algo simbólico. Quando você transforma esse vínculo, ocorre um processo de renascimento da pessoa que morreu. Você sai da dor e entra na saudade, começa a sorrir quando lembra dela”.
E como abordar o tema morte com as crianças? Até que ponto isso é saudável? “É importante interagir com a realidade junto da criança e não tentar protegê-la do sofrimento da perda”, ensina a médica, que aproveita para falar de velórios e enterros virtuais, que ganham cada vez mais espaço, especialmente nessa quarentena: “Existem rituais virtuais belíssimos, com depoimentos de familiares e amigos, permitindo que pessoas que não poderiam participar presencialmente estejam unidas. Não é porque é virtual que tem menor valor. É um recurso tecnológico usado para estar perto das pessoas. É a possibilidade nesse momento. E pode se tornar uma possibilidade também quando a pandemia passar”.
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